sexta-feira, 19 de abril de 2013

Papa Francisco às Mães da Praça de Maio: Partilho suas dores





Cidade do Vaticano (RV) - A Associação das Mães da Praça de Maio, na Argentina, em 21 de março passado, enviou uma carta ao Papa Francisco por ocasião de sua eleição à Cátedra de Pedro.

Nesta quinta-feira, o Santo Padre respondeu a missiva, assinada pelo Subsecretário para as Relações com os Estados, Dom Antoine Camilleri, agradecendo as Mães da Praça de Maio por sua amável carta e pelos nobres sentimentos que a motivaram.

"O Papa corresponde a esta delicada atenção pedindo a Deus a força para lutar, desde o ministério que acabou de assumir, em favor da erradicação da pobreza no mundo, a fim de impedir o sofrimento de muitas pessoas que passam necessidade", destaca a nota.

Francisco valoriza e aprecia muito aqueles que estão próximos aos desfavorecidos e se esforça para ajudá-los, compreendê-los e ir ao encontro de suas justas aspirações. "Em suas orações pede a Deus para que ilumine os responsáveis pelo bem comum a fim de que combatam o flagelo da pobreza, através de medidas eficazes, equânimes e solidárias", ressalta ainda o documento.

O Santo Padre partilha a dor de muitas mães e famílias que sofreram e sofrem a trágica perda de seus entes queridos nesse momento da história argentina e com afeto lhes dá uma bênção especial, sinal de esperança e alento, e pede às Mães da Praça de Maio para que rezem por ele. (MJ)

Assembleia dos Bispos



Aparecida (RV) - A 51ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil reuniu mais de 400 participantes, entre bispos, padres, religiosos, leigos e assessores, no Santuário da Mãe Aparecida. Acontecimento anual de importância e significação, é oportunidade para a Igreja Católica no Brasil avaliar sua fidelidade ao mandato de seu Senhor, Cristo Ressuscitado: fazer de todos seus discípulos e discípulas. Também é momento para a Igreja Católica refletir a realidade, a partir de seu compromisso com a vida do povo, particularmente dos pobres.

Esse olhar que se dirige à vida sofrida do povo pediu de nós, bispos, um posicionamento de solidariedade e defesa dos irmãos e irmãs castigados pela maior seca que atinge a região do semiárido brasileiro nos últimos 40 anos. São mais de 10 milhões de pessoas, em 1.236 municípios, segundo dados da Secretaria da Defesa Civil do Ministério da Integração Nacional. A sociedade brasileira sabe que os bispos sempre estão atentos às consequências de ordem social, econômica, moral e ética provocadas pela seca. A Igreja Católica, recentemente, em cooperação também com vários movimentos sociais e sindicais, apresentou diretrizes para a convivência com o semiárido. Junto com a população atingida pela seca, a Igreja propõe e reivindica intervenções estruturais capazes de minimizar tal sofrimento.

Refletimos e avançamos também na preparação de um documento para manifestar nosso posicionamento no que se refere aos conflitos agrários. Em sua condição de servidora, a Igreja Católica coloca-se ao lado dos sem-terra, pessoas submetidas ao trabalho escravo, quilombolas e indígenas. Em comunhão com todos estes segmentos, questionamos o Projeto de Emenda Constitucional 215, que transfere do Poder Executivo ao Congresso Nacional a demarcação, titulação e homologação de terras indígenas e quilombolas.

Estes e outros assuntos que integraram a exigente pauta da 51ª Assembleia Geral consolidam ainda mais o compromisso da Igreja Católica com a vida do povo sofrido, em diálogo franco e direto com os construtores da sociedade. A partir desse princípio, nós, bispos de Minas Gerais, durante a Assembleia, manifestamos nossa preocupação relacionada à situação prisional de nosso Estado. Uma realidade grave e triste, quando se considera o número de apenados, o tratamento a eles oferecido em vista de sua recuperação, distanciamentos de suas famílias, com agravamentos sérios, além das dificuldades criadas para o serviço voluntário e de fé, prestado por nossos agentes da Pastoral Carcerária. Um trabalho humanitário que encontra obstáculos que precisam ser superados com a intervenção e atuação de quem pode fazê-lo. Também estamos atentos à tramitação do Projeto de Lei número 3.784\2013, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que regulamenta o uso de espaços públicos para cerimônias religiosas.

Enquanto avaliamos nossos muitos trabalhos desenvolvidos em todo o Brasil, especialmente pelas comissões episcopais pastorais e organismos da CNBB, detalhamos o tema central da Assembleia neste ano: comunidade de comunidades: uma nova paróquia. Todos os bispos estão empenhados para que cresça a rede de comunidades, sinal da nossa presença e serviço na vida do povo. Uma nova resposta que nasce do vigor espiritual radicado na simplicidade e na verdade do Evangelho.

Importante também é o caminho percorrido rumo à consolidação de um Diretório para a Comunicação na Igreja do Brasil, buscando qualificar sempre o diálogo com a sociedade civil e, também, atender a exigência de uma adequada política de comunicação no interior da Igreja. O objetivo é avançar na preservação da cultura cristã brasileira, resguardando sua consistência.

Os trabalhos realizados a partir da densa pauta da 51ª Assembleia Geral da CNBB foram marcados, sobretudo, por um clima de fraternidade evangélica, tempero determinante no caminho missionário. Rodeados pelo povo peregrino, sempre presente no Santuário da Mãe Aparecida, nós bispos da Igreja, em cooperação, vivemos uma Assembleia de riquezas neste caminho da fé.

Dom Walmor Oliveira de AzevedoArcebispo metropolitano de Belo Horizonte



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/04/19/assembleia_dos_bispos/bra-684378
do site da Rádio Vaticano

Um mês do Pontificado de Francisco



Cidade do Vaticano (RV) – Além da eleição de Bento XVI, oito anos atrás, neste dia 19 de abril recorda-se o primeiro mês do início do Pontificado do Papa Francisco.

Na missa celebrada na Praça S. Pedro, com a presença de milhares de fiéis e autoridades políticas e civis, Francisco falou do “poder” que lhe compete como novo Bispo de Roma.

“De que poder se trata?” – questionou ele, respondendo com o convite de Jesus a Pedro: apascenta as minhas ovelhas.

“Jamais nos esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço, e que o próprio Papa, para exercer o poder, deve entrar sempre mais naquele serviço que tem o seu vértice luminoso na Cruz; deve olhar para o serviço humilde, concreto, rico de fé, de São José e, como ele, abrir os braços para guardar todo o Povo de Deus e acolher, com afeto e ternura, a humanidade inteira, especialmente os mais pobres, os mais fracos, os mais pequeninos.”

Este, acrescentou, é o serviço que o Bispo de Roma e todos nós somos chamados a cumprir: dar esperança perante tantos ‘pedaços de céu cinzento’.

(BF)

Francisco: "Libertar a Igreja de moralismos e ideologias"

Francisco: "Libertar a Igreja de moralismos e ideologias"



Cidade do Vaticano (RV) – A Palavra de Deus deve ser acolhida com humildade, porque é a palavra de amor: em síntese, foi o que disse o Papa esta manhã durante a homilia da Missa presidida na Capela da Casa Santa Marta. Estavam presentes alguns funcionários da Tipografia Vaticana e do L’Osservatore Romano.

Francisco se inspirou nas leituras bíblicas do dia: a vocação de Saulo e o discurso de Jesus na Sinagoga de Cafarnaum. A voz de Jesus, disse, “passa pela nossa mente e vai ao coração”. Já os doutores da lei respondem de outra maneira, discutindo entre si e contestando duramente as palavras de Jesus:

“Os doutores respondem somente com a cabeça. Não sabem que a Palavra de Deus fala ao coração”, disse o Papa, dando o exemplo de Maria, que acolheu com humildade as palavras do Senhor.

Quem responde somente com a cabeça são os grandes ideólogos, afirmou, recordando que “a Palavra de Jesus vai ao coração porque é a Palavra de amor, é palavra bela e traz o amor, nos faz amar”. Os ideólogos, por sua vez, cruzam a estrada do amor e da beleza e põem-se a discutir sobre como Jesus pode dar sua carne para comer.

“É tudo um problema de intelecto. E quando entra a ideologia, na Igreja, quando entra a ideologia na inteligência do Evangelho, não se entende mais nada.”

