A última semana do Tempo Pascal, entre as
solenidades da Ascensão do Senhor e Pentecostes, é marcada em todas as Igrejas
no Hemisfério Sul da Terra pela Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. No
Hemisfério Norte esta mesma semana se realiza no mês de janeiro de cada ano.
Neste ano, entre nós, a Semana de 12 a 19 de maio é toda dedicada a esta Oração
pela Unidade dos Cristãos.
Poderíamos perguntar: Por que esta semana de
oração pela unidade dos cristãos?
A resposta nos vem não apenas de um preceito dado
por Jesus, mas por um exemplo pessoal seu.
Tomemos o Evangelho segundo São João no seu
capítulo 17. O que aí encontramos? Uma oração de Jesus, a última no final de sua
Santa Ceia de despedida dos discípulos antes da Paixão e Morte, da Ressurreição
e Ascenção ao Céu, como Seu verdadeiro Testamento.
Jesus reza ao Pai pela unidade, pela comunhão de
seus discípulos. E coloca como medida desta unidade, Sua própria comunhão com o
Pai Celeste no Espírito Santo que lhes será dado.
Jesus tinha dado o Mandamento Novo e Seu: “Isto é
que vos mando: amai-vos uns aos outros como eu vos amei.” (Jo 15,12. 17.)
Já neste mandamento Jesus coloca uma medida de
amor que será pedida de seus discípulos: como eu vos amei.
Agora, em sua oração voltada ao Pai, Jesus já não
pede aos discípulos que obedeçam ao Seu Mandamento, mas pede ao Pai que realize
a medida do Amor entre os discípulos – unidade divina.
E ainda, como Jesus tinha mostrado aos seus a
condição de reconhecimento de seu discipulado, na vivência do amor na medida de
Jesus (cf. Jo 13, 35), agora pede ao Pai que os una no Seu Amor, para que o
mundo creia (cf. Jo 17, 21).
O amor que une os discípulos de Jesus é seu
distintivo, é sua característica, é seu testemunho diante do mundo.
E os cristãos estamos divididos!
Poderemos nos conformar com isso?
Como Jesus rezou no momento supremo para que seus
discípulos não ficassem sós, mas amparados pelo Pai e sob a ação do Espírito
Santo superem todas as barreiras e divisões. Assim se manifestará plenamente a
obra de Jesus, obra pela qual se doou totalmente até a última gota de sangue e
de água de Seu Coração traspassado pela lança do soldado que conferia sua morte.
(cf. Jo 19, 34).
Para que se realize a unidade dos cristãos em
plena comunhão no Senhor, será necessário mais que os esforços humanos de
superação de suas diferenças. Para que a unidade se realize será preciso que a
faça acontecer o próprio Deus, encontrando corações realmente disponíveis a Ele.
E quanto mais formos autênticos discípulos de Cristo, mais estaremos unidos
entre nós, de união verdadeira, na mesma vida divina da qual o Senhor nos faz
participar.
Por isso somos chamados a rezar pela unidade dos
cristãos, semente e instrumento para a unidade de todo o gênero humano.
E é esse o desejo de Deus!
Rezamos para estarmos disponíveis à ação divina
que nos arrebata em Seu Amor e faz de toda a humanidade Sua Família.
Neste ano, somos chamados a rezar pessoalmente,
em nossas famílias e em nossas comunidades, Igrejas, com a oração do próprio
Jesus (cf. Jo 17), abrindo-nos à superação de todas as divisões, em verdadeira
comunhão de vida e de fé.
Rezamos sintonizados todos nesta semana, mas esta
oração penetrará em nossa vida e continuará sempre a nos chamar ao exercício do
amor comunhão dos discípulos de Cristo.
E assim será aberto o caminho para nos unirmos em
nossa própria comunidade de fé, entre todos, sem distinção de pessoas, como
irmãos em Cristo. Assim os cristãos todos, encontraremos mais o que nos une em
Cristo do que nos divide. Assim a paixão do próprio Cristo pela unidade de todos
nos fará viver a fraternidade universal além que qualquer distinção que
tenhamos.
E o grande milagre, que só poderá ser realizado
por Deus, acontecerá: “Haverá um só rebanho e um só Pastor”. (Jo 10, 16)
+ José Antonio Aparecido Tosi
Marques
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza
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