terça-feira, 30 de julho de 2013

Francisco, o ilustre filho da Inácio de Loyola

geovane150Por Padre Geovane Saraiva*.

O primeiro Papa jesuíta da história é um homem profundamente livre, que desse dom maravilhoso de Deus – a liberdade, representa uma revolução na Igreja Católica. No seu sábio projeto de bem governar à Igreja, encarnando-a e entrelaçando-a numa Igreja marcada pela ternura, humildade e simplicidade, sem, contudo esquecer sua realidade esplendorosa, transcendente e gloriosa, dentro da visão apocalíptica, quando autor sagrado nos acena para a Jerusalém celeste, que é a casa de Deus cheia de glória, no sólido ensinamento do Apóstolo Paulo, a nos dizer que o “Filho de Deus, que era rico, se fez pobre para vos enriquecer com sua pobreza“ (2Cor 8, 9).

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1º Encontro do Setor Liturgia da Arquidiocese de Fortaleza acontece no próximo dia 3 de agosto

O encontro acontecerá no Santuário de Fátima, na Avenida 13 de Maio, s/n, bairro de Fátima, com início às 8h, terminando ao meio dia. Será realizado um estudo sobre a função da Equipe de Liturgia. Todas as regiões episcopais, paróquias, áreas pastorais e comunidades devem enviar membros das suas equipes de liturgia.

Leia a íntegra da Carta Convite com orientações diversas:

“A liturgia é o cume para onde se dirige toda a ação da Igreja e, ao mesmo tempo, a fonte de onde brota a sua força” (SC 10).

Aos vigários episcopais, secretários e secretárias as e representes da liturgia nas regiões episcopais.

Paz e bem!

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Terça-feira de repouso para Francisco, depois da "semana inesquecível" no Rio

Cidade do Vaticano (RV) – De volta ao Vaticano, esta terça-feira para o Papa Francisco é de descanso. Depois da viagem de 12 horas e da visita à Basílica de Santa Maria Maior na segunda, não está prevista nenhuma audiência.

Aliás, para toda esta semana há uma única atividade prevista, para além do tradicional Angelus de domingo. Na quarta-feira pela manhã, por ocasião da festa de Santo Inácio de Loyola, fundador da Companhia de Jesus, o Santo Padre celebrará a Santa Missa com os jesuítas na Igreja de Jesus, no centro histórica de Roma.

Tratar-se-á de uma Missa em forma privada, como as que são celebradas na capela da Casa Santa Marta, residência do Pontífice.

A Missa será concelebrada pelo Prepósito da Companhia, Pe. Adolfo Nicolás, que acaba de voltar do Brasil, onde por ocasião da Jornada Mundial da Juventude participou do encontro mundial do Magis, o movimento juvenil dos jesuítas.

Já no Vaticano, o Papa tuitou aos seus seguidores: "Semana inesquecível no Rio! Obrigado a todos! Rezem por mim. #Rio2013 #JMJ"
(BF)


Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/30/terça-Feira_de_repouso_para_francisco,_depois_da_semana/bra-715389
do site da Rádio Vaticano

Papa e povo, sintonia sem igual

RealAudioMP3 Rio de Janeiro (RV) – “Uma sintonia sem igual”: assim, o Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Dom Paulo Cezar Costa, define a passagem do Papa Francisco pelo Rio de Janeiro, num primeiro balanço da Jornada Mundial da Juventude.

Eis o que disse ao correspondente da Rádio Vaticano, Silvonei José:

“Foram momentos de uma intensidade sem igual, de uma riqueza que não se pode medir. O Papa convidou a juventude do mundo para vir ao Rio de Janeiro; os jovens responderam, a cidade respondeu. A cidade do Rio de Janeiro esses dias se tornou uma cidade do mundo. Os jovens vieram, aqui fizeram um belíssimo encontro com Cristo, se encontrando com o Papa Francisco. A cidade se transformou nesses dias; o Papa com a sua simpatia, com o seu carisma, com a sua simplicidade. Ele foi amado, se tornou amado pelo povo brasileiro, já era amado; mas o povo sentiu o coração do Papa e o Papa sentiu o coração do povo. Foi uma sintonia sem igual. Como dizia Dom Orani, já sentimos saudades. O Papa nem tinha partido e nós já estávamos com saudade.”

Clique acima para ouvir a entrevista completa.



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/30/papa_e_povo,_sintonia_sem_igual/bra-715390
do site da Rádio Vaticano

Sublimidade de Cristo

Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo Emérito de Uberaba (MG)
 
A Jornada Mundial da Juventude nos reservou muitas alegrias e até surpresas. O Papa Francisco mostrou-se um pastor profundamente sintonizado com o povo. Sua alma fala com a multidão, com uma leveza espontânea de um pai, amado pelos seus filhos. Cumpriu a vontade de Jesus que queria que São Pedro “confirmasse seus irmãos na fé” (Lc. 32,22). O que se pôde observar é que o centro de seus interesses não era a sua própria pessoa, mas a juventude e o povo em geral. A esses ele queria dar o testemunho de sua vida cristã, totalmente voltada para Cristo. Embora tivéssemos tido muitos momentos de grande significado, nesta Jornada Mundial da Juventude, quero destacar, no entanto, apenas um que, foi um ponto alto de tudo que se viu. Trata-se da Via Sacra do Jovem. Estamos diante de uma representação teatral moderna, fiel à figura central que é Cristo, cujo fulgor atingiu uma expressão mundial. Em qualquer lugar do planeta a encenação pode ser considerada uma obra prima.
 
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Seguir Jesus, desafio que exige compromisso (2ª parte)

Frei Gilvander Luís Moreira
Fonte: Adital
Subida de Jesus e do seu Movimento para Jerusalém, um Caminho de libertação.
[Leia também a Parte 1].
1 – Introdução.
"Jesus toma a firme decisão de partir para Jerusalém.” (Lc 9,51). "Jesus atravessava cidades e povoados, ensinando e prosseguindo caminho para Jerusalém.” (Lc 13,22). Esses dois versículos emolduram a 1ª grande parte da Caminhada de Jesus e do seu movimento para Jerusalém (Lc 9,51-13,21). Muitas narrativas compõem essa parte imprescindível do Evangelho de Lucas. Vamos interpretar essas narrativas, não todas, observando como elas podem nos inspirar no Seguimento de Jesus e no compromisso com seu Projeto. Veremos os apelos de Jesus, suas exigências e o compromisso necessário para se seguir o Profeta da Galileia.
 
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segunda-feira, 29 de julho de 2013


Parto com saudades! Tenho imensa esperança nos jovens: Papa, ao despedir-se do Brasil


papaaviaoO avião que transporta o Papa Francisco deve aterrar às 11.30 no aeroporto de Ciampino, em Roma, no regresso da sua viagem de uma semana ao Brasil, para participar na JMJ do Rio.

Como primeiro balanço de uma viagem tão intensa e comovente para todos os que a acompanharam, ouçamos o nosso correspondente Silvonei José:

Foram cheias de humanidade e verdadeira amizade as palavras pronunciadas pelo Papa no aeroporto:

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Papa Francisco encontrou Comitê do CELAM: "é na capacidade de servir que se mostra e exercita a autoridade"

Cidade do Vaticano (RV) - RealAudioMP3 O Papa Francisco encontrou-se por volta das 16 horas deste domingo com o Comitê de Coordenação do Conselho Episcopal Latinoamericano – CELAM. O encontro, realizado após o almoço do Papa e sua comitiva, realizou-se no Auditório do Centro de Estudos do Sumaré.

