segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

1o DE JANEIRO - DIA MUNDIAL DA PAZ

Celebrado no dia 1º de janeiro, o Dia Mundial da Paz é uma data que foi criada para que todas as pessoas, cristãs e não cristãs, se unissem em prol da paz no planeta. Há 45 anos, o papa Paulo VI, divulgou uma mensagem, em 8 de dezembro, para que a data fosse celebrada sempre no primeiro dia do ano civil (1º de janeiro), a partir do ano de 1968.
Seguindo a tradição, a mensagem do sumo pontífice, para o Dia Mundial da Paz 2013, foi apresentada em coletiva de imprensa no dia 14 de dezembro, na Sala de Imprensa do Vaticano.

Leia a mensagem:

Dia Mundial da Paz

1º de janeiro de 2013

Bem-aventurados os obreiros da paz



1. Cada ano novo traz consigo a expectativa de um mundo melhor. Nesta perspectiva, peço a Deus, Pai da humanidade, que nos conceda a concórdia e a paz a fim de que possam tornar-se realidade, para todos, as aspirações duma vida feliz e próspera.

A distância de 50 anos do início do Concílio Vaticano II, que permitiu dar mais força à missão da Igreja no mundo, anima constatar como os cristãos, Povo de Deus em comunhão com Ele e caminhando entre os homens, se comprometem na história compartilhando alegrias e esperanças, tristezas e angústias, anunciando a salvação de Cristo e promovendo a paz para todos.

Na realidade o nosso tempo, caracterizado pela globalização, com seus aspectos positivos e negativos, e também por sangrentos conflitos ainda em curso e por ameaças de guerra, requer um renovado e concorde empenho na busca do bem comum, do desenvolvimento de todo o homem e do homem todo.

Causam apreensão os focos de tensão e conflito causados por crescentes desigualdades entre ricos e pobres, pelo predomínio duma mentalidade egoísta e individualista que se exprime inclusivamente por um capitalismo financeiro desregrado. Além de variadas formas de terrorismo e criminalidade internacional, põem em perigo a paz aqueles fundamentalismos e fanatismos que distorcem a verdadeira natureza da religião, chamada a favorecer a comunhão e a reconciliação entre os homens.

E no entanto as inúmeras obras de paz, de que é rico o mundo, testemunham a vocação natural da humanidade à paz. Em cada pessoa, o desejo de paz é uma aspiração essencial e coincide, de certo modo, com o anelo por uma vida humana plena, feliz e bem sucedida. Por outras palavras, o desejo de paz corresponde a um princípio moral fundamental, ou seja, ao dever-direito de um desenvolvimento integral, social, comunitário, e isto faz parte dos desígnios que Deus tem para o homem. Na verdade, o homem é feito para a paz, que é dom de Deus.

Tudo isso me sugeriu buscar inspiração, para esta Mensagem, às palavras de Jesus Cristo: «Bem–aventurados os obreiros da paz, porque serão chamados filhos de Deus» (Mt 5, 9).

A bem-aventurança evangélica

2. As bem-aventuranças proclamadas por Jesus (cf. Mt 5, 3-12; Lc 6, 20-23) são promessas. Com efeito, na tradição bíblica, a bem-aventurança é um género literário que traz sempre consigo uma boa nova, ou seja um evangelho, que culmina numa promessa. Assim, as bem-aventuranças não são meras recomendações morais, cuja observância prevê no tempo devido – um tempo localizado geralmente na outra vida – uma recompensa, ou seja, uma situação de felicidade futura; mas consistem sobretudo no cumprimento duma promessa feita a quantos se deixam guiar pelas exigências da verdade, da justiça e do amor. Frequentemente, aos olhos do mundo, aqueles que confiam em Deus e nas suas promessas aparecem como ingénuos ou fora da realidade; ao passo que Jesus lhes declara que já nesta vida – e não só na outra – se darão conta de serem filhos de Deus e que, desde o início e para sempre, Deus está totalmente solidário com eles. Compreenderão que não se encontram sozinhos, porque Deus está do lado daqueles que se comprometem com a verdade, a justiça e o amor. Jesus, revelação do amor do Pai, não hesita em oferecer-Se a Si mesmo em sacrifício. Quando se acolhe Jesus Cristo, Homem-Deus, vive-se a jubilosa experiência de um dom imenso: a participação na própria vida de Deus, isto é, a vida da graça, penhor duma vida plenamente feliz. De modo particular, Jesus Cristo dá-nos a paz verdadeira, que nasce do encontro confiante do homem com Deus.