Para Francisco, os ideólogos falsificam o Evangelho. Toda interpretação ideológica, de qualquer parte vier, é uma falsificação do Evangelho. “E esses ideólogos – como vimos na história da Igreja – acabam por se tornar intelectuais sem talento, moralistas sem bondade. Nem falemos de beleza, porque disso eles não entendem nada.”

“Ao invés, a estrada do amor, a estrada do Evangelho – recorda o Papa, é simples: é a estrada que os Santos entenderam:

“Os santos são os que levam avante a Igreja! A estrada da conversão, da humildade, do amor, do coração, da beleza... Peçamos hoje ao Senhor pela Igreja: que o Senhor a liberte de qualquer interpretação ideológica e abra o coração da Igreja, da nossa Mãe Igreja, ao Evangelho simples, àquele Evangelho puro que nos fala de amor, que traz o amor e é tão bonito! E que nos torna mais belos, com a beleza da santidade. Rezemos hoje pela Igreja!”.

(BF)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/04/19/francisco:_libertar_a_igreja_de_moralismos_e_ideologias/bra-684411
do site da Rádio Vaticano

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Audiência Geral: "Ser cristão não é cumprir mandamentos, mas é deixar que Cristo transforme nossa vida"



Cidade do Vaticano (RV) – Nesta quarta-feira, a Praça S. Pedro estava repleta de fiéis, turistas e peregrinos para a Audiência Geral.

Antes de pronunciar a sua catequese, de papamóvel o Papa Francisco fez o giro da Praça, saudando calorosamente os fiéis e beijando as crianças. O tema proposto pelo Pontífice foi o fundamento da nossa fé: a Ressurreição de Cristo.

“Este é o maior dom que recebemos do Mistério pascal de Jesus”, explicou. A ressurreição de Jesus é tão importante, que, «se Cristo não ressuscitou – escreve São Paulo –, é vã a nossa fé». Na verdade, a nossa fé apoia-se sobre a morte e ressurreição de Cristo como uma casa está apoiada sobre os alicerces: se estes cedem, a casa cai. Na cruz, Jesus ofereceu-Se a Si mesmo, tomando sobre Si os nossos pecados.

Com a Ressurreição, algo de absolutamente novo acontece: somos libertados da escravidão do pecado e nos tornamos filhos de Deus. Ou seja, somos gerados a uma vida nova no Batismo. E a nossa vida será nova se nos comportarmos como verdadeiros filhos, deixando que Cristo tome posse da nossa vida e a transforme.

“Deus nos trata como filhos, nos compreende, nos perdoa, nos abraça, nos ama mesmo quando erramos. Jamais devemos nos esquecer que Deus é fiel, sempre! Ser cristãos não se reduz a seguir mandamentos, mas quer dizer estar em Cristo, pensar como Ele, agir como Ele, amar como Ele. Cristo ressuscitado é a nossa esperança. Deus é a nossa força.”

Todavia, adverte o Pontífice, a tentação de deixar Deus de lado para colocar nós mesmos no centro está sempre à espreita. A experiência do pecado fere a nossa vida cristã, o nosso ser filhos de Deus. Por isso, devemos ter a coragem da fé, não nos deixando levar pela mentalidade que afirma: «Deus não é solução, não tem nada de importante para nós».

“A verdade é precisamente o contrário! Somente nos comportando como filhos de Deus, sem nos desencorajar pelas nossas caídas, sentindo-se amados por Ele, a nossa vida será nova, animada pela serenidade e pela alegria.”

No final da catequese, Francisco saudou em italiano os grupos presentes na Praça, com uma exceção: esta quarta, pela primeira vez, saudou em espanhol os peregrinos oriundos da Espanha e dos países latino-americanos. Entre eles, seus compatriotas do Club Atlético San Lorenzo de Almagro, de Buenos Aires – seu time de coração. “Isso é muito importante”, disse a eles.

Aos peregrinos de língua portuguesa, saudou em especial os fiéis de Coimbra e de São José do Rio Preto, fazendo votos de que cada um possa crescer sempre mais na vida nova de ressuscitados que Cristo nos conquistou.

Tuítes de Francisco: a serenidade e alegria de sermos filhos de Deus



Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco tuitou esta quarta-feira duas mensagens que sintetizam a catequese pronunciada esta manhã, na Praça S. Pedro, durante a Audiência Geral.

O texto do primeiro tuíte é: “Ser cristão não se reduz a cumprir mandamentos, mas é deixar que Cristo tome posse da nossa vida e a transforme”.


No segundo, escreve: “Se nos comportarmos como filhos de Deus, sentindo-nos amados por Ele, a nossa vida será nova, cheia de serenidade e de alegria”.

Dalai Lama quer encontrar Papa Francisco, 'um homem muito inteligente'



Bolzano (RV) – “Papa Francisco é uma pessoa muito inteligente. Enviei a ele uma carta de congratulações pela sua eleição à Cátedra de Pedro. Ficaria muito contente de encontrá-lo”. Foi o que disse o Dalai Lama sobre o Pontífice, expressando sua estima pelo Papa Francisco

O líder budista encontra-se em Bolzano, Itália, onde participa de um seminário. Já esteve nesta localidade em 29 de novembro de 2001, 31 de julho de 2005 e 16 de novembro de 2009.

Tenzin Gyatso, entronizado em 17 de novembro de 1950 e Prêmio Nobel da Paz em 1998, reiterou diversas vezes que se retirou do papel e de compromissos políticos. No entanto, condena as auto-imolações no Tibet. No seu pronunciamento no dia de hoje, em Bolzano, afirmou que “Todas as religiões falam de amor, de perdão, de tolerância. São conceitos muito importantes e este deve ser o antídoto para a violência. Não é um problema de religiões, mas de poder econômico”.

terça-feira, 9 de abril de 2013

V reencantamento da vida contemplativa na Arquidiocese de Fortaleza


Aconteceu no dia 04 de abril, próximo passado, no Mosteiro da Imaculada Conceição e São José das Monjas Concepcionistas, o V Reencantamento da Vida Religiosa Contemplativa cuja o tema foi: “Reavivar a chama do dom de Deus” ( II Tim 1,6).
Estiveram presentes os Bispos Auxiliares Dom Vasconcelos e Dom Rosalvo, a Ir. Áurea (Presidente da CRB – Ceará), o Capelão do Mosteiro, Pe. José Sávio, e uma boa participação das seguintes comunidades de Vida Contemplativa: Clarissas, Carmelitas, Beneditinas, Agostinianas e Concepcionistas.
O ponto mais alto deste encontro foi a Celebração Eucarística. Durante o encontro aconteceram momentos de reflexão sobre o Ano da Fé, com a explicação do logotipo, além da apresentação dos Carismas e Escudos das Ordens. Houve, também, momentos de confraternização dentro deste clima da Oitava da Páscoa, sendo assim um dia de muito enriquecimento para as Comunidades.
O Mosteiro Concepcionista sentiu-se privilegiado em acolher a todos os participantes. Por tudo Deus seja louvado!
Fonte: http://pastoralvocacionalfor.blogspot.com.br/
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Francisco se fez nu para cobrir o nu do Papa