O Presidente do CELAM, Arcebispo de Tlalnepantla, México, Dom Carlos Aguiar Retes saudou o Santo Padre, que logo após proferiu o seu discurso. Após uma breve introdução, o Santo Padre evidenciou quatro características peculiares da V Conferência de Aparecida. “São as quatro colunas do desenvolvimento de Aparecida e que lhe dão originalidade”: o ‘início sem um documento’ de partida, mas cujo trabalho inicial consistiu em colocar em comum as preocupações dos Pastores diante das mudanças de época e a necessidade de recuperar a vida discipular e missionária; o ‘ambiente de oração com o Povo de Deus’; o ‘Documento que se prolonga em compromisso, com a Missão Continental’ e a ‘presença de Nossa Senhora, Mãe da América’.


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VERSÃO COMPLETA DA ENTREVISTA DO PAPA

Papa Francisco concede entrevista exclusiva a Gerson Camarotti  (Foto: reprodução GloboNews) O repórter Gerson Camarotti acompanhou passo a passo a visita do Papa Francisco ao Brasil, durante a Jornada Mundial da Juventude e fez, com exclusividade mundial, a primeira entrevista do pontífice, desde sua eleição no Vaticano, em março deste ano.
Na entrevista, Francisco destacou ter sentido um afeto que desconhecia, ao ser recebido, de forma muito calorosa. “O povo brasileiro tem um grande coração. Quanto à rivalidade, creio que já está totalmente superada, porque negociamos bem: o Papa é argentino e Deus é brasileiro”, brincou.
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O QUE DISSE O PAPA NO RETORNO A ROMA

Do G1, em São Paulo
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O Papa Francisco desembarca nesta segunda-feira (29) no aeroporto Ciampino, em Roma (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)O Papa Francisco desembarca nesta segunda-feira (29) no aeroporto Ciampino, em Roma (Foto: Alessandro Bianchi/Reuters)
O Papa Francisco disse nesta segunda-feira (29) que os homossexuais não devem ser "julgados ou marginalizados" e que devem ser integrados à sociedade.
Conversando com jornalistas a bordo do avião que o levou do Rio a Roma após a Jornada Mundial da Juventude, Francisco também afirmou que, segundo o Catecismo da Igreja Católica, a orientação homossexual não é pecado, mas os atos, sim.

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sábado, 27 de julho de 2013

Pontífice usa a cruz para falar dos desafios sociais e dos políticos

PAPA FRANCISCO

O Papa da liberdade de espírito e da razão cordial
Por Leonardo Boff


Uma das maiores conquistas da pessoa humana em seu processo de individuação é a liberdade de espírito. Liberdade de espírito é a capacidade de ser duplamente livre: livre das injunções, regras, normas e protocolos que foram inventados pela sociedade e pelas instituições para uniformar comportamentos e moldar personalidades segundo tais determinações. E significa fundamentalmente ser livre para ser autêntico, pensar com sua própria cabeça e agir consoante sua norma interior, amadurecida ao largo de toda vida, na resistência e na tensão com aquelas injunções.
 
E essa é uma luta titânica. Pois, todos nascemos dentro de certas determinações que independem de nossa vontade seja na família, na escola, na roda de amigos, na religião e na cultura que moldam nossos hábitos. Todas estas instâncias funcionam como superegos que podem ser limitadores e em alguns casos até castradores. Logicamente, estes limites desempenham uma função reguladora importante. Pelo fato de o rio possuir margens e limites é que ele chega ao mar. Mas estes podem também represar as águas que deveriam fluir. Então se esparramam pelos lados e se transformam em charcos.
 
As atitudes e comportamentos surpreendentes do atual bispo de Roma -como gosta de se apresentar; comumente chamado de Papa Francisco- nos evocam esta categoria tão determinante da liberdade de espírito.
 
Normalmente o cardeal nomeado Papa logo incorpora o estilo clássico, sacral e hierático dos Papas, seja nas vestimentas, nos gestos, nos símbolos do supremo poder sagrado e na linguagem. Francisco, dotado de imensa liberdade de espírito, fez o contrario: adaptou a figura do Papa a seu estilo pessoal, aos seus hábitos e às suas convicções. Todos conhecem as rupturas que introduziu sem a maior cerimônia. Aliviou-se de todos os símbolos de poder, especialmente, a cruz de ouro e pedras preciosas e o mantelo (mozetta) colocado aos outros, cheio de brocados e preciosidades, outrora símbolo dos imperadores romanos pagãos: sorrindo disse ao secretário que queria colocá-lo a seus ombros: "guarde-o porquê o carnaval já acabou”. Veste-se na maior sobriedade, de branco, com seus sapatos pretos habituais e, por baixo, com sua calça também preta. Dispensou todas as facilidades atribuídas ao supremo Pastor da Igreja, desde o palácio pontifício substituído por uma hospedaria eclesiástica, comendo junto com outros. Reporta-se antes ao pobre Pedro que era um rude pescador ou a Jesus que, segundo o poeta Fernando Pessoa, "não entendia nada de contabilidade nem consta que tinha biblioteca”, pois era um "factotum” e simples camponês mediterrâneo. Sente-se sucessor do primeiro e representante do segundo. Não quer que o chamem de Sua Santidade, pois se sente "irmão entre irmãos”, nem quer presidir a Igreja no rigor do direito canônico, mas na caridade calorosa.
 
Em sua viagem ao Brasil mostrou sem nenhuma espetacularização, esta sua liberdade de espírito: deseja como transporte um carro popular, um jipe coberto para locomoção no meio do povo, para e abraça crianças, para tomar um pouco de chimarrão, até trocar seu "solidéu papal branco” da cabeça, por um outro, meio desengonçado oferecido por um fiel. Na cerimônia oficial de acolhida por parte do Governo que obedece a um rigoroso protocolo, após o discurso, vai à Presidenta Dilma Rousseff e a beija para estarrecimento do mestre de cerimônia. E muitos seriam os exemplos.
 
Esta liberdade de espírito lhe traz uma inegável irradiação feita de ternura e vigor, as características pessoais de São Francisco de Assis. Trata-se de um homem de grande inteireza. Tais atitudes serenas e fortes mostram um homem de grande enternecimento e que realizou uma significativa síntese pessoal entre o seu eu profundo e o seu eu consciente. É o que esperamos de um líder, especialmente religioso. Ele evoca ao mesmo tempo leveza e segurança.
 
Esta liberdade de espírito é potenciada pelo resgate esplêndido que faz da razão cordial. A maioria dos cristãos está cansada de doutrinas e é cética em face de campanhas contra reais ou imaginados inimigos da fé. Estamos todos impregnados até a medula pela razão intelectual, funcional, analítica e eficientista. Agora vem alguém que, em todo momento, fala do coração como o fez em sua fala na comunidade (favela) de Varginha ou na ilha de Lampedusa. É no coração que mora o sentimento profundo pelo outro e por Deus. Sem o coração as doutrinas são frias e não suscitam nenhuma paixão. Face aos sobreviventes vindos de África, confessa: "somos uma sociedade que esqueceu a experiência de chorar, de ‘padecer com’: a globalização da indiferença tirou-nos a capacidade de chorar”. Sentencia com sabedoria: "A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como trata os mais necessitados”.
 
Por esta medida, a sociedade mundial é um pigmeu, anêmica e cruel.
 