A bem-aventurança de Jesus diz que a paz é, simultaneamente, dom messiânico e obra humana. Na verdade, a paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência; é fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de Deus e nos permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é uma ética de comunhão e partilha. Por isso, é indispensável que as várias culturas de hoje superem antropologias e éticas fundadas sobre motivos teorico-práticos meramente subjectivistas e pragmáticos, em virtude dos quais as relações da convivência se inspiram em critérios de poder ou de lucro, os meios tornam-se fins, e vice-versa, a cultura e a educação concentram-se apenas nos instrumentos, na técnica e na eficiência. Condição preliminar para a paz é o desmantelamento da ditadura do relativismo e da apologia duma moral totalmente autónoma, que impede o reconhecimento de quão imprescindível seja a lei moral natural inscrita por Deus na consciência de cada homem. A paz é construção em termos racionais e morais da convivência, fundando-a sobre um alicerce cuja medida não é criada pelo homem, mas por Deus. Como lembra o Salmo 29, « o Senhor dá força ao seu povo; o Senhor abençoará o seu povo com a paz » (v. 11).

A paz: dom de Deus e obra do homem

3. A paz envolve o ser humano na sua integridade e supõe o empenhamento da pessoa inteira: é paz com Deus, vivendo conforme à sua vontade; é paz interior consigo mesmo, e paz exterior com o próximo e com toda a criação. Como escreveu o Beato João XXIII na Encíclica Pacem in terris – cujo cinquentenário terá lugar dentro de poucos meses –, a paz implica principalmente a construção duma convivência humana baseada na verdade, na liberdade, no amor e na justiça.A negação daquilo que constitui a verdadeira natureza do ser humano, nas suas dimensões essenciais, na sua capacidade intrínseca de conhecer a verdade e o bem e, em última análise, o próprio Deus, põe em perigo a construção da paz. Sem a verdade sobre o homem, inscrita pelo Criador no seu coração, a liberdade e o amor depreciam-se, a justiça perde a base para o seu exercício.

Para nos tornarmos autênticos obreiros da paz, são fundamentais a atenção à dimensão transcendente e o diálogo constante com Deus, Pai misericordioso, pelo qual se implora a redenção que nos foi conquistada pelo seu Filho Unigénito. Assim o homem pode vencer aquele germe de obscurecimento e negação da paz que é o pecado em todas as suas formas: egoísmo e violência, avidez e desejo de poder e domínio, intolerância, ódio e estruturas injustas.

A realização da paz depende sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma única família humana. Esta, como ensina a Encíclica Pacem in terris, está estruturada mediante relações interpessoais e instituições sustentadas e animadas por um «nós» comunitário, que implica uma ordem moral, interna e externa, na qual se reconheçam sinceramente, com verdade e justiça, os próprios direitos e os próprios deveres para com os demais. A paz é uma ordem de tal modo vivificada e integrada pelo amor, que se sentem como próprias as necessidades e exigências alheias, que se fazem os outros comparticipantes dos próprios bens e que se estende sempre mais no mundo a comunhão dos valores espirituais. É uma ordem realizada na liberdade, isto é, segundo o modo que corresponde à dignidade de pessoas que, por sua própria natureza racional, assumem a responsabilidade do próprio agir.

A paz não é um sonho, nem uma utopia; a paz é possível. Os nossos olhos devem ver em profundidade, sob a superfície das aparências e dos fenómenos, para vislumbrar uma realidade positiva que existe nos corações, pois cada homem é criado à imagem de Deus e chamado a crescer contribuindo para a edificação dum mundo novo. Na realidade, através da encarnação do Filho e da redenção por Ele operada, o próprio Deus entrou na história e fez surgir uma nova criação e uma nova aliança entre Deus e o homem (cf. Jr 31, 31-34), oferecendo-nos a possibilidade de ter « um coração novo e um espírito novo » (cf. Ez 36, 26).

Por isso mesmo, a Igreja está convencida de que urge um novo anúncio de Jesus Cristo, primeiro e principal factor do desenvolvimento integral dos povos e também da paz. Na realidade, Jesus é a nossa paz, a nossa justiça, a nossa reconciliação (cf. Ef 2, 14; 2 Cor 5, 18). O obreiro da paz, segundo a bem–aventurança de Jesus, é aquele que procura o bem do outro, o bem pleno da alma e do corpo, no tempo presente e na eternidade.

A partir deste ensinamento, pode-se deduzir que cada pessoa e cada comunidade – religiosa, civil, educativa e cultural – é chamada a trabalhar pela paz. Esta consiste, principalmente, na realização do bem comum das várias sociedades, primárias e intermédias, nacionais, internacionais e a mundial. Por isso mesmo, pode-se supor que os caminhos para a implementação do bem comum sejam também os caminhos que temos de seguir para se obter a paz.