Leonardo Boff
Teólogo, filósofo e escritor
Adital

Sabem os historiadores que o Papa do tempo de São Francisco, Inocêncio III (1198-1216), levara o Papado a um apogeu e esplendor como nunca houve antes nem haverá depois. Hábil político, conseguiu que todos os reis, imperadores e senhores feudais, a exceção de apenas alguns, fossem seus vassalos. Sob a sua regência estavam os dois poderes supremos: o Império e o Sacerdócio. Era pouco ser sucessor do pescador Pedro. Declarou-se "representante de Cristo”, não do Cristo pobre, andando pelas poeirentas estradas da Palestina, profeta peregrino, anunciador de uma radical utopia, a do Reino do amor incondicional ao próximo e a Deus, da justiça universal, da fraternidade sem fronteiras e da compaixão sem limites. Seu Cristo é o Pantocrator, o Senhor do Universo, cabeça da Igreja e do Cosmos.
Esta visão favoreceu a construção de uma Igreja monárquica, poderosa e rica mas absolutamente secularizada, contrária a tudo o que é evangélico. Tal realidade só podia provocar uma reação contrária entre o povo. Surgiram os movimentos pauperistas, de leigos ricos que se faziam pobres. Por sua conta pregavam o evangelho na língua popular: o evangelho da pobreza contra o fausto das cortes, da simplicidade radical contra a sofisticação dos palácios, da adoração do Cristo de Belém e da Crucificação contra a exaltação do Cristo Rei todo poderoso. Eram os valdenses, os pobres de Lyon, os seguidores de Francisco, de Domingos e dos sete Servos de Maria de Florença, nobres que se fizeram mendicantes.
Apesar deste fausto, Inocêncio III foi sensível a Francisco e aos doze companheiros que o visitaram, esfarrapados, em seu palácio em Roma, pedindo licença para viverem segundo o Evangelho. Comovido e com remorsos, o Papa lhes concedeu uma licença oral. Corria o ano 1209. Francisco nunca esquecerá este gesto generoso.
Mas a história dá as suas voltas. O que é verdadeiro e imperativo, chegado o momento de sua maturação, se revela com uma força vulcânica. E se revelou em 1216 em Perúgia para onde fora o Papa Inocêncio III a um de seus palácios.
Eis que ele morre subitamente, depois de 18 anos de pontificado triunfante. Logo sons lúgubres de canto gregoriano se fazem ouvir, vindos da catedral pontifícia. Executa-se o grave planctum super Innocentium ("o pranto sobre Inocêncio”).
Mas nada detém a morte, senhora de todas as vaidades, de toda a pompa, de toda glória e de todo o triunfo. O esquife do Papa jaz à frente do altar-mor: coberto de ouropeis, joias, ouro, prata e os signos do duplo poder sagrado e secular. Cardeais, imperadores, príncipes, monges filas de fiéis se sucedem na vigília. É o bispo Jacques de Vitry vindo de Namur e depois feito Cardeal de Frascati que o conta.
É meia-noite. Todos se retiram pesarosos. Apenas o bruxulear das velas acesas projetam fantasmas nas paredes. O Papa, outrora, sempre cercado por nobres, está agora só com as trevas. Eis que ladrões penetram sorrateiramente na catedral. Em poucos minutos espoliam seu cadáver de todas as vestes preciosas, do ouro, da prata e das insígnias papais.
Aí jaz um corpo desnudo, já quase em decomposição. Realiza-se o que Inocêncio III deixara exarado num famoso texto sobre "a miséria da condição humana”. Agora ela é demonstrada com toda a sua crueza em sua própria condição.
Um pobrezinho, fétido e miserável, se escondera num canto escuro da catedral para vigiar, rezar e passar a noite junto ao Papa. Ele tirou a túnica rota e suja, túnica de penitência. E com ela cobriu as vergonhas do cadáver violado.
Sinistro destino da riqueza, grandiosidade do gesto da pobreza. A primeira não o salvou do saque, a segunda o salvou da vergonha.
Concluiu o Cardeal Jacques de Vitry: ”Entrei na igreja e me dei conta, com plena fé, quanto é breve a glória enganadora deste mundo”.
Aquele que todos chamavam de Poverello e de Fratello nada disse nem pensou. Apenas fez. Ficou nu para cobrir o nu do Papa que um dia lhe aprovara o modo de vida. Francisco de Assis, fonte inspiradora do Papa Francisco de Roma.
[Leonardo Boff é autor do livro Francisco de Assis: ternura e vigor (Vozes) 1999].

A Paz como forma de viver


Marcelo Barros
Monge beneditino e escritor
Adital

Para o mundo atual, a paz continua um desafio não alcançado. Na Síria, a guerra civil entre governo e uma oposição sustentada pelos Estados Unidos divide o país. Na faixa de Gaza, no sul da Índia e em várias outras partes do mundo, conflitos sangrentos ainda ferem a humanidade. Até hoje a Organização das Nações Unidas, criada para estabelecer a paz no mundo, não consegue ainda cumprir plenamente essa missão. Nesta semana, as pessoas que amam a paz recordam que há exatamente 50 anos, o papa João XXIII dava ao mundo a sua carta encíclica sobre a paz na terra. No dia 11 de abril de 1963, o papa publicava a encíclica Pacem in Terris como apelo forte para que os governantes das nações se empenhassem em manter a paz no mundo. O papa assegurava que essa paz só poderia ser real se fosse baseada em uma ordem social justa e centrada na dignidade de toda pessoa humana.

Era a primeira vez em que um papa escrevia não somente a patriarcas, cardeais, bispos e padres católicos. A Pacem in Terrisé dirigida também a cristãos das mais diversas Igrejas e ainda mais a todas as pessoas de boa vontade. Alguns meses antes da carta, o papa tinha interferido pessoalmente para impedir um conflito entre os Estados Unidos e a Rússia. João XXIII recebeu o prêmio Nobel da Paz. Na sua carta, ele insiste de que nunca haverá paz no mundo se não houver respeito aos direitos humanos de cada pessoa e se um país não respeita a liberdade e a independência do outro. Em uma carta anterior (a Mater et Magistra), ele havia defendido o princípio da socialização. Embora não signifique um regime social (o socialismo), a socialização tem a mesma base: a preponderância do social sobre o individual e a vocação de todas as pessoas humanas para viver a solidariedade e a responsabilidade fraterna.
Quem hoje analisa o mundo pode perceber algumas conquistas importantes da humanidade nesses 50 anos: de lá para cá alguns países da África que em 1963 ainda eram colônias completaram sua independência política. Existe, atualmente, uma consciência maior dos direitos humanos, da igualdade racial e de gêneros. Entretanto, as relações de trabalho parecem mais precárias hoje do que há 50 anos, as guerras são mais perigosas e com armamentos nucleares mais sofisticados e mortíferos. E mais perigoso do que o terrorismo internacional é a ameaça de destruição da natureza, consequência do sistema capitalista depredador.
Nesse contexto, a comemoração dos 50 anos da Pacem in Terris vem nos lembrar de que a paz no mundo é um projeto divino e que todas as pessoas que creem em Deus são chamadas a colaborar com esse projeto. De acordo com a Bíblia, a paz não é apenas ausência de guerras, mas é o bem viver que hoje vários povos indígenas almejam como política de estado. Na Bíblia, Paz é Shalom, relação justa entre as pessoas, saúde e bem estar. É uma forma de viver. É essa paz que Jesus desejava quando disse: "Felizes as pessoas que constroem a paz porque serão chamadas filhos e filhas de Deus, ou seja, fazem aquilo que Deus faz” (Mt 5, 9).

segunda-feira, 8 de abril de 2013

“Jesus disse: Alegrai-vos!”