A razão cordial é mais efetiva na apresentação do sonho de Jesus que qualquer doutrina erudita e tornará o seu principal arauto, o Francisco de Roma, uma figura fascinante que vai ao fundo do coração dos cristãos e de outras pessoas.
 
[De Leonardo Boff acaba de sair Francisco de Assis e Francisco de Roma, Mar de Ideias, Rio 2013].

Com os pobres e com os jovens


papaAo encontrar os trinta mil jovens vindos da Argentina, um encontro inicialmente não programado, e com a festa de acolhimento em Copacabana, muito calorosa não obstante o frio, o Papa Francisco fez entrar no vivo a jornada mundial da juventude iniciada numa Rio de Janeiro cinzento e chuvoso, mas onde depois raiou o sol. Poucas horas antes o Pontífice tinha encontrado a pequena comunidade da Varginha no coração de uma das numerosas favelas da metrópole brasileira, exemplo concreto daquelas periferias materiais e existenciais que desde há décadas estão no centro da sua atenção e solicitude de sacerdote e de bispo.

Portanto, pobres e jovens mas não isolados como se fossem categorias a serem classificadas ou tratadas de forma asséptica, mas que ao contrário devem ser consideradas e, sobretudo, encontradas no tecido social. O Papa já o tinha explicado, falando aos jornalista no avião em voo para o Brasil e reiterou-o aos milhares de argentinos que apinharam a catedral do Rio e o adro: o risco, para todos, é a exclusão. Com efeito, a crise mundial evidenciou os perigos intoleráveis que podem ser causados pela falta de trabalho, derivante da busca exasperada e absoluta do lucro económico que quer prescindir de qualquer controle, ídolo novo e terrível.

Eis então a marginalização de inteiras gerações. De jovens, que contudo representam o futuro, de idosos, também eles marginalizados e silenciados a ponto de fazer pensar numa eutanásia oculta, afirmou o bispo de Roma na suadação improvisada aos seus concidadãos, mas dirigindo-se como sempre a todos com eficácia extraordinária. Assim o Pontífice pediu para que se reaja a esta situação em nome do Evangelho, mesmo se isso cria problemas como consequência desejada da jornada do Rio: espero lío, disse literalmente, repetindo um conceito sacrossanto e reiterado várias vezes ao longo destes meses. Para que toda a Igreja saia de si mesma e abandone uma auto-referencialidade cada vez mais estéril, para se pôr em jogo numa acção enraizada na oração e na contemplação.

Gestos e palavras tinham acabado de se entrelaçarem na visita comovedora à Varginha, que fez recordar a de Paulo VI no bairro de Tondo, na periferia de Manila, e as numerosas durante as viagens de João Paulo II e a solicitude de Bento XVI precisamente no Brasil ou durante a viagem ao Benim. No pequeno bairro de casas pobres, o Papa comoveu-se ao abençoar o altar de madeira na paróquia, como se fosse um parente em visita pegou em duas crianças ao colo para tirar fotografias num quarto minúsculo e rezou com os fiéis evangélicos, que lhe pediram com devoção para abençoar rosários e garrafinhas de água.

O Papa Francisco, bispo daquela Igreja que desde os tempos mais antigos preside na caridade a comunhão católica, quis deste modo demonstrar o rosto mais autêntico da fé cristã, o da misericórdia, durante este prólogo emocionante na jornada mundial da juventude. Que acolheu na noite húmida e fria, recordando com afecto o seu predecessor e pedindo um aplauso – «neste momento está a ver-nos» na televisão, disse – para Bento XVI. E iniciou a bater as palmas, seguido imediatamente por milhões de jovens que estavam presentes em Copacabana.

Por L’Osservatore Romanog. Fonte: http://www.news.va/pt/news/com-os-pobres-e-com-os-jovens

Na Catedral do Rio, Papa Francisco convoca bispos, padres e religiosos para ir ao encontro das pessoas

FONTE: CNBB
         
FranciscoCatedral27072013Na manhã deste sábado, 27 de julho, a Catedral Metropolitana de São Sebastião, no Rio de Janeiro (RJ) recebeu os bispos brasileiros, presbíteros e diáconos, além de religiosos e seminaristas, para a missa presidida pelo Papa Francisco. O pontífice foi acolhido na Catedral pelo arcebispo do Rio, dom Orani João Tempesta. Também concelebraram o presidente da CNBB, cardeal Raymundo Damasceno Assis; o vice-presidente da entidade, dom José Belisário da Silva, e diversos bispos brasileiros e estrangeiros, que pregaram as catequeses durante a Jornada Mundial da Juventude.
 
O Santo Padre presenteou a Catedral do Rio de Janeiro com um cálice, simbolizando a unidade da igreja em comunhão. Após a proclamação do evangelho, um trecho da conclusão de São Marcos que relata o envio dos discípulos de Jesus, Francisco dirigiu a sua homilia. “Vendo essa Catedral lotada, penso na palavra do salmo da missa do dia de hoje: ‘Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor”, iniciou. “Somos chamados por Deus! (...) Os religiosos não podem ser desmemoriados. Tem que ter no coração a recordação da origem de sua vocação”.
 
O Papa recordou que os vocacionados são chamados a ir ao encontro dos irmãos. “Permanecer com Cristo não significa exilar-se, mas sim ir ao encontro dos outros. (...) Ser missionário não significa necessariamente abandonar o país, família e os amigos. Pois Deus quer que sejamos missionários onde estamos. Ajudemos aos jovens a perceber que ser discípulo é consequência do ser batizado”.
 
Em harmonia com a reflexão atual da Igreja no Brasil sobre a renovação paroquial, Francisco destacou que os ministros do evangelho devem ir ao encontro dos que estão afastados. “Não podemos ficar enclaustrados em nossa casa, em nossa paróquia. Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. Devemos sair, somos enviados! Temos que sair pela porta para buscar e encontrar as pessoas”, disse o Papa, que destacou também a importância da acolhida dos jovens nas comunidades. “São convidados VIP em nossas paróquias!”.
Francisco recordou ainda que os ministros da Igreja devem combater a cultura da exclusão.

“Queridos irmãos e irmãs, somos chamados por Deus a anunciar o Evangelho e a promover com alegria a cultura do encontro. (...) Vamos ao encontro de tantos irmãos e irmãs que estão abandonados. Não fiquemos em casa: vamos sair de casa, e assim sejamos discípulos do Senhor!”.

Leia a íntegra da homilia:
Vendo esta catedral lotada com Bispos, sacerdotes, seminaristas, religiosos e religiosas vindos do mundo inteiro, penso nas palavras do Salmo da Missa de hoje: ‘Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor’ (Sl 66). Sim, estamos aqui reunidos para glorificar o Senhor; e o fazemos reafirmando a nossa vontade de sermos seus instrumentos, para que não somente algumas nações mas todas glorifiquem o Senhor. Com a mesma parresia – coragem, ousadia - de Paulo e Barnabé, anunciemos o Evangelho aos nossos jovens para que encontrem Cristo, luz para o caminho, e se tornem construtores de um mundo mais fraterno. Neste sentido, queria refletir com vocês sobre três aspectos da nossa vocação: chamados por Deus; chamados para anunciar o Evangelho; chamados a promover a cultura do encontro.
 
