quinta-feira, 28 de março de 2013

Lava-pés: colocar-se a serviço de modo humilde, dos mais humildes

RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - Na tarde desta Quinta-Feira Santa, Papa Francisco celebra a Santa Missa da Ceia do Senhor no Instituto Penal para Menores de Casal del Marmo. Esta Missa é caracterizada pelo rito do Lava-pés.

Celebrando no Instituto Penal para Menores, Francisco dá assim continuidade a uma tradição que assumiu quando ainda sacerdote. Em Buenos Aires, Bergoglio costumava celebrar esta Missa em prisões ou casas para pobres e marginalizados.

Para uma reflexão sobre o significado deste gesto, nós contatamos o Bispo responsável pela Pastoral Carcerária, Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes, em São Paulo:

A Semana Santa é um momento tão importante na vida da Igreja, um momento tão importante para a vida dos cristãos católicos. É um retiro espiritual, como se costuma dizer. Celebramos os principais mistérios das passagens da vida do Cristo e o mistério da salvação: a paixão, a morte e a ressurreição do Senhor – o tríduo pascal é assim a maior festa litúrgica da Igreja Católica durante o ano.

Na Quinta-feira Santa, o Evangelho traz o texto do Lava-pés, ou seja, no fundo é a Igreja querendo ensinar que quem entendeu o significado da eucaristia deixado por Jesus, memorial da Páscoa, da Nova Aliança, quem celebra a eucaristia tem que se colocar a serviço e a serviço de modo humilde, e a serviço dos humildes e dos pequenos. E aí que entra a proclamação do Evangelho de João, capítulo 13, que é o texto do lava-pés – esta passagem tão bonita de Jesus, que antes de entregar sua vida quis realizar este gesto. Gesto simples, mas ao mesmo tempo tão contundente a ponto de S. Pedro não entender. Ou seja, quem celebra a eucaristia tem que se colocar a serviço, a serviço do mais humilde.

Este ano, a Festa da Páscoa coincide com a chegada de Francisco. Este Papa que nos surpreendeu vindo da América Latina, nos surpreendeu pelo nome que escolheu – é a primeira vez que um Papa se chama Francisco, evocando a figura de S. Francisco de Assim, que mais do que ninguém foi o santo que lavou mesmo os pés: ele foi abraçar o leproso, foi ao encontro dos mais pobres. Então tudo coincide e mais ainda o fato de que o Papa Francisco escolheu lavar os pés de jovens que estão privados da liberdade, em recuperação. Isso será um gesto muito profético. Vamos aprender com tudo isso, vamos aprender com o gesto de Jesus, que se repete na Igreja, e ao qual todos nós, cristãos, somos chamados a realizar e que o Papa Francisco está evidenciando.

E quando se trata da situação dos presos, dentro daquele espírito do Evangelho de Mateus, ‘estive preso e me visitaste’ – quando se fala desta situação, estamos diante da situação social mais grave. Porque uma coisa é socorrermos uma criança indefesa, todos nós gostamos de fazer isso, outra coisa é ir ao encontro daqueles que um dia praticaram atos contra a sociedade e que vivem numa situação muito precária, muito desafiadora.

(BF)

Francisco na Missa do Crisma: “Ser pastor é sentir o cheiro das ovelhas”

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco celebrou na manhã desta Quinta-feira Santa, que abre o Tríduo Pascal, a Missa do Crisma na Basílica Vaticana.

Em sua homilia, falou da simbologia dos ungidos, seja na forma, seja no conteúdo. A beleza de tudo o que é litúrgico, explicou, não se reduz ao adorno e bom gosto dos paramentos, mas é presença da glória do nosso Deus que resplandece no seu povo vivo e consolado.

“O óleo precioso, que unge a cabeça de Aarão, não se limita a perfumá-lo, mas se espalha e atinge «as periferias». O Senhor dirá claramente que a sua unção é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados. A unção não é para perfumar a nós mesmos, e menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso... e o coração amargo.”

Para Francisco, o bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo: “Nota-se quando o povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia. O nosso povo gosta do Evangelho quando é pregado com unção, quando o Evangelho que pregamos chega ao seu dia a dia, quando escorre como o óleo de Aarão até às bordas da realidade, quando ilumina as situações extremas, «as periferias» onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé”.

Ser sacerdote é estar nesta relação com Deus e com o seu povo, pois assim a graça passa através dele para ser mediador entre Deus e os homens. Esta graça, todavia, precisa ser reavivada, para intuir o desejo do povo de ser ungido e experimentar o seu poder e a sua eficácia redentora: “Nas «periferias» onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus”.

Não é nas reiteradas introspecções que encontramos o Senhor, adverte o Pontífice, nem mesmo nos cursos de autoajuda. O poder da graça cresce na medida em que, com fé, saímos para nos dar a nós mesmos oferecendo o Evangelho aos outros, para dar a pouca unção que temos àqueles que nada têm.

“O sacerdote que sai pouco de si mesmo, que unge pouco, perde o melhor do nosso povo, aquilo que é capaz de ativar a parte mais profunda do seu coração presbiteral. Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor. Daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, em vez de serem pastores com o «cheiro das ovelhas», pastores no meio do seu rebanho, e pescadores de homens.”

Para enfrentar a crise de identidade sacerdotal, que se soma à crise de civilização, Papa Francisco convida a lançar as redes em nome Daquele em que depositamos a nossa confiança: Jesus.