                              
dom eduardopinheiro 01.04.13Brasília, 01 de abril de 2013.
Feliz Páscoa, caros irmãos Párocos e Administradores Paroquiais,
Vigários Paroquiais e demais Presbíteros.
“Jesus disse: Alegrai-vos!” (Jo 28, 9)
Neste mês de abril teremos todo ele permeado das alegrias da Páscoa! Ou somos pessoas de Páscoa ou não somos nem mesmo cristãos! A ótica da Ressurreição deve perpassar tudo: a vida pessoal e comunitária, os sonhos e sentimentos, os projetos pastorais e os ambientes nos quais trabalhamos. Carregamos, como educadores e evangelizadores dos jovens, uma responsabilidade muito grande de testemunhar a eles a nossa plena convicção e realização no Cristo!
Passado o precioso tempo quaresmal no qual tivemos a oportunidade de refletir com a Campanha da Fraternidade sobre a juventude, agora somos convidados a rever e refazer as propostas pastorais para que sejam mais de acordo com a opção preferencial pelos jovens. Então,
-  quais novos projetos estão sendo criados em sua paróquia a partir da CF e à luz da JMJ?
-  sua paróquia já elaborou um Plano de Evangelização da Juventude?
-  as estruturas, as organizações e os adultos estão mais sensibilizados pela juventude?
- em quais espaços de decisão da vida paroquial os jovens estão presentes efetivamente?
- como a catequese de crisma tem abordado, por exemplo, assuntos relacionados às vocações e projeto de vida, à afetividade e sexualidade, à sensibilidade diante dos mais pobres e iniciativas de voluntariado, à internet e relacionamentos midiáticos, ao álcool e drogas?
A Peregrinação da Cruz e do Ícone de Nossa Senhora têm nos mostrado os jovens entusiasmados por Cristo e pela Igreja. Onde a eles são proporcionadas motivações profundas e ocasiões juvenis criativas, ali eles se sentem cativados e comprometidos.
Estamos às portas da Jornada Mundial da Juventude no Brasil. Aproveitemos deste rico momento para incrementar as ações paroquiais junto aos jovens. Promovamos encontros periódicos formativos e espirituais com aqueles que se preparam para tal evento. Que tal uma Adoração Eucarística ou Vigília mensal? Ou uma Celebração da Palavra com momento de estudos? Há muitas iniciativas positivas espalhadas pelo país! Preparemos com intensidade a Semana Missionária que acontecerá em todas as dioceses do Brasil dos dias16 a20 de julho. E criemos atividades paroquiais ou diocesanas dos dias23 a28 de julho para aqueles jovens que não poderão participar da JMJ no Rio.
Damos graças a Deus pela nomeação de nosso querido Papa Francisco que já tem conquistado o coração de todos! No Domingo de Ramos – Dia Mundial da Juventude – ele declarou sua expectativa para o encontro conosco na JMJ Rio 2013, dizendo: “Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz. Olho com alegria o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro. [...] Preparem-se bem, sobretudo espiritualmente em suas comunidades para que aquele encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro. Os jovens devem dizer ao mundo: é bom seguir a Jesus; é bom caminhar com Jesus; é boa a mensagem de Jesus; é bom sair de si mesmo para as periferias do mundo e da existência para levar Jesus”.
A sua bênção, querido Pastor, Papa Francisco! Nós o aguardamos de coração aquecido, de ouvidos abertos, de olhos emocionados, de mãos dispostas a colaborar com a missão da Igreja para os novos tempos! Seja bem-vindo ao calor desta juventude que o ama!
Que a força do Ressuscitado encha nossas comunidades paroquiais de colorido novo e juvenil e que não percamos este momento favorável à vida e à vocação de nossos jovens. O Espírito Santo quer este novo e a juventude está nos comunicando fortemente que está disposta a fazer mais! Resta saber se nossas comunidades paroquiais estão acolhendo este kairós!
A Mãe Aparecida nos ensine, novamente, como ouvir o chamado do Pai, carregar o seu Filho em nossa existência, abrir-nos ao novo do Espírito que muito nos fala pela vida e pela voz dos jovens.
Grande abraço, na paz do Ressuscitado.
Dom Eduardo Pinheiro da Silva
Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da CNBB

Papa é nomeado bispo de Roma



Após a cerimônia, Francisco saudou fiéis da sacada da basílica e uma rajada de vento transformou sua veste em um "véu" fotos: reuters
Cidade do Vaticano O papa Francisco foi oficialmente nomeado bispo de Roma ontem, em cerimônia na Basílica de São João de Latrão, a catedral da capital italiana.

Antes de completar um mês de sua escolha como pontífice, em 13 de março, Jorge Mario Bergoglio tomou posse da Diocese romana, da qual é titular por ser sumo pontífice, em uma cerimônia na qual também participaram o vigário de Roma, Agostino Vallino, e o vigário emérito Camillo Ruini.

Antes de sua nomeação, ele participou da inauguração da Praça São João, em frente à basílica, que será uma homenagem ao papa João Paulo II.

O papa levou a cruz pastoral de João Paulo II, que antes tinha pertencido a Paulo VI, e a mesma mitra e casula brancas com singelas linhas marrons e douradas que usa em todas as cerimônias. Durante a celebração, Francisco lembrou que Deus é sempre paciente - "não é impaciente como nós, que muitas vezes queremos tudo no momento, mesmo com as pessoas". "Esse é o estilo de Deus".

Ele disse que é preciso entender as propostas de Deus, ressaltando que cada um tem sua importância. "Para Deus nós não somos números, somos importantes. Aliás, somos o que há de mais importante para Ele, mesmo se pecadores".

No fim da cerimônia, o pontífice aproveitou para agradecer os presentes em sua primeira missa na basílica romana. Após assistir ao ato de dedicatória a João Paulo II em que foi inaugurada uma placa com o nome do pontífice polonês - abençoada pro Francisco -, o papa foi à basílica em seu papamóvel.

No percurso, foi saudado por uma multidão que lançava flores e pedia a ele que abençoasse as crianças.
 
FONTE: JORNAL DIARIO DO NORDESTE  

domingo, 7 de abril de 2013

A CNBB e a ação evangelizadora da Pastoral Afro-Brasileira

A renovação da Igreja, com o Concílio Vaticano II e ampliado pelos documentos das Conferências de Medellín (1968), Puebla (1979), Santo Domingo (1992) e por outros importantes documentos da Igreja, abriu caminhos possíveis à Pastoral Afro-brasileira, numa visão crítica da realidade social em que vive o povo brasileiro, o latino-americano e caribenho.A Conferência de Puebla foi a grande precursora, na Igreja Católica, no seu compromisso social de anunciar o Reino de Deus, denunciando todas as formas de injustiça e de exclusão. Sua opção pelos pobres foi interpelada pela situação do povo negro, marginalizado.

1. FAZENDO MEMÓRIA

No dia primeiro de setembro de 1978, realizou-se na sede da CNBB, em Brasília, o Encontro de um grupo de estudiosos preocupado com a evangelização do povo negro brasileiro. Dentro destas preocupações, levantaram-se algumas propostas de trabalho que nortearam a reflexão: fornecer subsídios para que, na elaboração do Plano Bienal da CNBB, fosse considerada prioridade a evangelização do povo negro brasileiro.Elaborar síntese dos estudos sobre os cultos afro-brasileiros, para serem levadas, pelos Bispos, à Conferência de Puebla. Formar um grupo de estudos sobre os Evangelhos e os Cultos afros.

Esse grupo seria ligado à Dimensão Missionário, a Linha 2 da CNBB. Assim se constituiu o “Grupo-Tarefa”. Compareceram 14 participantes entre bispos, padres e religiosas. Desse grupo, participaram duas pessoas Negras, conscientes do processo de marginalização e exclusão do povo negro: Irmã Corina Rodrigues dos Santos-fmm e Padre Mauro Batista, cvd.

No decorrer desse trabalho de levantamento e reconhecimento da religiosidade popular, encontraram pessoas negras que se diziam católicas, mas não frequentavam a Igreja e apresentaram seus motivos. Refletiram sobre esses dados concretos, buscando descobrir o que poderiam fazer. Surgiu a ideia de se promover um Encontro dos bispos, padres, seminaristas, religiosas e religiosos negros para discutir sobre que “espaço” ocupam na Igreja. Esse Encontro foi assumido pela linha 2 da CNBB, sendo o responsável Dom Ângelo Frosi. O Tema: “A realidade do Negro na Igreja.”

Aconteceu o segundo Encontro do “Grupo-Tarefa”, a fim de preparar o Encontro dos Agentes de Pastoral Negros, a realizar-se nos dias treze a quinze de fevereiro de 1980, na Casa de Encontros e Retiro das Irmãs de Jesus Crucificado, em Capão Redondo, SP. Houve articulação, comunicações e discussão sobre os assuntos e objetivos desse Encontro, que refletiu sobre os temas: A realidade de Ser Negro na Igreja Católica no Brasil; que espaço deve o Negro brasileiro, enquanto Negro e Cristão ocupar na Igreja?

A CNBB convocou para uma reunião, no dia 19 de junho deste mesmo ano, para, junto com o “Grupo Tarefa”, avaliar o Encontro de fevereiro e prestar contas do trabalho realizado, a partir daquela data. Surgem, então, os conflitos. O econômico tornou-se um peso. Como iniciar a caminhada? O grupo deveria fazer a irradiação desta proposta assumida pelos cinco que assumiram a coordenação. Dom Ângelo Frosi, com sua marcante presença, foi o equilíbrio e força. O grupo sentiu segurança nas palavras e atitudes de Dom Ângelo, na certeza de que havia alguém, na CNBB, a quem recorrer se necessário fosse.

2. AÇÃO E ANIMAÇÃO MISSIONÁRIA: DIÁLOGO “EVANGELHO E CULTURA AFRO-BRASILEIRA”

Em fevereiro de 1980, reuniu-se um grupo de agentes de pastoral negros, para refletir sobre sua situação enquanto negros, na vida eclesial. Esta reunião foi o primeiro passo para o surgimento do “Grupo de União e Consciência negra”, criado no primeiro encontro nacional, em Brasília, realizado de 5 a 7 de julho de 1981.