Chamados por Deus. É importante reavivar em nós esta realidade que, frequentemente, damos por descontada em meio a tantas atividades do dia-a-dia: ‘Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi», diz-nos Jesus’ (Jo 15,16). Significa retornar à fonte da nossa chamada. No início de nosso caminho vocacional, há uma eleição divina. Fomos chamados por Deus, e chamados para permanecer com Jesus (cf. Mc 3, 14), unidos a Ele de um modo tão profundo que nos permite dizer com São Paulo: ‘Eu vivo, mas não eu, é Cristo que vive em mim’ (Gal 2, 20). Este viver em Cristo configura realmente tudo aquilo que somos e fazemos. E esta ‘vida em Cristo’ é justamente o que garante a nossa eficácia apostólica, a fecundidade do nosso serviço: ‘Eu vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça’ (Jo 15,16). Não é a criatividade pastoral, não são as reuniões ou planejamentos que garantem os frutos, mas ser fiel a Jesus, que nos diz com insistência: ‘Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós’ (Jo 15, 4).
 
E nós sabemos bem o que isso significa: Contemplá-lo, adorá-lo e abraçá-lo, particularmente através da nossa fidelidade à vida de oração, do nosso encontro diário com Ele presente na Eucaristia e nas pessoas mais necessitadas. O ‘permanecer’ com Cristo não é se isolar, mas é um permanecer para ir ao encontro dos demais. Vem-me à cabeça umas palavras da Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá: ‘Devemos estar muito orgulhosas da nossa vocação, que nos dá a oportunidade de servir Cristo nos pobres. É nas favelas, nos ‘cantegriles’ nas Villas miseria, que nós devemos ir procurar e servir a Cristo. Devemos ir até eles como o sacerdote se aproxima do altar, cheio de alegria’. Jesus, Bom Pastor, é o nosso verdadeiro tesouro; procuremos fixar sempre mais n’Ele o nosso coração (cf. Lc 12, 34).
 
Chamados para anunciar o Evangelho”. E, fez um apelo direto: “Queridos bispos e sacerdotes, muitos de vocês, senão todos, vieram acompanhar seus jovens à Jornada Mundial. Eles também ouviram as palavras do mandato de Jesus: ‘Ide e fazei discípulos entre todas as nações’ (cf. Mt 28,19). É nosso compromisso ajudá-los a fazer arder, no seu coração, o desejo de serem discípulos missionários de Jesus. Certamente muitos, diante desse convite, poderiam sentir-se um pouco atemorizados, imaginando que ser missionário significa deixar necessariamente o País, a família e os amigos. Recordo o meu sonho da juventude: partir missionário para o longínquo Japão. Mas Deus me mostrou que o meu território de missão estava muito mais perto: na minha pátria. Ajudemos os jovens a perceberem que ser discípulo missionário é uma consequência de ser batizado, é parte essencial do ser cristão, e que o primeiro lugar onde evangelizar é a própria casa, o ambiente de estudo ou de trabalho, a família e os amigos.
 
Não poupemos forças na formação da juventude!. São Paulo usa uma bela expressão, que se tornou realidade na sua vida, dirigindo-se aos seus cristãos: ‘Meus filhos, por vós sinto de novo as dores do parto até Cristo ser formado em vós’ (Gal 4, 19). Também nós façamos que isso se torne realidade no nosso ministério! Ajudemos os nossos jovens a descobrir a coragem e a alegria da fé, a alegria de ser pessoalmente amados por Deus, que deu o seu Filho Jesus para nossa salvação. Eduquemo-los para a missão, para sair, para partir. Jesus fez assim com os seus discípulos: não os manteve colados a si, como uma galinha com os seus pintinhos; Ele os enviou! Não podemos ficar encerrados na paróquia, nas nossas comunidades, quando há tanta gente esperando o Evangelho! Não se trata simplesmente de abrir a porta para acolher, mas de sair pela porta fora para procurar e encontrar. Decididamente pensemos a pastoral a partir da periferia, daqueles que estão mais afastados, daqueles que habitualmente não freqüentam a paróquia. Também eles são convidados para a Mesa do Senhor.
 
Em muitos ambientes, infelizmente, ganhou espaço a cultura da exclusão, a ‘cultura do descartável’. Não há lugar para o idoso, nem para o filho indesejado; não há tempo para se deter com o pobre caído à margem da estrada. Às vezes parece que, para alguns, as relações humanas sejam regidas por dois “dogmas” modernos: eficiência e pragmatismo. Queridos Bispos, sacerdotes, religiosos e também vocês, seminaristas, que se preparam para o ministério, tenham a coragem de ir contra a corrente. Não renunciemos a este dom de Deus: a única família dos seus filhos. O encontro e o acolhimento de todos, a solidariedade e a fraternidade são os elementos que tornam a nossa civilização verdadeiramente humana. Temos de ser servidores da comunhão e da cultura do encontro. Permitam-me dizer: deveríamos ser quase obsessivos neste aspecto! Não queremos ser presunçosos, impondo as ‘nossas verdades’. O que nos guia é a certeza humilde e feliz de quem foi encontrado, alcançado e transformado pela Verdade que é Cristo, e não pode deixar de anunciá-la (cf. Lc 24, 13-35).
 
Queridos irmãos e irmãs, fomos chamados por Deus, chamados para anunciar o Evangelho e promover corajosamente a cultura do encontro. A Virgem Maria seja o nosso modelo. Na sua vida, Ela deu ‘exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja, tem de regenerar os homens’. Seja Ela a Estrela que guia com segurança nossos passos ao encontro do Senhor. Amém.

Na Via Sacra, Papa Francisco fala dos jovens que perderam a fé na Igreja pela incoerêcia de seus filhos e recorda das vítimas do incêndio em Santa Maria

Rio de Janeiro (RV)RealAudioMP3 Na noite desta sexta-feira, o Papa Francisco participou, com os mais de um milhão de jovens reunidos na Praia de Copacabana, da Via Sacra, sempre um dos momentos mais intensos das Jornadas Mundiais da Juventude. 280 artistas e voluntários do Brasil, Porto Rico, México, Argentina, Alemanha e Estados Unidos representaram as treze das estações distribuídas ao longo de 900 metros da Av. Atlântica, sendo que a última foi representada no palco central, onde encontrava-se o Santo Padre.

O Papa Francisco foi de helicóptero até o Forte de Copacabana onde embarcou no Papamóvel, sendo uma vez mais, saudado por milhares de pessoas ao longo de todo o trajeto na Av. Atlântica. O Santo Padre, como de costume, fez algumas paradas ao longo do percurso. Numa delas, desceu do Papamóvel e abençoou uma imagem de Nossa Senhora de Luján, nas mãos de um sacerdote, e uma imagem de São Francisco. Uma senhora tinha uma pomba de gesso nas mãos que também foi abençoada por Francisco. Também beijou diversas crianças, saudou e abençoou populares e doentes.

O Papa Francisco subiu ao palco às 17hs56min, saudando os Cardeais e Bispos presentes e os 35 ‘trabalhadores excluídos’ ou ‘cartoneros’ (catadores de papel) que pediu que fossem buscados na Argentina e colocados no palco principal, próximo a ele. Por volta das 18 horas, Francisco fez a Oração de Abertura da Via Sacra. A cruz percorreu as Estações, passando pela Pedra do Arpoador e a Escadaria Selarón, na Lapa, além de outras ruas da cidade carioca, envolvendo 280 voluntários, durante mais de uma hora, ao som de uma orquestra, um coral, tudo aliado a um espetáculo de luzes e coreografias.