E conclui: “Amados fiéis, permanecei unidos aos vossos sacerdotes com o afeto e a oração, para que sejam sempre Pastores segundo o coração de Deus. Amados sacerdotes, Deus Pai renove em nós o Espírito de Santidade com que fomos ungidos, o renove no nosso coração de tal modo que a unção chegue a todos, mesmo nas «periferias» onde o nosso povo fiel mais a aguarda e aprecia”.
(BF)

NOSSA PÁSCOA

Os dias da Semana Santa nos oferecem uma boa oportunidade para refletirmos sobre o que sustenta nossa vida, dá sentido a nossa existência e abre perspectivas novas, baseadas numa profunda esperança.

             Qual o sentido da Quinta-Feira Santa? Chama nossa atenção para a humildade, que tem sua expressão mais evidente no serviço, quer dizer, no ato de sermos servidores uns dos outros. O lava-pés não poderá restringir-se a um belo ato litúrgico. Quando Jesus diz “Eu lavei os seus pés, por isso vocês devem lavar os pés uns dos outros” (J. 13, 14.15), Ele não está querendo instalar uma cerimônia, e sim deseja suscitar, entre os seus discípulos e todos os seus seguidores, uma nova maneira de ser, uma atitude de vida, o jeito de servir, que, por sua vez, vai sustentar a sobrevivência da vida da raça humana e de toda a criação.

            Qual o sentido da Sexta-Feira Santa? Chama nossa atenção para a entrega, a doação, que é o ato sublime do serviço. O serviço, prestado por Jesus à humanidade, mostra sua fidelidade irrestrita ao amor que doa a todo ser humano. Interessante é observar as três Marias (a mãe, Maria de Cléofas e Maria Madalena) que se encontram aos pés da cruz, junto com o discípulo predileto (cf. J. 19, 25-27). Estas quatro pessoas representam todos aqueles que são fiéis a Jesus, até o suplício. E ser fiel a Jesus só pode significar entregar-se ao outro sem restrições. Esta entrega, esta doação é o serviço que vai sustentar a sobrevivência da raça humana e de toda a criação.

            Qual o sentido da Vigília Pascal? Chama nossa atenção para a perspectiva definitiva da vida. Como entender esta vida? Em outro momento, Jesus já se referiu a ela, falando em “vida em abundância” (J. 10, 10). Agora, esta vida em abundância só poderá se realizar, se estivermos dispostos a viver o serviço mútuo como entrega total ao outro e à outra. É desta sobrevivência da qual a raça humana e toda a criação devem ter sede.

Desta forma o círculo fechou: serviço em forma de doação para gerar vida.

 Aqui não se trata de uma pregação de igreja ou de uma ou outra forma de cristianismo, pois esses valores, para os quais Jesus chama a nossa atenção, são universais, atemporais, ultrapassando todos os limites, barreiras, infiltrando todas as culturas e pensamentos que propõem vida. Tratam, portanto, da maneira única da humanidade e de toda a criação garantirem seu futuro, tornando-se respiráveis e sobreviventes.

 Cremos que Páscoa seja isso. É só nesta Páscoa do Serviço e da Doação que a Paz vai invadir nossas vidas e todas as formas de vida em nosso planeta.

 Vivemos, nestes dias pascais, um momento bonito ao percebermos o jeito simples com o qual Papa Francisco se relaciona com as pessoas. Na medida em que está deixando de lado pompas e circunstâncias, ele se aproxima mais do jeito serviçal do qual fala o Evangelho. Embora não tenha participado do Concílio Vaticano II, o Papa Francisco, como cardeal-arcebispo de Buenos Aires, já vivia aquele mesmo espírito tão presente em bispos, como Dom Helder e Dom Fragoso, que passavam a morar em casas humildes, vestiam-se de forma mais simples, usavam transportes populares etc. ., testemunhando a virtude da simplicidade do Evangelho através de sua própria vida. O gesto deles fazia um bem tremendo à Igreja. O jeito de ser do Papa Francisco ajudará também, por certo, a Igreja tornar-se um pouco mais Igreja de Cristo.

Porém, não deixemos de ter a consciência de que a Igreja não se resume no Papa e que ele sozinho não vai conseguir dar outro rosto a ela, pois “uma andorinha só não faz verão”. Assumamos, cada um(a) no seu canto, a nossa responsabilidade, pois mudar a Igreja é um trabalho a ser realizado em mutirão!

 Mas, a esperança está viva e vida nova na Igreja é possível acontecer. A “primavera”, com a qual o Papa João XXIII tanto sonhava, poderá tornar-se realidade por um tempo bastante longo, se Deus quiser!

 Cremos que Páscoa também seja isso: viver a esperança, sempre!

 QUE A PÁSCOA DE TODAS E TODOS ESTEJA REPLETA

DE ESPERANÇA E VIDA!