Na XIX Assembleia da CNBB (1981), o problema foi de novo apresentado ao Episcopado, que reiterou seu empenho de dar atenção particular à situação dos afro-brasileiros em sua atividade evangelizadora. A CNBB incluiu também, em seus planos bienais de pastoral, encontros de reflexão sobre diálogo entre evangelho e cultura, especialmente a indígena e a afro-brasileira. Dar continuidade ao grupo de reflexão que assessora a CNBB no estudo de problemas, no planejamento e na execução de atividades que visem incrementar o diálogo afro-brasileiro. Organizar um núcleo de documentação sobre grupos negros existentes, (irmandades, quilombos, movimentos, grupos religiosos), seu patrimônio cultural, suas manifestações, celebrações, festas, vida, etc. Elaborar uma reflexão a ser publicada na coleção de estudos da CNBB, que apresente e divulgue toda problemática a respeito. Programar cursos para agentes de pastoral, sobre religiões afro-brasileiras e realizar um encontro sobre diálogo entre evangelho e religiões afro-brasileiras.

Nos dias 30 e 31 de outubro de 1982, em São Paulo, a Dimensão Missionária (Linha 2) com o Conselho Episcopal Permanente (CEP), realizaram um encontro de reflexão e estudo sobre a situação afro-brasileira.

Procurando acompanhar a “avaliação global da caminhada da CNBB e a definição de diretrizes pastorais para o próximo quadriênio”, a reunião teve por objetivo “refletir sobre perspectivas pastorais que brotam da realidade afro-brasileira, para sugerir pistas e propostas oportunas a serem inseridas nas Diretrizes Pastorais da CNBB para o período 1983-1987”.

O roteiro da reunião inspirou-se no “instrumental de avaliação” proposto pela Secretaria Geral da CNBB a todos os organismos e comunidades eclesiais, como contribuição para a próxima Assembleia dos Bispos, em abril de 1983. Pontos importantes: a igreja no Brasil vem tomando consciência do dever de anunciar o Reino de Deus: reino de justiça, verdade, fraternidade, dignidade humana e a paz. Por isso, vem assumindo a opção pelos pobres, oprimidos, marginalizados. Nesta opção, ela é questionada e interpelada pela situação dos negros, em geral duplamente marginalizados.

Em 1983, na Catedral da Sé, em São Paulo, durante a Ordenação de Pe. Laurindo Batista de Jesus, conhecido por Pe. Batista, foi proclamada pelo Pe. Antônio Aparecido da Silva (Toninho), a criação da Pastoral do Negro, com sede à Rua Itabatinguera, São Paulo, SP.

Em 1988, realizou-se a Campanha da Fraternidade, conquista dos agentes de pastoral negros e outros grupos, com o Tema: “FRATERNIDADE E O NEGRO” e o Lema: ”OUVI O CLAMOR DESTE POVO”.

Os bispos que assumiram totalmente a CF, chegando a convidar padres e religiosas negras para refletir nas Assembleias Diocesanas, o conteúdo da Campanha e a situação dos afros-descendentes no Brasil e iniciar grupos na Diocese.

O Grupo de Reflexão Negro e Indígenas (GRENI) foi assumido pela CRB nacional, em setembro 1993, no Encontro, Mutirão da Vida Religiosa na cidade de Antônio Carlos-MG. Teve a participação de 360 participantes religiosas e religiosos das várias congregações e que assumiam serviços nos diversos setores da Igreja e nas congregações. Ficou constituída uma coordenação.

3. O SECRETARIADO DE PASTORAL AFRO-BRASILEIRA

Depois de várias reflexões junto à hierarquia da Igreja Católica, podemos sentir o apoio da CNBB, convocando algumas pessoas que formaram o Grupo de Trabalho Permanente da Pastoral Afro-brasileira (GTA), para refletir sobre a possibilidade de ser criado um Secretariado da Pastoral Afro-brasileira, no prédio da CNBB, ligado à Presidência da mesma. Este Grupo se reuniu no dia 13 de novembro de 1996, em São Paulo. Após dois anos, deu-se início o processo de instalação do referido Secretariado, no dia 03 de abril de 1998. Irmã Maria Raimunda Ribeiro da Costa- MJC, aceita o convite, assumindo a organização inicial, consciente de que era mais um espaço conquistado em benefício da comunidade negra, a ser ocupado. Em agosto de 1996, a CNBB convidou algumas pessoas comprometidas para formar o Grupo de Trabalho da Pastoral Afro-brasileira – GTA.

Para assumir a Secretaria da Pastoral Afro-brasileira foi convidado o Pe. José Enes de Jesus, do Clero da Arquidiocese de São Paulo. Como estava comprometido com a sua Paróquia, convidaram o Pe. Jurandyr Azevedo Araujo, sdb, da Inspetoria Salesiana de Minas Gerais. Depois de oito anos, assume o Secretariado, Pe. Ari Antônio dos Reis, do clero da Arquidiocese de Passo Fundo, RS.

Desde a sua criação, contou com a presença de um Bispo Referencial, que coordena em nome da CNBB, inicialmente Dom Gilio Felicio, da Diocese de Bagé, RS. Atualmente, é o bispo Dom João Alves dos Santos, OFMCap, Bispo de Paranaguá, PR, que a preside.

Os grupos existentes elaboraram em mutirão, o Documento de Estudo da CNBB “Pastoral Afro-brasileira”, nº 85; a Pastoral Afro-brasileira passou a pertencer à Dimensão Sócio Transformadora e, até hoje, a Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz, Comissão 8 da CNBB, ao Secretariado de Pastoral Afroamericano, do CELAM e ao Pontifício Conselho Para o Diálogo Inter-religioso (Roma).

Completando vinte e cinco anos de existência, o Secretariado de Pastoral Afro-brasileira, em sua finalidade, quer ser um Centro onde, redescobrindo o movimento de vida, seja um lugar de estudos, pesquisas, documentação e intercâmbio com outros grupos e países, como Centro de irradiação da Pastoral Afro-brasileira e sua Ação Evangelizadora em nosso Continente.

A Pastoral Afro-brasileira tem muitas ações que se concretizam com os Agentes de Pastoral Afro-brasileira (APNs), nos Congressos das Entidades Negras (CONENC), no Instituto Mariama (IMA) e nos Encontros de Pastoral Afroamericana (EPA) para uma prática evangelizadora.

Celebramos com alegria estes 60 anos da CNBB, pelo apoio, pelo incentivo, pelo cumprimento de sua missão que é a mesma da Pastoral Afro-brasileira, “a evangélica opção preferencial pelos pobres, integrante do Objetivo Geral da nossa Igreja que, desde seus primeiros planos pastorais, exigiu, nesses anos cruciais, uma mística ainda mais evangélica, uma maturidade maior na sua ação apostólica.” (Cardeal Raymundo Damasceno Assis, na 50ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em abril de 2012, Aparecida (SP).

Dom João Alves dos Santos, OFMCap

Bispo responsável pela Pastoral Afro-Brasileira

Pe. Jurandyr Azevedo Araujo, sdb

Coordenador Nacional da Pastoral Afro-Brasileira

Centenário de nascimento de Monsenhor André Viana Camurça


camueçaNo dia 11 de abril, às 19 horas, será celebrada uma Missa comemorativa do Centenário de nascimento de Monsenhor André Viana Camurça (11/04/1913-02/08/2011) e entrega da Medalha Boticário Ferreira (in memoriam), requerimento de autoria do Vereador Joaquim Rocha, atendendo a solicitação do Padre Geovane Saraiva, Pároco de Santo Afonso e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal. Presidirá a celebração o Vigário Geral da Arquidiocese de Fortaleza, Mons. João Jorge Corrêa Filho. A comemoração do Centenário de Mons. Camurça será motivo de louvor e agradecimento ao bom Deus, por toda uma vida de generosa dedicação aos irmãos, nesta Igreja de Fortaleza. A Igreja de Santo Afonso fica na Av. Jovita Feitosa, 2733, Parquelândia, Fortaleza, CE.