Os textos das meditações das 14 estações foram escritos pelos padres Zezinho e Joãozinho, sacerdotes dehonianos, e evocaram o sofrimento de Jesus, expresso nos problemas dos jovens de hoje. Assim, missionaridade, conversão, comunidade, jovens mães, seminaristas, a religião em defesa da vida, casais, mulheres sofridas, estudantes, redes sociais, jovens detentos e a pastoral carcerária, doenças terminais, morte dos jovens e a juventude de todo o mundo foram temas lembrados nas Estações.


Após a Via Sacra, o Papa Francisco dirigiu sua mensagem aos jovens, recordando que João Paulo II havia confiado a eles a cruz, dizendo: «Levai-a pelo mundo, como sinal do amor de Jesus pela humanidade e anunciai a todos que só em Cristo morto e ressuscitado há salvação e redenção»”. E observou que “a Cruz percorreu todos os continentes e atravessou os mais variados mundos da existência humana, ficando quase que impregnada com as situações de vida de tantos jovens que a viram e carregaram”. E acrescentou:
“Ninguém pode tocar a Cruz de Jesus sem deixar algo de si mesmo nela e sem trazer algo da Cruz de Jesus para sua própria vida. Nesta tarde, acompanhando o Senhor, queria que ressoassem três perguntas nos seus corações: O que vocês terão deixado na Cruz, queridos jovens brasileiros, nestes dois anos em que ela atravessou seu imenso País? E o que terá deixado a Cruz de Jesus em cada um de vocês? E, finalmente, o que esta Cruz ensina para a nossa vida?
Após, o Papa falou sobre uma antiga tradição da Igreja de Roma que relata uma situação vivida por Pedro com Jesus, que o fez entender, que “ele devia seguir o Senhor com coragem até o fim, e que aquele Jesus - que o amara até o ponto de morrer na Cruz - estava sempre com ele”. E acrescentou que “Jesus com a sua cruz atravessa os nossos caminhos para carregar os nossos medos, os nossos problemas, os nossos sofrimentos, mesmo os mais profundos”:

Com a Cruz, Jesus se une ao silêncio das vítimas da violência, que já não podem clamar, sobretudo os inocentes e indefesos; com a Cruz Jesus se une às famílias que passam por dificuldades pela trágica perda de seus filhos, como no caso dos 242 jovens vítimas do incêndio em Santa Maria no início do ano. Rezemos por eles! Com a Cruz, Jesus se une a todas as pessoas que passam fome, num mundo que, por outro lado, se dá ao luxo de todos os dias jogar fora toneladas de comida; pela cruz Jesus se une aos pais que vêem seus filhos presos nos paraísos artificiais da droga; nela Jesus se une a quem é perseguido pela religião, pelas ideias, ou simplesmente pela cor da pele; nela Jesus se une a tantos jovens que perderam a confiança nas instituições políticas, por verem egoísmo e corrupção, ou que perderam a fé na Igreja, e até mesmo em Deus, pela incoerência de cristãos e de ministros do Evangelho. Na Cruz de Cristo, está o sofrimento, o pecado do homem, o nosso também, e Ele acolhe tudo com seus braços abertos, carrega nas suas costas as nossas cruzes e nos diz: Coragem! Você não está sozinho a levá-la! Eu a levo com você. Eu venci a morte e vim para lhe dar esperança, dar-lhe vida”.

“E assim – diz o Papa - podemos responder à segunda pergunta: o que foi que a Cruz deixou naqueles que a viram, naqueles que a tocaram? O que deixa em cada um de nós?”.

“Ela deixa um bem que ninguém mais pode nos dar: a certeza do amor inabalável de Deus por nós. Um amor tão grande que entra no nosso pecado e o perdoa, entra no nosso sofrimento e nos dá a força para poder levá-lo, entra também na morte para derrotá-la e nos salvar. Na Cruz de Cristo, está todo o amor de Deus, a sua imensa misericórdia”. E diz aos jovens:

Queridos jovens, confiemos em Jesus, abandonemo-nos totalmente a Ele! Só em Cristo morto e ressuscitado encontramos salvação e redenção. Com Ele, o mal, o sofrimento e a morte não têm a última palavra, porque Ele nos dá a esperança e a vida: transformou a Cruz, de instrumento de ódio, de derrota, de morte, em sinal de amor, de vitória e de vida”.

Francisco observou então, que o primeiro nome dado ao Brasil foi justamente o de ‘Terra de Santa Cruz’. “A Cruz de Cristo foi plantada não só na praia, há mais de cinco séculos, mas também na história, no coração e na vida do povo brasileiro e não só: o Cristo sofredor, sentimo-lo próximo, como um de nós que compartilha o nosso caminho até o final. Não há cruz, pequena ou grande, da nossa vida que o Senhor não venha compartilhar conosco”. E acrescentou:

Mas a Cruz de Cristo também nos convida a deixar-nos contagiar por este amor; ensina-nos, pois, a olhar sempre para o outro com misericórdia e amor, sobretudo quem sofre, quem tem necessidade de ajuda, quem espera uma palavra, um gesto; ensina-nos a sair de nós mesmos para ir ao encontro destas pessoas e lhes estender a mão. Tantos rostos acompanharam Jesus no seu caminho até a Cruz: Pilatos, o Cireneu, Maria, as mulheres... Também nós diante dos demais podemos ser como Pilatos que não teve a coragem de ir contra a corrente para salvar a vida de Jesus, lavando-se as mãos”.

“Queridos amigos – disse o Papa – a Cruz de Cristo nos ensina a ser como o Cireneu, que ajuda Jesus levar aquele madeiro pesado, como Maria e as outras mulheres, que não tiveram medo de acompanhar Jesus até o final, com amor, com ternura. E você como é? Como Pilatos, como o Cireneu, como Maria?”, perguntou.

E conclui, dizendo que devemos levar as nossas alegrias, os nossos sofrimentos, os nossos fracassos para a Cruz de Cristo, pois alí “encontraremos um Coração aberto que nos compreende, perdoa, ama e pede para levar este mesmo amor para a nossa vida, para amar cada irmão e irmã com este mesmo amor.”

Na conclusão do encontro, foi rezado um Pai Nosso e o Santo Padre concedeu a sua bênção a todos, transferindo-se a seguir para a residência em Sumaré.

Eis uma síntese das meditações em cada Estação:

Na 1ª estação, rezou-se pelos jovens inocentes que “todos os dias são condenados à morte pela pobreza, pela violência e por todo tipo de consequências do pecado”.

O “jovem convertido” que quer ser “instrumento” do amor de Deus esteve presente na 2ª estação, e na 3ª foram evocadas as preces do “voluntário de uma comunidade de recuperação” que quer ser o Bom Samaritano que “para além dos discursos, tem coragem de levantar quem está caído à beira do caminho e cuidar de suas feridas”.

A quarta estação – “Jesus encontra a sua mãe aflita” – recordou as dores das mães que sentem o sofrimento dos seus filhos: “É uma comunhão redentora”.

Na 5ª estação, os “seminaristas” chamados ao sacerdócio, também estiveram presentes com as suas orações e preocupações em serem “um bom pastor”.

Na 6ª estação, a consagrada ao “serviço do irmão” pediu forças, pois encontra “nas vias-sacras da vida tantas vítimas de uma «cultura de morte»”.

Os casais de namorados, que pretendem “construir uma família pelos fundamentos e não pelo telhado”, foram recordados na 7ª estação.