                 Coordenação do Movimento das Famílias dos Padres Casados  (MFPC)– Ceará,
    Claudete e Geraldo, Rosa e Carlos, Margarida e Aroldo

Quinta-feira Santa: Sacerdócio, eucaristia e humildade

A Quinta-feira, dia que marca o fim da Quaresma e o início do Tríduo Pascal, reúne três importantes celebrações: a instituição do sacerdócio, da Eucaristia e a missa do lava-pés; todas elas em referência as palavras e gestos de Cristo, durante a última ceia.
Em Seus derradeiros momentos junto aos discípulos, Jesus os convida a emprestar seus olhos, boca, ouvidos, mãos, pés e o coração na continuação da missão redentora. Em lembrança à instituição do sacerdócio, na Quinta-feira Santa, as Igrejas se reúnem em torno do Bispo, como ovelhas junto ao pastor do rebanho. Na ocasião, é realizada também a benção dos Santos Óleos.
As Escrituras sobre a Ceia do Senhor são também a mais antiga descrição da instituição da Eucaristia, pela qual Jesus estabeleceu uma nova aliança, sinalizada pelo pão e vinho, o seu Corpo e o seu Sangue, que perpetua Sua presença entre os cristãos. A entrega completa e fiel, em favor da salvação da humanidade, é ilustrada no lava-pés.
O Verbo Encarnado se ajoelha à frente dos apóstolos e lava os seus pés para lhes ensinar que a vida cristã deve ser fundamentada na dimensão do serviço. As celebrações da Quinta Santa se encerram com o desnudamento completo do altar; cruzes, castiçais e toalhas são retiradas e as imagens cobertas. É o início do luto.
Fonte: Assessoria de Imprensa do Santuário Basílica

Papa pede padres próximos do povo

Francisco celebrou primeira missa crismal no Vaticano com cerca de 1600 membros do clero

 Cidade do Vaticano, 28 mar 2013 (Ecclesia) – O Papa Francisco presidiu hoje pela primeira vez à missa crismal no Vaticano, que reuniu cerca de 1600 membros do clero, e pediu que os padres estejam próximos do “povo”, em particular nas “periferias” humanas.
“É preciso experimentar a nossa unção, com o seu poder e a sua eficácia redentora: nas «periferias» onde não falta sofrimento, há sangue derramado, há cegueira que quer ver, há prisioneiros de tantos patrões maus”, disse, na homilia que proferiu na Basílica de São Pedro.
Segundo o Papa, é necessário que os padres estejam atentos às “situações extremas, ‘as periferias’ onde o povo fiel está mais exposto à invasão daqueles que querem saquear a sua fé”.
“Quando envergamos a nossa casula [veste litúrgica] humilde pode fazer-nos bem sentir sobre os ombros e no coração o peso e o rosto do nosso povo fiel, dos nossos santos e dos nossos mártires, que são tantos neste tempo”, acrescentou.
A cerimónia desta manhã, que se repete nas catedrais de todo o mundo, inclui a bênção dos óleos dos catecúmenos e dos enfermos e consagrado o óleo do crisma, utilizado na celebração de vários sacramentos.
“O bom sacerdote reconhece-se pelo modo como é ungido o seu povo, esta é uma prova clara. Nota-se quando o nosso povo é ungido com óleo da alegria; por exemplo, quando sai da Missa com o rosto de quem recebeu uma boa notícia”, observou.
Francisco partiu da simbologia dos óleos para sublinhar que a sua unção “é para os pobres, os presos, os doentes e quantos estão tristes e abandonados”.
“A unção não é para nos perfumarmos a nós mesmos, menos ainda para que a conservemos num frasco, pois o óleo tornar-se-ia rançoso e o coração amargo”, alertou.
O Papa argentino voltou a insistir na urgência de “sair” ao encontro dos outros e deixou um aviso aos padres: “Quem não sai de si mesmo, em vez de ser mediador, torna-se pouco a pouco um intermediário, um gestor”.
“A diferença é bem conhecida de todos: o intermediário e o gestor ‘já receberam a sua recompensa’. É que, não colocando em jogo a pele e o próprio coração, não recebem aquele agradecimento carinhoso que nasce do coração e daqui deriva precisamente a insatisfação de alguns, que acabam por viver tristes, padres tristes, e transformados numa espécie de colecionadores de antiguidades ou então de novidades”, assinalou.
A homilia papal comparou os sacerdotes católicos a pastores que devem ter o “cheiro das ovelhas” e estar “no meio do seu rebanho”.
“É verdade que a chamada crise de identidade sacerdotal nos ameaça a todos e vem juntar-se a uma crise de civilização; mas, se soubermos quebrar a sua onda, poderemos fazer-nos ao largo no nome do Senhor e lançar as redes”, declarou.
O Papa Francisco vai celebrar esta tarde a primeira missa do Tríduo Pascal num centro de detenção para menores, em Roma, celebração na qual lavará simbolicamente os pés a 12 jovens de várias nacionalidades e religiões.
OC
Fonte: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=94969