Informações [85] 3223.8785

“Fico em Santa Marta para não me isolar”, diz o Papa Francisco

Papa Bergoglio confirmou a um amigo sacerdote que em dezembro visitará a Argentina e lhe explicou as razões pelas quais não mora nos aposentos do Papa e fica na Casa Santa Marta, a residência vaticana na qual se alojaram os 115 cardeais eleitores do Conclave e onde podem almoçar com os outros e compartilhar notícias e comentários.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no sítio Vatican Insider, 05-04-2013. A tradução é do Cepat.
Papa Francisco, no domingo da Páscoa pela tarde, telefonou para Jorge Chichozola, pároco da Igreja dos Santos Mártires, em Posadas. “Me telefonou às 15h10 para me dar os parabéns pelo meu aniversário. Eu atendi porque imaginei que fosse ele porque, às vezes, também ligava um pouco antes para ter certeza de que a linha estaria desocupada, e me disse: Como estás?”, relatou Chichizola à Rádio LT4 Red Ciudadana, ao mesmo tempo em que garantiu que já havia conversado por telefone com Bergoglio horas antes de ser consagrado Papa, no mês passado.
O sacerdote argentino, companheiro de ordenação sacerdotal do novo Papa, disse que Francisco confirmou a viagem para a Argentina para dezembro, e teria acrescentado que continuará a “lembrar-se de seus amigos”.
Durante a conversa telefônica, acrescentou o sacerdote, o Papa lhe confirmou que permanecerá na residência Santa Marta do Vaticano e que não irá utilizar o apartamento pontifício. Francisco “considera que é bom compartilhar a mesa, as notícias, os comentários e não ficar isolado”, comentou. Quando lhe mostraram as instalações do apartamento papal, Francisco disse: “Isto é muito grande para mim”. “Também disse – conta Chichizola – que estava deixando os guarda-costas loucos, porque é de se aproximar das pessoas, mas que já estavam se acostumando”.

Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/noticias/519045-fico-em-santa-marta-para-nao-me-isolar-diz-o-papa-francisco

No princípio do Cristianismo eram os Leigos

No princípio do Cristianismo eram os Leigos. Jesus era leigo; os seus discípulos e discípulas eram leigos: pescadores, cobradores de impostos, domésticas… As primeiras testemunhas da Ressurreição foram os leigos e, antes dos Apóstolos, as mulheres. Os leigos foram a vanguarda da Igreja: estavam no mundo, aonde Jesus Cristo nos enviou a todos:«Ide pelo mundo inteiro e anunciai a Boa Nova a toda a criatura» (Mc. 16,15). Os cristãos estavam em tudo quanto era sítio: na família, no trabalho, no exército…
Ainda não havia templos. Entre os mártires – as testemunhas pelo sangue e pela vida, dada por Cristo – eles constituíam o seu maior número, concretamente as mulheres: S.ª Felicidade, S.ª Perpétua, S.ª Inês, S.ª Cecília, S.ª Agata (Águeda)…
Quando acabou a perseguição, pelo édito de Milão (313), de Constantino,  não encontrando melhor meio de dar a vida por Cristo, foram eles – os Leigos – a retirar-se para o deserto (fuga mundi), para se consagrarem totalmente ao Senhor; assim começou o monaquismo  (=vida isolada), depois transformado em cenobismo (vida em comum), por influência de S. Basílio (no Oriente) e S. Martinho de Tours, S.º Agostinho e S. Bento (no Ocidente). Quando a Igreja precisava de Bispos para conduzir as Comunidades ia buscá-los ao deserto e ordenava-os, primeiro como sacerdotes e depois como Bispos… 

Depois veio o clericalismo: o predomínio do clero: fosse ele de ordem doutrinária (séculos XII-XIII), em que o Papa delegava nos príncipes o governo temporal dos povos; fosse ele de ordem social, que defendia que o maior grau de cultura do clero lhe dava direito a orientar os assuntos de ordem temporal; fosse ele de ordem eclesial, o que nós melhor conhecemos, que reserva(va) ao clero todas as iniciativas e responsabilidades pastorais… Foi a clericalização das ordens religiosas e da Igreja, que arrastou consigo a marginalização dos leigos, reduzidos a meros cumpridores…
E, assim, chegámos ao Concílio Vaticano II – designado o Concílio dos Leigos – que preconizou a autonomia da esfera temporal e a maioridade eclesial dos leigos, concretamente na Gaudium et Spes. Refira-se, de passagem, que a maioria dos 20 Concílios anteriores tiveram, como finalidade, a condenação de heresias e do mundo, ao contrário do Vaticano II que procurou olhar e ver o mundo,  como Jesus o olhava e via.
Mas, afinal, onde estão os Leigos? Que fizeram e fazem eles pela Igreja? Não é o seu lugar o mundo da profanidade: a família, a escola, o trabalho, a política?… Afinal, onde estão eles?  Na família é o que se vê, com o aumento dos divórcios e a negligência na passagem (=tradição) da fé aos filhos; na escola e nos Infantários, a mesma coisa; no trabalho, nem falar; na política, a desgraça total; nas Paróquias, quando muito, vemo-los no templo, de volta dos altares e dos Padres, como leitores, cantores ou Ministros extraordinários da Comunhão… Infelizmente, a maioria deles, mesmo aqueles que têm cursos superiores, a nível da fé, é analfabeta, tendo-se ficado pela catequese infantil de preparação para a Comunhão. Quem é que os vê, como catequistas de crianças, de adolescentes e jovens, ou ajudando nos Cursos de Preparação para o Matrimónio? As catequeses das nossas Paróquias continuam, na maioria dos casos, entregues a pessoas de boa vontade, mas sem formação capaz… Daí a debandada geral, após a recepção dos Sacramentos, à falta do testemunho de cristãos credíveis…
A Fé tem que ser inteligível, para ser credível: inteligível, antes de mais para quem crê; temos que terrazões para crer, senão não as temos para evangelizar: “Intellige ut credas” – dizia S.º Agostinho: procura compreender o que crês, para o creres mais convictamente e o testemunhares com mais credibilidade; S.º Inácio de Loiola diria: ‘procede, como se tudo dependesse de ti e nada de Deus! Mas, não podemos ficar por aqui; por isso, continua S.º Agostinho: “crede ut intelligas!” Mantém-te fiel, no seguimento de Cristo, ainda que não compreendas, de momento, o que crês, que a compreensão é filha da fidelidade; S.º Inácio diria: ‘procede como se tudo dependesse de Deus e nada de ti’!
Um dia, um jovem alemão disse-me que admirava os Jesuítas pela sua ligação ao mundo. De facto, S.º Inácio de Loiola viu-se e desejou-se para conseguir a libertação da vida conventual: nada de hábito religioso, pois não é o hábito que faz o monge; nada de Liturgia conventual das horas…Queria homens livres que pudessem ‘discorrer’ por todo o mundo. Não terá sido, por isso, que a Companhia de Jesus teve tanto sucesso, nos primeiros anos, sobretudo em Portugal, graças aos descobrimentos?
Onde estamos nós hoje? A primeira finalidade do Concílio foi levar a Igreja à descoberta da sua identidade: Igreja que dizes de ti? O que és? Para que existes? Qual a tua missão? Como estás a ser e a viver? Igreja, que tens a dizer ao mundo e como estás a dizê-lo? Como é que o mundo te vê? Que significas para ele? Como é que tu o ouves e ele te ouve? Muito pouco? Quase nada? Porquê?… Não continuarão a ser estas as questões centrais para a vida e missão da Igreja, hoje?
Porque será que o mundo não nos estima? Seremos verdadeiramente o que o Senhor nos mandou ser: fermento, sal e luz do mundo? Como o poderemos ser, se a nossa maior tentação – pelo menos nos últimos séculos – foi e é a fuga mundi, agora, não para o deserto, que era e é mundo, mas para o convento e a sacristia (o templo), que não existiam, no princípio?… «Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele» (Jo. 3, 17). Se assim é – se o próprio Filho de Deus não teve medo do mundo, porque haveremos nós de o ter?
Pe. Domingos Monteiro da Costa, SJ

01.04.2013 


sexta-feira, 5 de abril de 2013

PALAVRA DO PASTOR

“Anúncio fundamental da fé”


Estamos em pleno ANO DA FÉ, celebrando o Tempo Pascal após os intensos dias do Tríduo Pascal da Paixão, Morte, Sepultura e Ressurreição do Senhor. Assim estaremos em plena festa pascal por cinquenta dias como se fosse um só dia, até a Solenidade de Pentecostes.

O clima do Ano da Fé nos faz viver ainda com mais intensidade os fundamentos da vida cristã, renovando desde sua raiz a nossa fé cristã.