O sofrimento das mulheres, cuja “vocação” é “do berço até à cruz” está presente na oitava estação e os “estudantes” são recordados na estação onde “Jesus cai pela terceira vez”: “O conhecimento e a ciência encantam-me, mas muitas vezes seduzem-me e até induzem-me a imaginar que não preciso de ti”.

A Via Sacra não esqueceu das redes sociais e da ‘geração que nasceu conectada por meio da internet”. Na 10ª Estação, é pedido “que a tua graça nos ensine os caminhos para evangelizar o «continente digital» e nos deixe atentos à possível dependência ou confusão entre o real e o virtual”, é o pedido da 10ª estação.

Na 11ª estação são lembrados os “milhões” de jovens presidiários, na 12ª os jovens com doenças terminais e na 13ª os jovens “deficientes auditivos”: “Existem momentos em que o silêncio e a contemplação falam muito mais”.

Na 14ª e última estação, foram recordados os jovens de todas as regiões do globo. (JE)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/27/na_via_sacra,_papa_francisco_fala_dos_jovens_que_perderam_a_fé_na/bra-714265
do site da Rádio Vaticano

DISCURSOS DO PAPA NA JMJ - DISCURSOS E VÍDEOS

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sexta-feira, 26 de julho de 2013

Papa faz oração do Ângelus e lembra importância dos avós na vida de fiéis

26/7 - Papa Francisco reza o Ângelus com multidão de fiéis no Rio (Foto: Reprodução/Globo News)

Papa Francisco reza o Ângelus para uma multidão de fiéis no Rio de Janeiro
                                                (Foto: Reprodução/Globo News)
 
Francisco fez um breve discurso em que pediu saudação dos fiéis aos avós.
Pontífice participa na Glória de almoço com dois jovens de cada continente.
 
O Papa Francisco fez ao meio-dia desta sexta-feira (26) a oração do Ângelus no balcão do Palácio São Joaquim, na Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro. Ele fez um breve discurso no qual lembrou a importância dos anciãos e das crianças na construção do futuro dos povos. Também pediu que os jovens presentes enviassem uma saudação aos seus avós, já que hoje no Brasil é celebrado o dia dos avós. Agora, o pontífice participa de um almoço com dois jovens de cada continente (incluindo o Brasil) no local.
 
"Vemos aqui o valor precioso da família como lugar privilegiado para transmitir a fé. Olhando para o ambiente familiar, queria destacar uma coisa. Hoje, na festa de São Joaquim e Santana, no Brasil se celebra a festa dos avós. Como os avós são importantes na vida da família, para comunicar o patrimônio de humanidade e de fé que é essencial para qualquer sociedade", afirmou.
A oração do Ângelus, também conhecida como a hora do Ângelus, não é uma cerimônia ou de uma missa, mas o momento em que o Papa faz alusão a algum assunto do dia para, em seguida, fazer a oração e abençoar os peregrinos. A hora do Ângelus é habitualmente feita por Francisco aos domingos do balcão do apartamento papal, no Vaticano.
 
Antes, Francisco encontrou jovens detentos no Palácio São Joaquim, residência do arcebispo do Rio de Janeiro.
 
"Crianças e anciãos constróem o futuro dos povos. (...) Esse diálogo entre as gerações é um tesouro que deve ser conservado e alimentado. Nesta Jornada Mundial da Juventude, os jovens querem saudar os avós. Saudamos aos avós! Eles, os jovens, saúdem os seus avós com muito carinho e lhes agradecem pelo testemunho de sabedoria que nos oferecem continuamente", completou o pontífice em sua mensagem no palcão do prédio.
 
Francisco lembrou que a Ave Maria é uma oração simples e que na Jornada ela é rezada em três momentos do dia: pela manhã, ao meio-dia e ao anoitecer. "É, porém, uma oração importante. Convido a todos a rezá-la", disse antes de iniciar a oração.
 
Ele também agradeceu pelo recepção no Rio de Janeiro. "Agradeço de coração sincero a Dom Orani e também a vocês, pelo acolhimento amoroso com que manifestam seu carinho para o sucessor de Pedro. Desejaria que a minha passagem por esta cidade do Rio renovasse em todos o amor a Cristo e à Igreja, a alegria de estar unidos a ele e de pertencer à Igreja e do compromisso de viver e testemunhar a fé."
 
Uma multidão esperou desde cedo em frente ao palácio. Os fiéis cantaram músicas religiosas à espera do pontífice. No trajeto até a Glória, Francisco solicitou a parada do papamóvel para que, em vez de os seguranças levarem bebês e crianças de colo até o veículo, ele mesmo caminhasse até a multidão de pessoas de todas as idades que queriam vê-lo de perto. Ele trocou breves palavras com uma senhora idosa, que o abraçou longamente antes de ser abençoada.
 
Confissão
Mais cedo, o Papa ouviu a confissão de cinco jovens inscritos na Jornada Mundial da Juventude, durante encontro na Quinta da Boa Vista, Zona Norte do Rio de Janeiro. O grupo foi formado por três brasileiros, uma italiana e um venezuelano. O pontífice fez também uma oração com os fiéis.
No total, 50 confessionários foram montados na Quinta da Boa Vista para que outros jovens se confessem aos padres. Uma das estruturas foi usada pelo Papa, que chegou ao local em carro fechado por volta das 9h30, acenou aos fiéis que o esperavam, mas não fez o trajeto a pé que estava programado até a tenda. A comitiva usou entrada próxima à antiga residência da família real, e não a entrada da Estação de São Cristóvão, como previsto.
 
O seminarista Paulo Colombiano foi o primeiro a chegar na Quinta da Boa Vista. O jovem de 19 anos veio da Praça Seca, na Zona Oeste, e chegou por volta das 5h. "Seria um momento sem palavras se encontrasse o Papa e, claro que pediria uma benção", disse ele.
 
Agenda extensa
Em seu quinto dia no Brasil, o Papa Francisco tem mais um dia cheio de compromissos para cumprir. Às 7h30, de acordo com a agenda divulgada, o Papa celebrou uma missa privada no Sumaré, onde está hospedado.
 
À tarde, o roteiro é Copacabana, com passeio de papamóvel. A previsão é que Francisco chegue ao bairro às 17h45. Com o carro aberto, ele percorre do Posto 6 até o Leme. Às 18h, o Papa chega ao palco, onde acompanha o 3º ato central da JMJ: a encenação da Via-Sacra. Ao final, faz um discurso.
 

PAPA FRANCISCO

Papa na missa em Sumaré: Sacerdotes e bispos são servidores



Rio de Janeiro (RV) - O Papa Francisco celebrou a missa, na manhã desta quinta-feira, na capela da residência arquiepiscopal de Sumaré, no Rio de Janeiro, onde se encontra hospedado nesses dias.

Às 7h30 locais, o Santo Padre presidiu a missa para 300 pessoas, dentre elas todos os seminaristas do Rio dos Seminários Maior, Propedêutico e Redemptoris Mater, acompanhados por seus formadores.

"A tentação de enganar a si mesmos também se aninha em muitos cristãos. A tentação de acreditar ser melhor daquilo que se é, até mesmo diante de Deus, mesmo se uma determinada opção de vida impõe um estilo de humildade", disse o Papa Francisco recordando que a Igreja nesta quinta-feira celebra São Tiago Apóstolo.