domingo, 24 de março de 2013

Papa Francisco deve estender mudanças à Cúria

A espontaneidade do papa Francisco nos primeiros dias de pontificado está exigindo uma adaptação rápida do cerimonial, da diplomacia e da segurança do Vaticano a um comportamento informal e imprevisível. As surpresas deverão ser maiores a partir do momento em que ele mexer na estrutura das congregações, comissões, conselhos e outros órgãos menores da Cúria Romana, até agora sem alterações.
A reforma do governo central da Santa Sé é uma reivindicação dos cardeais, manifestada tanto em declarações públicas como nas sessões preparatórias do conclave. É certo que começará pela Secretaria de Estado, presidida pelo cardeal Tarcísio Bertone, que deverá ser substituído.
Ao contrário de Bento XVI, que anunciou a nomeação de novos auxiliares imediatamente após ter sido eleito, em 2005, Francisco preferiu manter interinamente toda a equipe do pontificado anterior, para depois fazer uma reestruturação em bloco. Os atuais prefeitos continuam nos cargos, mas sem saber se serão reaproveitados.
Daí o silêncio de alguns cardeais, enquanto não sai a reforma. O brasileiro João Braz de Aviz, prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, crítico da Cúria nas reuniões pré-conclave, foi muito arredio à imprensa antes da eleição de Francisco e continuou discretíssimo depois, sob a alegação de que, nesse momento, era prudente nada falar.
Não se sabe como será a nova equipe de Francisco, mas pode-se imaginar que ele vá inovar, mesmo que convoque auxiliares de diferentes tendências. O cardeal-arcebispo de São Paulo, d. Odilo Scherer, que foi muito cotado nas apostas para a sucessão de Bento XVI, poderá ser chamado para assumir uma congregação.
Segurança
Os agentes responsáveis pela proteção do pontífice e a polícia italiana, que age em parceria com o esquema da Santa Sé, levaram já alguns sustos, quando o papa argentino fugiu das normas, exigindo deles uma reação improvisada. Por exemplo, na Igreja de Sant'Ana, onde Francisco saiu do ritual para cumprimentar os fiéis, que puderam abraçá-lo e conversar com ele. A segurança ficou aparentemente assustada, porque ainda sente o trauma do atentado sofrido por João Paulo II em 1981, enquanto ele percorria de papamóvel as passarelas da Praça São Pedro.
No plano pastoral, Francisco corresponde aos anseios daqueles que esperavam do conclave a escolha de um pastor. É comovente a decisão do papa de celebrar uma das cerimônias de Quinta-feira Santa lavando os pés de 12 internos, representando os apóstolos, numa casa de detenção de Roma.
Entre tantas novidades e surpresas, não se espere que Francisco altere normas da doutrina moral da Igreja. Questões como aborto, eutanásia, união de homossexuais, uso de contraceptivos e admissão à eucaristia de casais de segunda união continuarão intocáveis. Poderá haver, no entanto, maior elasticidade pastoral no acolhimento de católicos que enfrentam essas situações. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Papa “abraça o mundo” e convida a lutar juntos contra a pobreza e em prol da paz


papafco“O abraço do Papa ao mundo”: assim Francisco definiu a audiência esta manhã, na Sala Regia, no Vaticano, ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé.
“Por vosso intermédio, encontro os vossos povos e deste modo posso, em certa medida, alcançar cada um dos vossos concidadãos com suas alegrias, dramas, expectativas e desejos” – disse o papa no início do seu discurso, recordando a preocupação primordial da Santa Sé, isto é, o bem de todo o homem que vive nesta terra.
Nessa missão, afirmou o Pontífice, é bom poder contar com a amizade dos países acreditados, fazendo votos de que se inicie também um caminho com os poucos países que ainda não têm relações diplomáticas com a Santa Sé.
Como em outras ocasiões, o Papa voltou a falar dos motivos que o levaram escolher o nome Francisco: um dos primeiros é o amor que Francisco tinha pelos pobres.
“Ainda há tantos pobres no mundo! E tanto sofrimento passam estas pessoas! A exemplo de Francisco de Assis, a Igreja tem procurado, sempre e em todos os cantos da terra, cuidar e defender quem passa indigência e penso que podereis constatar, em muitos dos vossos países, a obra generosa dos cristãos que, deste modo, trabalham para construir sociedades mais humanas e mais justas.”
Mas há ainda outra pobreza, advertiu Francisco, que é a pobreza espiritual, que afeta gravemente os países considerados mais ricos. É aquilo que Bento XVI chama de “ditadura do relativismo”, que deixa cada um como medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens.
“E assim chego à segunda razão do meu nome. Francisco de Assis diz-nos: trabalhai por edificar a paz. Mas, sem a verdade, não há verdadeira paz. Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo do bem dos outros, do bem de todos, a começar da natureza comum a todos os seres humanos nesta terra.”
Ser Pontífice, explicou, é servir de ponte entre Deus e os homens, fazendo votos de que o diálogo entre a Santa Sé e os países ajude a construir pontes entre todos os homens, de tal modo que cada um possa encontrar no outro não um inimigo nem um concorrente, mas um irmão que se deve acolher e abraçar. Além disso, acrescentou, suas próprias origens impelem-no a trabalhar para construir pontes: “Como sabeis, a minha família é de origem italiana; e assim está sempre vivo em mim este diálogo entre lugares e culturas distantes”.
Neste trabalho, o Papa considera fundamental o papel da religião, já que não se podem construir pontes entre os homens esquecendo Deus; e vice-versa. “Por isso, é importante intensificar o diálogo entre as diversas religiões”, citando de modo especial o diálogo com o Islã e com os que não creem.
Lutar contra a pobreza, tanto material como espiritual, edificar a paz e construir pontes: este é o caminho para o qual Papa Francisco convida cada país. “Um caminho que será difícil, se não aprendermos a amar cada vez mais esta nossa terra. Também neste caso, me serve de inspiração o nome de Francisco: ele ensina-nos um respeito profundo por toda a criação, ensina-nos a guardar este nosso meio ambiente, que muitas vezes não usamos para o bem, mas desfrutamos com avidez e prejudicando um ao outro.” (BF)
Por Cidade do Vaticano (RV)