Vêm-nos à mente o que já celebramos com júbilo na solene liturgia, as palavras de São Paulo que faz o anúncio lapidar do Mistério Pascal Redentor: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras… (1Cor 15, 3-4).

O aniversário e a comemoração dominical semanal da Morte e Ressurreição de Jesus Cristo nos faz voltar às razões de nossa Fé! Por que sou cristão? Por que somos cristãos? Sem muitos rodeios, porque recebemos a extraordinária notícia, o Evangelho da Salvação: CRISTO MORREU PELOS NOSSOS PECADOS, FOI SEPULTADO E RESSUSCITOU AO TERCEIRO DIA PARA NOSSA JUSTIFICAÇÃO. Cremos neste testemunho dos que com Ele estiveram no drama terrível de sua morte ignominiosa – o Justo massacrado pelos pecados da multidão humana! E qual o sentido desta injustiça mostruosa?

Assim, desde o princípio a Palavra de Deus é que explica: “levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados. (1Pdr 2, 24), “porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercedeu.” (Is 53,12)

Sim. Esta é a maior novidade: Cristo morreu pelos nossos pecados.

E a prova é que Ele ressuscitou para a nossa justificação: “o qual foi entregue por causa das nossas transgressões, e ressuscitado para a nossa justificação.” (Rom 4,25) E Ele torna justos pela sua misericórdia e poder os que nEle crêem e a Ele se entregam na Fé. Expressam esta Fé recebendo o Batismo – simples no gesto, de poder infinito em seu efeito. E a vida cristã iniciada se completa com o Dom do Espírito Santo (Crisma) e a plena Comunhão no Senhor (Eucaristia). A consequência da graça redentora recebida nos sinais sacramentais torna vida em cada pessoa e na convivência humana mostrando assim sinais da presença do Reino de Deus.

E Jesus continua agora vivo na Ressurreição: “assentou nos céus à direita do trono da Majestade” (Hbr 8, 1) “e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20).

Revivemos esta realidade de modo solene na liturgia pascal, e a testemunhamos pela nossa própria existência como Igreja que atravessa os séculos. Testemunha a presença vitória do Senhor a santidade de tantos irmãos e irmãs, que iluminam a humanidade através dos tempos; testemunhos antigos e atuais – santidade em perfeita humanidade.

Retornamos ao Anúncio Fundamental da Fé, o chamado Kerigma – o Evangelho presente e atuante no hoje de nossa história.

E o fruto mais saboroso do Ano da Fé será nova vitalidade da vida cristã, de comunhão eclesial, de missão evangelizadora – nova evangelização que apresenta a pessoa de Jesus Cristo – o Senhor Vivo – ao mundo de hoje. Por isso a nossa vida cristã será verdadeiramente convincente se coerente com a morte para o pecado e a vida no Amor de Deus. E todos poderão reconhecer que Jesus foi enviado pelo Pai, é nosso Salvador e dá seu Espírito que renova todas as coisas na face da terra.

+ José Antonio Aparecido Tosi Marques

Arcebispo Metropolitano de Fortaleza

ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA: Nomeações e provisões – Março 2013.


arcebispo2001. Suspensão do Uso de Ordem – Pe. Marcos Antônio Alves Coelho. 13 03 13

2. Autorização de Santa Reserva Eucarística na Capela Comunitária da Comunidade de Vida Shalom – Parquelândia – na Paróquia de São Gerardo Magela – São Gerardo, Fortaleza 17 03 13

3. Autorização de Santa Reserva Eucarística na Capela São José da Comunidade de Capivara – Paróquia de Ideal, Aracoiaba 17 03 13

4. Provisão dos membros do Conselho Econômico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Guaramiranga 17 03 13

5. Provisão de Vigário Paroquial de São Vicente de Paulo em Tabapuá, Caucaia – Pe. Joaquim de Oliveira da Cruz, PODP 17 03 13

6. Autorização de Casa de Formação da Diocese de Itapipoca em Fortaleza 17 03 13

7. Uso de Ordem na Arquidiocese de Fortaleza – Pe. Sérgio dos Santos, PODP. 17 03 13

8. Provisão dos membros do Conselho Econômico da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Cascavel 20 03 13

9. Uso de Ordem na Arquidiocese de Fortaleza para Pe. Lucas Rodrigo da Silva, MI. 20 03 13

10. DECRETO N 003-2013 – supressão da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio – Centro, Fortaleza e redistribuição de seu território. 01 03 13

“As mulheres primeiras testemunhas da Ressurreição”: Papa Francisco na audiência geral onde pediu aos jovens para serem portadores de esperança


mulherescompapaO Papa Francisco recebeu hoje em Audiência Geral dezenas de milhares de peregrinos que enchiam a Praça de São Pedro por completo. Uma multidão que ouviu com atenção a Catequese do Santo Padre. Eis o resumo em língua portuguesa:

O Santo Padre retomou hoje as Catequeses do Ano da Fé. Tratou da Ressurreição de Jesus, centro da mensagem cristã dizendo que esta verdade de fé insere a nossa existência num horizonte de esperança aberto ao futuro de Deus, à felicidade plena, à certeza que o pecado e a morte podem ser vencidos.

“Mas é precisamente a Ressurreição que nos abre à esperança maior, porque abre a nossa vida e a vida do mundo ao futuro eterno de Deus, à felicidade plena, à certeza que o mal, o pecado, a morte podem ser vencidos. E isto leva a viver com mais confiança as realidades quotidianas, enfrentá-las com coragem e com empenho. A ressurreição de Cristo ilumina com uma luz nova estas realidades quotidianas. A resssureição de Cristo é a nossa força!”

E esta certeza que a fé nos dá permite que vivamos com mais confiança as realidades quotidianas, enfrentando-as com mais coragem e dedicação, na certeza de que Cristo é a nossa força. No Novo Testamento, Jesus Ressuscitado encontra-se com diversas testemunhas, primeiramente com um grupo de mulheres, em seguida com Pedro, depois com mais de quinhentas pessoas, até o encontro com Paulo, na estrada de Damasco.

Neste momento da audiência o Santo Padre aproveitou para saudar as mulheres presentes elogiando a sensiblidade feminina em assuntos de fé, desejando-lhes força sobretudo para a sua missão de mães:

“Antes de mais notemos que as primeiras testemunhas deste evento foram as mulheres. De manhã muito cedo, elas vão ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus e encontram o primeiro sinal: o túmulo vazio. Segue-se depois o encontro com um Mensageiro de Deus que anuncia: Jesus de Nazaré, o Crucificado, não está aqui ressuscitou. As mulheres são levadas pelo amor e sabem acolher este anúncio com fé: acreditam e subitamente transmitem, não ficam com a mensagem para si. A alegria de saber que Jesus está vivo, a esperança que enche os corações, não a podem fechar dentro de si mesmas. Nos Evangelhos as mulheres têm um papel primeiro, fundamental. Aqui podemos colher um elemento a favor da historicidade da Ressurreição: se fosse um facto inventado, no contexto daquele tempo não teria estado ligado ao testemunho das mulheres. Os evangelistas narram simplesmente aquilo que aconteceu: são as mulheres as primeiras testemunhas. E isto é belo, é a missão das mulheres e das mães, darem testemunho aos seus filhos e netos que Jesus está vivo e ressuscitou”.

Continuou dizendo que também nós podemos reconhecer e encontrar o Ressuscitado: na Sagrada Escritura; na Eucaristia, onde Jesus faz-se presente a nos faz entrar em comunhão com Ele; na caridade, quando os gestos de amor, bondade, misericórdia e perdão fazem resplandecer um raio da Ressurreição no mundo.” No final da sua catequese aproveitou para saudar calorosamente os jovens presentes dizendo-lhes que devem ser eles os portadores da boa-nova da ressurreição:

“Vi que estão tantos jovens na Praça. Digo-vos que leveis esta certeza. O Senhor está vivo e presente na nossa via. Esta é a vossa missão. Levai esta esperança a todo o mundo. Força jovens.”

Finalmente o Papa Francisco saudou as várias delegações presentes. Eis a tradução da saudação aos peregrinos de língua portuguesa:

“Amados peregrinos de língua portuguesa, particularmente o grupo de brasileiros vindos do Paraná: alegrai-vos e exultai, porque o Senhor Jesus ressuscitou! Deixai-vos iluminar e transformar pela força da Ressurreição de Cristo, para que as vossas existências se convertam num testemunho da vida que é mais forte do que o pecado e a morte. Feliz Páscoa para todos!”