No desenvolvimento de sua meditação, o Papa lembrou que temos um tesouro em vasos de argila. O tesouro é a revelação de Deus em Jesus Cristo que Paulo procura explicar sublinhando a tensão existente entre a grandeza do dom e a baixeza de quem o recebe, ou seja, a natureza humana, frágil vaso de argila em que Deus derramou um inefável mistério.

"Para todos nós, consagrados, religiosos, sacerdotes e bispos, este é um denominador comum: recebemos um dom e todos nós somos vasos de argila. O problema é como levar adiante essa tensão: sempre se perde o equilíbrio. Ao longo da história da Igreja aparecem homens e mulheres que recebem o dom, sabem que são de argila, mas ao longo da vida se entusiasmam de tal maneira que se esquecem que são de argila ou se esquecem que o dom é um grande dom. Então essa tensão perde o equilíbrio que nos faz tão bem", frisou o pontífice.

"Mas, lembramo-nos que somos feitos de argila?, perguntou Francisco. A tentação está no camuflar o vaso de argila, pintando-o, tornado-o bonito e assim começamos a nos enganar e acreditar que somos uma categoria superior. Isso aconteceu um pouco com Tiago e João no episódio citado pelo Evangelho de hoje em que a mãe dos dois Apóstolos pede a Jesus para que se sente um à sua direita e outro à sua esquerda, em seu Reino. "Eles entraram naquele jogo mundano de se esquecer que somos de argila e queriam ter um prestígio, uma certa autoridade no grupo dos doze", frisou o pontífice.

"A Igreja sofreu muito e ainda sofre toda vez que um dos chamados a receber o tesouro em vaso de argila acumula tesouro, se dedica a mudar a natureza da argila e pensa ser melhor, que não é mais de argila. Somos de argila até o fim. Jesus nos salva a seu modo, mas não na maneira humana de prestígio, de aparências, de ter cargos relevantes. Aqui nasce o carreirismo na Igreja que faz tanto mal. Os líderes das nações, disse Jesus, dominam seus povos, os submetem e comandam. Entre vocês não deve ser assim: vocês são servidores. Vocês existem para servir. Vaso de argila e grandeza de Jesus", concluiu o Papa Francisco. (MJ)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/25/papa_na_missa_em_sumaré:_sacerdotes_e_bispos_são_servidores/bra-713877
do site da Rádio Vaticano

MUDANÇAS NA JMJ

Vigília e missa em Copacabana: "decisão difícil, mas responsável"



Rio de Janeiro (RV) – Depois de consultar o Papa Francisco, o porta-voz da Santa Sé, Padre Frederico Lombardi, e o arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, confirmaram a mudança no programa da JMJ, obrigatória devido ao mau tempo no Rio.

A missa de encerramento do evento, com a presença do Pontífice, que estava prevista para domingo, 28, no Campo da Fé, e a vigília, que ocorreria no sábado, foram transferidas para a Praia de Copacabana, na Zona Sul.

Em entrevista coletiva na tarde desta quinta, 25, no Centro de Operações da Prefeitura do Rio, o Prefeito Eduardo Paes pediu a compreensão dos moradores do bairro, que será isolado para os dois eventos.

Depois da vigília no sábado, a Igreja pede que os peregrinos voltem para casa e não durmam na praia, já que não há estrutura montada para isso. “Existe também – acrescentou Pe. Marcio Queiróz – o problema da maré, que está subindo e pode ser perigoso”. Em Guaratiba, havia palco e estrutura de banheiros e montados.

Dom Paulo Cezar Costa, auxiliar do Rio e Vice-presidente do COL, disse que “foi uma decisão difícil para nós, mas seria uma atitude irresponsável manter a vigília ali”. Por sua vez, Padre Lombardi declarou que “as consequências de manter o evento em Guaratiba seriam sérias e avaliamos que não seria prudente fazer os jovens passarem a noite no Campo”.

Sobre a visita do Papa à favela da Varginha, quinta-feira, 25, Pe. Federico Lombardi revelou que na capela de São Jerônimo Emiliani o Papa se emocionou visivelmente ao abençoar o altar. Outro momento de emoção foi a visita à casa de uma família de moradores. Havia 20 pessoas, incluindo um recém-nascido e uma idosa de 93 anos. O Papa pegou as crianças no colo e tirou fotos com todos.

Ao passar diante de uma igreja evangélica, Francisco saudou seu pastor e alguns fiéis, que lhe pediram para abençoar a água. “Foi um momento ecumênico” – disse Padre Lombardi.
(CM)



Texto proveniente da página http://pt.radiovaticana.va/news/2013/07/26/vigília_e_missa_em_copacabana:_decisão_difícil,_mas_responsável_/bra-714052
do site da Rádio Vaticano

PASTORAL CARCERÁRIA

"O encontro do Papa com jovens infratores vai fertilizar corações", afirma Pastoral Carcerária



RealAudioMP3 Rio de Janeiro (RV) – “Vejo em vocês a beleza do rosto jovem de Cristo e meu coração se enche de alegria!” “Hoje, vim para lhes confirmar nesta fé, a fé no Cristo Vivo que mora dentro de vocês; mas vim também para ser confirmado pelo entusiasmo da fé de vocês!”: duas frases usadas na noite de ontem na Praia de Copacabana durante a cerimônia de acolhida da Jornada Mundial da Juventude que ocorreu debaixo de forte chuva. Chuva que obrigou os organizadores da Jornada a transferir os eventos de sábado, a Vigília e a Missa de envio no domingo, do Campus Fidei, em Guaratiba, para a Praia de Copacabana. Segundo Dom Orani, Arcebispo da Arquidiocese do Rio de Janeiro e presidente do Comitê Organizador Local (COL) da JMJ, a chuva e o frio tornaram as atividades em Guaratiba inviáveis.

“A chuva tem molhado as pessoas, mas não tem atrapalhado os eventos da Jornada. Mas para evitar riscos, vamos fazer as atividades em Copacabana”, acrescentou. O Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, anunciou em nota oficial a transferência e pediu desculpas aos moradores do bairro, “mas não tínhamos outra alternativa”, afirmou. Aguardam-se agora as orientações práticas de como serão os eventos.

O Papa Francisco se encontrou ontem de helicóptero em Copacabana por volta das 17h1; junto com ele o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, que seguiu junto com o Santo Padre no jipe branco pela orla da praia saudando e acolhido pelo calor dos jovens. Durante o percurso, o Pontífice, beijou as crianças e tomou um chimarrão oferecido por um dos peregrinos.

No grande palco central de Copacabana, Francisco foi acolhido com a música “Seja bem-vindo”, interpretada pelo Padre Fábio de Mello. Dom Orani João Tempesta saudou o Santo Padre, agradecendo-lhe a visita ao Rio e dando-lhe as boas-vindas.

Depois o Papa assistiu a um espetáculo de música e dança, promovido por cerca de 250 jovens. Bandeiras dos diversos país foram levadas ao palco.

Em suas palavras aos peregrinos, Francisco ressaltou o testemunho de fé que os jovens estão dando durante estes dias. “Ouvi dizer que os cariocas não gostam muito do frio e da chuva. Mas, vocês estão demonstrando que a fé de vocês é mais forte que o frio e a chuva. Parabéns!”, disse espontaneamente o Papa.

Outro momento forte durante a tarde ontem foi a chegada dos ícones da JMJ no palco central de Copacabana. Muitas pessoas se emocionaram com este momento, pois a cruz da jornada e o ícone de Nossa Senhora representa a essência da JMJ. Estes ícones percorreram todas as dioceses do Brasil antes de chegar ao Rio. Após a cerimônia da acolhida, o Papa se retirou para a residência do Sumaré enquanto no palco da Praia de Copacabana artistas de todo o mundo se revezaram cantando e dançando até às 11 da noite.