24 de março de 2013, Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques completou catorze anos na Arquidiocese de Fortaleza

domjose1Queremos neste dia em que começamos a Semana Santa, a semana maior do ano na vida da Igreja, não só dar-lhe nossos parabéns, mas agradecer-lhe por seu zelo e sabedoria, por seu testemunho e ações, por seu esforço de comunhão e participação no pastoreio da Arquidiocese de Fortaleza, esta porção do Povo de Deus que a ele foi confiada. O exercício do múnus episcopal na Igreja de Fortaleza, ele sempre o exerceu em comunhão com o colégio episcopal, tanto no Ceará como no Brasil, construindo e acolhendo quer as decisões regionais, quer as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora definidas pela CNBB; também, e não havia de ser diferente, sempre em perfeita comunhão com o Santo Padre, os papas João Paulo II, Bento XVI e, agora, Francisco.
Também tem governado a Igreja de Fortaleza com seus bispos auxiliares e vigários gerais e com os Conselhos desta Igreja – Presbiteral, Episcopal, Pastoral e Econômico – que têm funcionado, nestes catorze anos, com a sua presidência, em reuniões ordinárias, agendadas anualmente. Também escuta, quando necessário, o Colégio de Consultores.
Tem tido uma dedicação especial à formação dos seminaristas, nos três seminários da Arquidiocese – Propedêutico, Filosofia e Teologia – e na Faculdade Católica de Fortaleza. Já ungiu presbíteros mais de cem jovens desta Igreja nestes catorze anos.
No seu pastoreio podemos destacar entre muitas coisas – as principais delas, às vezes, não são vistas, pois é no segredo e no silêncio que se faz presente, sobremaneira, a ação de Deus – as seguintes ações e realizações:
• Diaconato permanente e Escola Diaconal;
• Fórum dos movimentos eclesiais – FAMEC – como um espaço de articulação dos serviços, movimentos, associações e comunidades novas;
• Fundo Arquidiocesano de Solidariedade;
• Fundo de sustentação dos Presbíteros;
• Redimensionamento das Regiões Episcopais, aumentando-as de seis para nove;
• Criação da Faculdade Católica de Fortaleza;
• Criação do Centro de Pastoral Maria, Mãe da Igreja;
• Criação de mais de cinquenta paróquias e áreas pastorais;
• Caminhada Penitencial, no terceiro domingo da Quaresma;
• Caminhada com Maria, na festa da Assunção de Nossa Senhora, padroeira de Fortaleza.
Na orientação pastoral, olhando a realidade cearense, auscultando a Palavra.
Por Miguel Brandão - Secretariado de Pastoral da Arquidiocese de Fortaleza

sábado, 23 de março de 2013


SEMANA SANTA NA REITORIA SÃO JUDAS TADEU


Dia 24 de março – Domingo de Ramos, celebraçõas as 07 horas, 17 horas e 19 horas.
Dia 26 de março - Liturgia penitencial - 19 horas.
Dia 27 de março - Missa - 19 horas.
Dia 28 de março – Quinta – Feira às19h, Missa da Ceia do Senhor – Lava-Pés. Das 20h as 22h - Adoração do Santissimo - Capela.
Dia 29 de março – Sexta – Feira 08h as 15h - Adoração do Santíssimo.  Ás 15h Celebração da Paixão e Morte do Senhor, presidida Monsenhor Oscar Peixoto.
Dia 30 de março – 19h, Solene Vigília Pascal, presidida pelo Monsenhor Oscar Peixoto.
Dia 31 de março – Domingo da Ressurreição - Celebrações as 07h, 17h e 19h.
Informações pelo telefone (85) 32871072, Reitoria São Judas Tadeu - Fortaleza - Ceará.

Papa “abraça o mundo” e convida a lutar juntos contra a pobreza e em prol da paz


papafco“O abraço do Papa ao mundo”: assim Francisco definiu a audiência esta manhã, na Sala Regia, no Vaticano, ao Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé.
“Por vosso intermédio, encontro os vossos povos e deste modo posso, em certa medida, alcançar cada um dos vossos concidadãos com suas alegrias, dramas, expectativas e desejos” – disse o papa no início do seu discurso, recordando a preocupação primordial da Santa Sé, isto é, o bem de todo o homem que vive nesta terra.
Nessa missão, afirmou o Pontífice, é bom poder contar com a amizade dos países acreditados, fazendo votos de que se inicie também um caminho com os poucos países que ainda não têm relações diplomáticas com a Santa Sé.
Como em outras ocasiões, o Papa voltou a falar dos motivos que o levaram escolher o nome Francisco: um dos primeiros é o amor que Francisco tinha pelos pobres.
“Ainda há tantos pobres no mundo! E tanto sofrimento passam estas pessoas! A exemplo de Francisco de Assis, a Igreja tem procurado, sempre e em todos os cantos da terra, cuidar e defender quem passa indigência e penso que podereis constatar, em muitos dos vossos países, a obra generosa dos cristãos que, deste modo, trabalham para construir sociedades mais humanas e mais justas.”
Mas há ainda outra pobreza, advertiu Francisco, que é a pobreza espiritual, que afeta gravemente os países considerados mais ricos. É aquilo que Bento XVI chama de “ditadura do relativismo”, que deixa cada um como medida de si mesmo, colocando em perigo a convivência entre os homens.
“E assim chego à segunda razão do meu nome. Francisco de Assis diz-nos: trabalhai por edificar a paz. Mas, sem a verdade, não há verdadeira paz. Não pode haver verdadeira paz, se cada um é a medida de si mesmo, se cada um pode reivindicar sempre e só os direitos próprios, sem se importar ao mesmo tempo do bem dos outros, do bem de todos, a começar da natureza comum a todos os seres humanos nesta terra.”
Ser Pontífice, explicou, é servir de ponte entre Deus e os homens, fazendo votos de que o diálogo entre a Santa Sé e os países ajude a construir pontes entre todos os homens, de tal modo que cada um possa encontrar no outro não um inimigo nem um concorrente, mas um irmão que se deve acolher e abraçar. Além disso, acrescentou, suas próprias origens impelem-no a trabalhar para construir pontes: “Como sabeis, a minha família é de origem italiana; e assim está sempre vivo em mim este diálogo entre lugares e culturas distantes”.
Neste trabalho, o Papa considera fundamental o papel da religião, já que não se podem construir pontes entre os homens esquecendo Deus; e vice-versa. “Por isso, é importante intensificar o diálogo entre as diversas religiões”, citando de modo especial o diálogo com o Islã e com os que não creem.
Lutar contra a pobreza, tanto material como espiritual, edificar a paz e construir pontes: este é o caminho para o qual Papa Francisco convida cada país. “Um caminho que será difícil, se não aprendermos a amar cada vez mais esta nossa terra. Também neste caso, me serve de inspiração o nome de Francisco: ele ensina-nos um respeito profundo por toda a criação, ensina-nos a guardar este nosso meio ambiente, que muitas vezes não usamos para o bem, mas desfrutamos com avidez e prejudicando um ao outro.” (BF)
Por Cidade do Vaticano (RV)