Por Rádio Vaticano

Devolver a Liturgia ao Povo de Deus

José Lisboa Moreira de Oliveira
Filósofo. Doutor em teologia. Ex-assessor do Setor Vocações e Ministérios/CNBB. Ex-Presidente do Inst. de Past. Vocacional. É gestor e professor do Centro de Reflexão sobre Ética e Antropologia da Religião (CREAR) da Universidade Católica de Brasília
Adital

No Domingo de Ramos passado fui entrevistado por quase uma hora por um programa de rádio de uma emissora do interior da Bahia e que é dedicado à questão da relação entre fé e exercício da cidadania. Nos estúdios da rádio, além do apresentador do programa, estavam pessoas da comunidade que me dirigiam comentários e perguntas. Numa das perguntas que me foram dirigidas o interlocutor me perguntava se o papa Francisco precisaria realizar alguma reforma no campo da Liturgia. Respondi-lhe positivamente sem pestanejar, afirmando que o novo papa terá que devolver a Liturgia ao povo.
E ao fazer tal afirmação eu tinha presente o desmonte que foi sendo realizado nas últimas décadas no campo da Liturgia, dentro da Igreja Católica Romana. Além do retorno ao ultraconservadorismo, com alfaias mofas e missas em latim, nas quais o padre literalmente dá as costas ao povo, tivemos a usurpação das celebrações por padres exibicionistas que, ao invés de conduzir a assembleia para Cristo, atraem as pessoas para eles mesmos. Fazem da Liturgia verdadeiros shows nos quais o povo permanece iludido, mudo, paralisado e tratado como uma massa de idiotas. Tudo isso contraria a disposição dada pela Constituição Sacrosanctum Concilium (SC), primeiro documento promulgado pelo Vaticano II, e segundo a qual a Liturgia é uma ação eclesial que pertence e é realizada por todo o Povo de Deus e não apenas por uma meia dúzia de pessoas (SC,14).
No parágrafo apenas citado, a Constituição litúrgica salienta que todos os fiéis têm o direito e o dever de participar de maneira ativa e consciente da celebração litúrgica. Tal direito e dever decorre da plena cidadania cristãde todos os batizados e de todas as batizadas, em razão da participação no sacerdócio de Cristo, que faz deles e delas raça escolhida, nação santa, povo eleito de Deus (1Pd 2,4-10). Por ser a Liturgia a primeira e necessária fonte da vida cristã – continua o documento conciliar sobre a Liturgia – os bispos e padres têm a obrigação de oferecer uma profunda formação litúrgica que permita a todos os batizados e a todas as batizadas participarem plenamente das celebrações litúrgicas. Mais adiante (SC, 28) a Constituição litúrgica esclarece que para que haja plena participação de todo o Povo de Deus nas celebrações é indispensável que aquele que as preside faça tão somente aquilo que lhe compete no exercício da presidência litúrgica. E não só isso. Cabe-lhe também o dever e a obrigação de, enquanto presidente, respeitar e fazer respeitar o específico de cada ministério e de cada serviço dentro da Liturgia, não lhe sendo permitido usurpar ou permitir que se usurpe aquilo que pertence a outros ministérios e serviços (SC, 29).
Nesta mesma perspectiva o documento conciliar pede que se promova a participação ativa de todas as pessoas que se fazem presente na celebração litúrgica, de modo que a Liturgia não termine sendo reduzida a um espetáculo, ao qual algumas pessoas assistem (SC, 30-31). Por esse motivo, salvaguardada a diversidade própria dos ministérios, "não haja nenhuma acepção de pessoas particulares ou de condições, quer nas cerimônias, quer nas solenidades externas” (SC, 32). Isso nos diz que, de acordo com a Constituição litúrgica do Vaticano II, não há mais lugar para expectadores dentro de uma celebração da Liturgia. Todos os que se fazem presentes têm o direito e o dever de participar, de modo que se pode concluir que a comunidade reunida em torno do altar é o único sujeito ativo da celebração. Numa liturgia não existem os que celebram e os que assistem, mas todos são celebrantes, embora cada um e cada uma participa da celebração a partir da função que brota da sua vocação específica e dos carismas e ministérios recebidos do Espírito (SC, 7).
Recentemente pude vivenciar toda essa riqueza proposta pela Constituição litúrgica do Vaticano II. Celebrei o Tríduo Pascal com um grupo de pessoas no Mosteiro da Anunciação do Senhor, em Goiás (GO), cidade goiana conhecida mundialmente por sua arquitetura colonial. Éramos um grupo pequeno de hóspedes do mosteiro e membros da comunidade local. Havia uma diversidade muito grande de pessoas que ia desde o cidadão simples e comum até professoras e professores de universidades. Cada celebração foi intensa e bem participada. Nenhum dos presentes se sentiu excluído e mero expectador. Ninguém usurpou a cidadania eclesial dos outros, mas todas e todos participaram intensamente de cada momento litúrgico, sempre a partir da sua vocação e missão na Igreja e na sociedade. Na sexta-feira santa não havia padre, mas nem por isso a Liturgia da Paixão deixou de ser feita e bem vivida. A missa da Ceia do Senhor e a Vigília Pascal foram presididas por um presbítero haitiano que fazia estágio na comunidade. Mas em nenhum momento o padre quis ser a estrela da celebração. Exerceu sua função de presidente da assembleia litúrgica com discrição, simplicidade e dignidade, sem tirar dos demais ministros e litúrgos o espaço que lhe era próprio. Por esse motivo as celebrações foram intensas, leves e profundamente revestidas de grande unção. Basta dizer que a celebração da Vigília Pascal teve início às três da manhã do domingo e se estendeu até as seis, quando concluímos este momento celebrativo com um delicioso "café acompanhado”, segundo a belíssima expressão da cultura local.
Precisamos, pois, retomar o espírito litúrgico do Vaticano II, uma vez que a Liturgia é a principal manifestação da Igreja local (SC, 41). Neste parágrafo o documento conciliar deixa bem claro que as celebrações litúrgicas são o retratoda diocese. Se nelas as pessoas são tratadas e agem como meros expectadores isso significa que nesta diocese não há Igreja de Cristo, mas apenas uma caricatura dela. De fato a palavra Igreja (do latim ecclesiae do grego ekklesía) literalmente significa a assembleia daqueles e daquelas que foram convocados e reunidos por Deus Pai, por meio do Filho e na força do Espírito. Nesta assembleia todas e todos são "pedras vivas” (1Pd 2,5), ou seja, membros ativos, participantes do mesmo e único sacerdócio de Cristo, cidadãos e cidadãs do Povo de Deus (1Pd 2,9-10).
Portanto, quando a Liturgia é manipulada e controlada por algumas pessoas; quando é propriedade particular de alguns, isso quer dizer que também a Igreja local não é Povo de Deus, mas apenas o curral onde "ladrões e salteadores” mantêm os batizados e as batizadas presos e escravizados (Jo 10,1-6). Se na Liturgia não há espaço para a diversidade, isso significa que na Igreja local não há espaço para a variedade de vocações, carismas, ministérios e serviços suscitados pelo Espírito (1Cor 12,4-13). É uma Igreja atrofiada, ou melhor, monstrenga, na qual alguns "carismáticos” usurpam o espaço dos demais membros (1Cor 12,14-21). E, lamentavelmente, há muitas dioceses completamente monstrengas por esse mundão afora. E para corrigir essa deficiência só há um caminho: fazer florescer a dimensão comunitária da Liturgia, devolver a Liturgia ao povo (SC, 42). Que o papa Francisco, em sua reforma, não se esqueça disso. Cuide para que as liturgias deixem de ser "ações privadas” e voltem a ser sacramentos de unidade do povo santo de Deus reunido mediante convocação da Trindade Santa (SC, 26).
[*Filósofo, teólogo, escritor, conferencista e professor universitário. Autor de Viver em Comunidade para a Missão. Um chamado à Vida Religiosa Consagrada, por Paulus Editora. Mais informações http://www.paulus.com.br/viver-em-comunidade-para-a-missao-um-chamado-a-vida-religiosa-consagrada_p_3083.html].