Já nesta sexta-feira o Papa celebra a Santa Missa na residência do Sumaré e depois se transfere para a Quinta da Boa Vista onde irá confessar 5 jovens de língua italiana, espanhola e portuguesa. Em seguida irá até o Palácio São Joaquim onde se encontrará, primeiramente com cinco jovens detentos; depois a recitação da oração mariana do Angelus do balcão do Arcebispado do Rio. O Papa encontra ainda o Comitê Organizador da JMJ e alguns benfeitores. No salão redondo almoça com 12 jovens de várias nacionalidades representando os continentes mais um casal de jovens brasileiros. No final da tarde a Via Sacra na orla de Copacabana.

Sobre o encontro do Papa com os jovens detentos nós conversamos com o Padre Jefferson Gonçalves de Araújo da Pastoral Carcerária.

Do Rio de Janeiro, para a Rádio Vaticano, Silvonei José



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PAPA FRANCISCO EM VARGINHA

Papa Francisco: “fome de uma felicidade que só Deus pode saciar”
imageapaEm Varginha, região de um complexo de Favelas no Rio de Janeiro, o Papa Francisco fez um discurso contundente na manhã desta quinta-feira, 25 de julho. Ele pediu: “Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo!”. Na oportunidade, o Papa também visitou a casa de uma família (foto abaixo), escolhida no momento em que ele passava pelo local. O Santo Padre entrou e conversou por alguns minutos com os moradores. Nas ruas, distribui beijos e abraços às crianças, jovens e adultos.
No quarto discurso que faz no Brasil, Papa Francisco começou cheio de simpatia:
“Que bom poder estar com vocês aqui! Desde o início, quando planejava a minha visita ao Brasil, o meu desejo era poder visitar todos os bairros deste País. Queria bater em cada porta, dizer ‘bom dia’, pedir um copo de água fresca, beber um ‘cafezinho’, falar como a amigos de casa, ouvir o coração de cada um, dos pais, dos filhos, dos avós... Mas o Brasil é tão grande! Não é possível bater em todas as portas! Então escolhi vir aqui, visitar a Comunidade de vocês que hoje representa todos os bairros do Brasil. Como é bom ser bem acolhido, com amor, generosidade, alegria! Basta ver como vocês decoraram as ruas da Comunidade; isso é também um sinal do carinho que nasce do coração de vocês, do coração dos brasileiros, que está em festa! Muito obrigado a cada um de vocês pela linda acolhida!”. O Papa prosseguiu: “Desde o primeiro instante em que toquei as terras brasileiras e também aqui junto de vocês, me sinto acolhido. E é importante saber acolher; é algo mais bonito que qualquer enfeite ou decoração. Isso é assim porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo -não ficamos mais pobres, mas enriquecemos. Sei bem que quando alguém que precisa comer bate na sua porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida: como diz o ditado, sempre se pode ‘colocar mais água no feijão’! E vocês fazem isto com amor, mostrando que a verdadeira riqueza não está nas coisas, mas no coração!”.
E enfatizou o testemunho de solidariedade do povo brasileiro: “o povo brasileiro, sobretudo as pessoas mais simples, pode dar para o mundo uma grande lição de solidariedade, que é uma palavra frequentemente esquecida ou silenciada, porque é incômoda. Queria lançar um apelo a todos os que possuem mais recursos, às autoridades públicas e a todas as pessoas de boa vontade comprometidas com a justiça social: Não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e mais solidário! Ninguém pode permanecer insensível às desigualdades que ainda existem no mundo! Cada um, na medida das próprias possibilidades e responsabilidades, saiba dar a sua contribuição para acabar com tantas injustiças sociais! Não é a cultura do egoísmo, do individualismo, que frequentemente regula a nossa sociedade, aquela que constrói e conduz a um mundo mais habitável, mas sim a cultura da solidariedade; ver no outro não um concorrente ou um número, mas um irmão”. E se referiu ao esforço de pacificação em ambientes como aqueles de Varginha: “Quero encorajar os esforços que a sociedade brasileira tem feito para integrar todas as partes do seu corpo, incluindo as mais sofridas e necessitadas, através do combate à fome e à miséria. Nenhum esforço de ‘pacificação’ será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que ignora, que deixa à margem, que abandona na periferia parte de si mesma. Uma sociedade assim simplesmente empobrece a si mesma; antes, perde algo de essencial para si mesma.foto-1 24
Lembremo-nos sempre: somente quando se é capaz de compartilhar é que se enriquece de verdade; tudo aquilo que se compartilha se multiplica! A medida da grandeza de uma sociedade é dada pelo modo como esta trata os mais necessitados, quem não tem outra coisa senão a sua pobreza!”. Papa Francisco tratou do compromisso da Igreja na transformação da situação social:”Queria dizer-lhes também que a Igreja, ‘advogada da justiça e defensora dos pobres diante das intoleráveis desigualdades sociais e econômicas, que clamam ao céu’ (Documento de Aparecida, 395), deseja oferecer a sua colaboração em todas as iniciativas que signifiquem um autêntico desenvolvimento do homem todo e de todo o homem. Queridos amigos, certamente é necessário dar o pão a quem tem fome; é um ato de justiça. Mas existe também uma fome mais profunda, a fome de uma felicidade que só Deus pode saciar. Não existe verdadeira promoção do bem-comum, nem verdadeiro desenvolvimento do homem, quando se ignoram os pilares fundamentais que sustentam uma nação, os seus bens imateriais: a vida, que é dom de Deus, um valor que deve ser sempre tutelado e promovido; a família, fundamento da convivência e remédio contra a desagregação social; a educação integral, que não se reduz a uma simples transmissão de informações com o fim de gerar lucro; a saúde, que deve buscar o bem-estar integral da pessoa, incluindo a dimensão espiritual, que é essencial para o equilíbrio humano e uma convivência saudável; a segurança, na convicção de que a violência só pode ser vencida a partir da mudança do coração humano”.
E o Papa concluiu: “Queria dizer uma última coisa. Aqui, como em todo o Brasil, há muitos jovens. Vocês, queridos jovens, possuem uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam de corrupção, com pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram o seu próprio benefício. Também para vocês e para todas as pessoas repito: nunca desanimem, não percam a confiança, não deixem que se apague a esperança. A realidade pode mudar, o homem pode mudar. Procurem ser vocês os primeiros a praticar o bem, a não se acostumarem ao mal, mas a vencê-lo. A Igreja está ao lado de vocês, trazendo-lhes o bem precioso da fé, de Jesus Cristo, que veio «para que todos tenham vida, e vida em abundância» (Jo 10,10). E disse ainda: “Hoje a todos vocês, especialmente aos moradores dessa Comunidade de Varginha, quero dizer: Vocês não estão sozinhos, a Igreja está com vocês, o Papa está com vocês. Levo a cada um no meu coração e faço minhas as intenções que vocês carregam no seu íntimo: os agradecimentos pelas alegrias, os pedidos de ajuda nas dificuldades, o desejo de consolação nos momentos de tristeza e sofrimento. Tudo isso confio à intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Mãe de todos os pobres do Brasil, e com grande carinho lhes concedo a minha Bênção.
 
FONTE: CNBB