Semana Santa na Catedral Metropolitana de Fortaleza

Dia 24 de março – Domingo de Ramos, às 7h, Bênção dos Ramos e Procissão. Saída da Paróquia de Cristo Rei, na Aldeota até a Catedral Metropolitana terminando com Missa Solene, às 8h30min, presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza.
Dia 28 de março – Quinta – Feira às 8h, Missa da Unidade e Bênção dos Santos Óleos,. Ás 18h30min, Missa da Ceia do Senhor – Lava-Pés, presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza.
Dia 29 de março – Sexta – Feira às 9h, Celebração das Horas. Ás 15h Celebração da Paixão e Morte do Senhor, presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza.
Dia 30 de março – Sábado às 9h, Celebração das Horas. Ás 20h, Solene Vigília Pascal, presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza.
Dia 31 de março – Domingo da Ressurreição às 18h30min, Missa Solene, presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza seguida de Procissão.
Os dias e horários das Confissões na Catedral durante a Semana Santa são:
Terça e Quarta-Feira – das 10h30min às 12h e das 15h30min às 17h. Nestes dias missa às 12h.
Sexta-feira – dia todo de confissões.
Informações pelo telefone (85) 3231 4196, na Secretaria da Catedral.

Entenda o significado das missas da Semana Santa

 

Vela Sírio Pascal vendida para os fiéis usarem durante a missa do sábado santo (Foto: Victória Brotto/G1)Vela Círio Pascal vendida para os fiéis usarem durante a cerimônia do sábado santo (Foto: Victória Brotto/G1)
Até a Sexta-Feira da Paixão e o domingo de Páscoa, muitos outros rituais e missas são celebrados pela Igreja Católica. Segundo o padre José Antônio Aparecido Pereira, 68, vigário episcopal da Arquidiocese de São Paulo, em entrevista ao G1, antes das datas mais lembradas da Semana Santa acontecem mais de cinco missas. "A semana inteira é de reflexão e oração."
Entenda o que acontece em cada dia da semana de Páscoa e o significado das missas:
Domingo de Ramos (24 de março)A entrada de Jesus na cidade de Jerusalém é representada neste dia. "Na época, como explica a Bíblia,  ele monta em um jumento e é recebido por centenas de pessoas com ramos de oliveira e palmeiras nas mãos." O domingo começa com uma procissão de fiéis cantando hinos e carregando ramos. Ao chegar à igreja, uma missa é celebrada com leitura de trechos bíblicos sobre o sacrifício de Jesus Cristo.
Segunda, terça e quarta-feira santas (25, 26 e 27 de março):
Nas missas celebradas nos três dias, os fiéis pedem a Deus bons frutos na vida pessoal e religiosa e são lidos trechos bíblicos sobre a salvação. 
Quinta-feira Santa (28 de março)Pela manhã,  o bispo se reúne com os padres na chamada Missa da Crisma -  esta missa acontece na Catedral  (centro). Nela, ele irá abençoar ou consagrar os três óleos santos. O óleo consagrado é o do sacramento da Crisma, na qual o fiel confirma publicamente a sua fé cristã e sua ligação com a Igreja Católica. Neste rito, o padre impõe as mãos sobre o fiel, invocado o Espírito Santo, e o unge com óleo. Os outros dois óleos, o do batismo e o dos enfermos, são abençoados.
À noite, a Igreja celebra a ceia do Senhor em alusão à última ceia entre Jesus Cristo e os 12 discípulos, antes da crucificação. Nela, Jesus irá instituir o sacramento de seu corpo e de seu sangue, chamado pela Igreja Católica de Eucaristia. Nesta celebração, não se toma vinho nem come-se pedaço de pão. Em algumas paróquias, explicou o padre, um pedaço de pão caseiro abençoado é dado de lembrança aos fiéis.
Depois, acontece a missa do lava pés, na qual 12 pessoas são escolhidas aleatoriamente para que o padre lave seus pés, em referência ao momento em que Jesus ensina a humildade aos discípulos lavando os pés deles.
Quarta-feira de Cinzas celebrada na Arquidiocese de São Paulo... A missa, presidida pelo cardeal dom Odilo Pedro Scherer na Catedral da Sé no dia 22 de fevereiro de 2012, marca o início da Quaresma (Foto: Luciney Martins/Divulgação)Missa celebrada no dia 22 de fevereiro, na
Arquidiocese de  São Paulo, marcou o início
da quaresma (Foto: Luciney Martins/Divulgação)
Sexta-feira da Paixão (29 de março)“Jejum e abstinência de carne são os princípios deste dia." Exatamente às 15h, considerada a hora nona pela Bíblia, os fiéis se reúnem para celebrar a paixão e a morte de Cristo. O rito tem quatro momentos, o momento da paixão anunciada, envocada, venerada e comungada.
Na paixão anunciada, são lidas passagens bíblicas do Antigo e do Novo Testamento que falam sobre o sacrifício de Cristo. Na paixão envocada, longas séries de preces são feitas pelas necessidades do mundo e da Igreja. Depois, os fiéis formam uma fila e vão um a um beijar a imagem de Cristo crucificado – é o momento da paixão venerada. Na quarta e última parte, os fiéis recebem a hóstia.
Algumas igrejas e paróquias, segunda o padre da Arquidiocese de São Paulo, fazem uma procissão do enterro de Cristo. “Esta tradição pretende lembrar do momento em que os discípulos retiram o corpo de Jesus Cristo da cruz e o sepultam.”
Sábado Santo (30 de março)Durante o dia, não há missa. “É momento de silêncio e oração.” Só no período da noite é que acontece a vigília pascal. “Uma longa celebração, na qual o padre abençoa o fogo que acenderá uma grande vela, chamada de Círio Pascal”. Ela, que representa Jesus ressurreto, é toda decorada com símbolos religiosos, como o da primeira e da última letra do alfabeto grego - Alfa e Ômega. Elas, explica o bispo, indicam que Jesus é o início e o fim de tudo, como ensina a Bíblia. Cinco cravos representando os cincos ferimentos na cruz – dois nas mãos, dois nos pés e um na lateral do corpo – e o ano de 2012 também são inscritos na vela.
Logo em seguida, o padre abençoa a vela com orações e entra na igreja, que está toda apagada. Neste momento, cada pessoa acende a sua vela a partir da que passa pelo corredor principal nas mãos do padre. Quando a igreja já está toda iluminada com as velas dos fiéis, o padre chega ao altar e canta o hino “Precônio Pascal” para celebrar a vigília e se preparar para a Páscoa – a ressurreição.
Após uma leitura da Bíblia, acontece a liturgia batismal. “A água do batismo é abençoada e, em algumas comunidades, adultos e crianças são batizados.” A missa termina com os fiéis cantando hinos sobre a ressureição.

Domingo de Páscoa (31 de março)
Para encerrar o período da quaresma, os 40 dias estipulados pela Igreja Católica para que o fiel se prepare para o ápice da Semana Santa, a ressureição, missas são celebradas com hinos e trechos bíblicos sobre a ressureição.
Segundo o bispo, em algumas igrejas, existe o costume de fazer procissões simbolizando o encontro de Jesus com os discípulos. “As mulheres levam a imagem de Maria; e os homens, a imagem do Cristo crucificado para lugares diferentes. Quando as duas imagens se encontram, os fiéis aplaudem e cantam hinos de vitória.”
Malhação de Judas
"A malhação não tem nada a ver com a vida da Igreja", explica o bispo.  A malhação de Judas ou Queima de Judas é uma tradição trazida pelos portugueses e espanhóis na qual um boneco, do tamanho de um homem, forrado de serragem, trapos ou jornal é arrastado pelas ruas e queimado.

sábado, 16 de março de 2013

Uma boa surpresa

Em sua
primeira fala, há
um tratamento
no pronome
"nós" que tem
grande significado
para este tempo
de participação
LUIZ CARLOS SUSIN*
Um nome quase inesperado, uma figura modesta e simpática, a surpresa do pedido para que o povo o abençoasse: o novo papa, Francisco, começa um novo capítulo da história do governo da Igreja Católica.
Quais são os primeiros sinais? Seu nome: junta nele o Francisco de Assis, aquele que andava de sandálias conversando com o lobo e os passarinhos, e o de Francisco Xavier, companheiro de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus _ os jesuítas _, que dedicou sua vida à evangelização da Ásia, da Índia ao Japão, passando pela China, onde morreu. Este é um primeiro sinal, uma indicação nominal de seu modo de ser e de sua missão: despojado, simples, e encarregado de levar boa notícia aos povos. Os jesuítas, que estão fora das atuais tensões em torno dos vazamentos do Vaticano, são um exército de especialistas com história consolidada e excelentes estruturas para dar todo tipo de apoio necessário à missão que deverá cumprir.
Um segundo sinal é a autoimagem que irradiou do balcão da basílica de São Pedro: ele calcou sua fala espontânea no fato de assumir a diocese de Roma como seu bispo. Assim tratou o povo romano como interlocutor preferencial na praça à sua frente. Do ponto de vista da compreensão teológica, da legitimidade do encargo pontifício, este é o caminho certo: ele não é papa que também é bispo de Roma. É o contrário: é bispo de Roma e por isso é o primeiro entre os demais bispos, que chamamos, a partir de um dado momento da história, de papa. Isso revela um forte acento no governo colegial de todos os bispos, o que é um clamor de muitas vozes na Igreja depois do concílio Vaticano II. Esta visão facilita também o diálogo ecumênico com as demais igrejas cristãs.
Um terceiro e comovente sinal, além da saudação espontânea, foi o pedido de bênção _ que o povo rezasse por ele e o abençoasse _ antes de ele mesmo abençoar. Em sua primeira fala, há um tratamento no pronome "nós" que tem grande significado para este tempo de participação, um modo de falar de democracia na Igreja. A sua despedida ao povo está próxima de algumas falas de João XXIII, o Papa Bom: "Nós nos veremos em breve, rezem por mim e tenham uma boa noite!".
Evidentemente, são apenas alguns sinais muito iniciais, como quem quer fazer a multiplicação dos pães ou até tirar leite de pedra. Mas, sabendo de sua vida em Buenos Aires, livre das discussões que assombram as relações do episcopado argentino com a ditadura dos anos de chumbo, vivendo ao estilo dos demais jesuítas, de forma a não recusar se servir de meios públicos de transporte e de serviços da cozinha, pode-se esperar que ele tenha competência e energia para a tarefa firme da reforma sugerida por Bento XVI junto com a simplicidade franciscana do padroeiro da Itália que encanta o mundo e no Brasil é conhecido como companheiro dos pobres, São Francisco das Chagas: quem sabe até não troque os sapatos vermelhos por um par de sandálias?
*Frei e teólogo, professor da pós-graduação da PUCRS, secretário executivo do Fórum Mundial de Teologia e Libertação

Missa de início de Pontificado será na terça-feira, dia 19

papafranciscocompromissoCidade do Vaticano (RV) – Poucas horas depois de eleito Sucessor de Pedro, o Papa Francisco já tem a agenda repleta de compromissos a serem cumpridos nos próximos dias, entre os quais o primeiro Angelus no domingo, informou o porta-voz do Vaticano, Padre Federico Lombardi.
O primeiro compromisso do Papa Francisco foi a visita nesta manhã de quinta-feira à Basílica de Santa Maria Maior. Na parte da tarde de hoje, na Capela Sistina, às 17h locais, o Papa preside a Santa Missa com os cardeais eleitores.
Amanhã, sexta-feira, às 11 horas locais, o Santo Padre irá receber em audiência todos os cardeais na Sala Clementina. Sábado, dia 16 de março, às 11 horas, audiência aos jornalistas na Sala Paulo VI.
Domingo, dia 17 de março, o Santo Padre recitará o Angelus do Apartamento Papal, às 12 horas. A Santa Missa para a solene inauguração do Pontificado será celebrada na Praça São Pedro, terça-feira, dia 19 de março, Solenidade de São José, às 9h30 locais.
Quarta-feira, dia 20 de março, Audiência aos Delegados Fraternos; não será realizada a Audiência Geral. (SP)

Por Rádio Vaticana

Card. Braz de Aviz: “Igreja na direção de uma simplicidade maior”

card.brazCidade do Vaticano (RV) – Um dos membros do Colégio Cardinalício é Dom João Braz de Aviz, Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e arcebispo emérito de Brasília. Ele participou do Conclave e conversou com a Rádio Vaticano, dizendo-se muito feliz com a escolha de Papa Francisco. Ouça clicando acima! Ouça aqui.
EVILÁZIO TEIXEIRA*
Habemus papam, e agora? Mais que falar sobre Jorge Mario Bergoglio, importante é falar da Igreja. O que se espera dessa instituição milenar que marcou significativamente a história do Ocidente ao longo destes 2 mil anos? A Igreja é mais que uma organização social, não é simplesmente uma organização para atuar num programa religioso. A Igreja é também uma questão de fé.
Primeiramente espera-se que a Igreja seja uma "perita em humanidade"; que realmente envolva-se com os problemas reais dos humanos, peregrinos neste mundo, que ajude a construir no planeta um novo paradigma civilizatório: baseado no diálogo, na solidariedade, na justiça, no respeito às diferenças. Uma Igreja menos "dona da verdade". Uma Igreja simples, que mostre e testemunhe o rosto de um Deus amor, e que na centralidade do seguimento de Jesus de Nazaré, revele sua paixão pela vida e por tudo que é humano. Nesse contexto de Igreja, existem algumas aplicações bem concretas que expressam o verdadeiro sentido da mesma: a Igreja, para chegar à plenitude, precisa apresentar ao homem contemporâneo fragmentado e carente a figura da mãe acolhedora e cuidadora, e que espelhe Cristo; deve ter um cuidado para não ser um fim em si mesma. Uma Igreja menos "clerical" e mais "eclesial". Igreja, povo de Deus a caminho. Por meio de sua instituição e organização, sendo humana e divina, santa e pecadora, que realmente dialogue com os "leigos".
Entre os leigos mora uma porção do Reino de Deus que somente eles irão construir e viver. O Reino não acontece nas sacristias antigas ou modernas, mas na vida e nas relações concretas que estabelecemos.
Isso implica que aceitemos os leigos como parceiros e companheiros de marcha, não mais como objetos da evangelização, mas como sujeitos dela. Implica, sobretudo, que ajudemos os leigos a serem agentes do sagrado no mundo. Bem-vindo Santidade!
* Vice-reitor da PUCRS