Obreiros da paz são aqueles que amam,defendem e promovem a vida na sua integridade

4. Caminho para a consecução do bem comum e da paz é, antes de mais nada, o respeito pela vida humana, considerada na multiplicidade dos seus aspectos, a começar da concepção, passando pelo seu desenvolvimento até ao fim natural. Assim, os verdadeiros obreiros da paz são aqueles que amam, defendem e promovem a vida humana em todas as suas dimensões: pessoal, comunitária e transcendente. A vida em plenitude é o ápice da paz. Quem deseja a paz não pode tolerar atentados e crimes contra a vida.

Aqueles que não apreciam suficientemente o valor da vida humana, chegando a defender, por exemplo, a liberalização do aborto, talvez não se dêem conta de que assim estão a propor a prossecução duma paz ilusória. A fuga das responsabilidades, que deprecia a pessoa humana, e mais ainda o assassinato de um ser humano indefeso e inocente nunca poderão gerar felicidade nem a paz. Na verdade, como se pode pensar em realizar a paz, o desenvolvimento integral dos povos ou a própria salvaguarda do ambiente, sem estar tutelado o direito à vida dos mais frágeis, a começar pelos nascituros? Qualquer lesão à vida, de modo especial na sua origem, provoca inevitavelmente danos irreparáveis ao desenvolvimento, à paz, ao ambiente. Tão pouco é justo codificar ardilosamente falsos direitos ou opções que, baseados numa visão redutiva e relativista do ser humano e com o hábil recurso a expressões ambíguas tendentes a favorecer um suposto direito ao aborto e à eutanásia, ameaçam o direito fundamental à vida.

Também a estrutura natural do matrimônio como união entre um homem e uma mulher, deve ser reconhecida e promovida contra as tentativas de a tornar, juridicamente, equivalente a formas radicalmente diversas de união que, na realidade, a prejudicam e contribuem para a sua desestabilização, obscurecendo o seu carácter peculiar e a sua insubstituível função social.

Estes princípios não são verdades de fé, nem uma mera derivação do direito à liberdade religiosa; mas estão inscritos na própria natureza humana – sendo reconhecíveis pela razão – e consequentemente comuns a toda a humanidade. Por conseguinte, a ação da Igreja para os promover não tem carácter confessional, mas dirige-se a todas as pessoas, independentemente da sua filiação religiosa. Tal ação é ainda mais necessária quando estes princípios são negados ou mal entendidos, porque isso constitui uma ofensa contra a verdade da pessoa humana, uma ferida grave infligida à justiça e à paz.

Por isso, uma importante colaboração para a paz é dada também pelos ordenamentos jurídicos e a administração da justiça quando reconhecem o direito ao uso do princípio da objecção de consciência face a leis e medidas governamentais que atentem contra a dignidade humana, como o aborto e a eutanásia.

Entre os direitos humanos basilares mesmo para a vida pacífica dos povos, conta-se o direito dos indivíduos e comunidades à liberdade religiosa. Neste momento histórico, torna-se cada vez mais importante que este direito seja promovido não só negativamente, como liberdade de – por exemplo, de obrigações e coacções quanto à liberdade de escolher a própria religião –, mas também positivamente, nas suas várias articulações, como liberdade para: por exemplo, para testemunhar a própria religião, anunciar e comunicar a sua doutrina; para realizar atividades educativas, de beneficência e de assistência que permitem aplicar os preceitos religiosos; para existir e actuar como organismos sociais, estruturados de acordo com os princípios doutrinais e as finalidades institucionais que lhe são próprias. Infelizmente vão-se multiplicando, mesmo em países de antiga tradição cristã, os episódios de intolerância religiosa, especialmente contra o cristianismo e aqueles que se limitam a usar os sinais identificadores da própria religião.

O obreiro da paz deve ter presente também que as ideologias do liberalismo radical e da tecnocracia insinuam, numa percentagem cada vez maior da opinião pública, a convicção de que o crescimento econômico se deve conseguir mesmo à custa da erosão da função social do Estado e das redes de solidariedade da sociedade civil, bem como dos direitos e deveres sociais. Ora, há que considerar que estes direitos e deveres são fundamentais para a plena realização de outros, a começar pelos direitos civis e políticos.

E, entre os direitos e deveres sociais atualmente mais ameaçados, conta-se o direito ao trabalho. Isto é devido ao facto, que se verifica cada vez mais, de o trabalho e o justo reconhecimento do estatuto jurídico dos trabalhadores não serem adequadamente valorizados, porque o crescimento econômico dependeria sobretudo da liberdade total dos mercados. Assim o trabalho é considerado uma variável dependente dos mecanismos econômicos e financeiros. A propósito disto, volto a afirmar que não só a dignidade do homem mas também razões econômicas sociais e políticas exigem que se continue « a perseguir como prioritário o objectivo do acesso ao trabalho para todos, ou da sua manutenção ».4 Para se realizar este ambicioso objectivo, é condição preliminar uma renovada apreciação do trabalho, fundada em princípios éticos e valores espirituais, que revigore a sua concepção como bem fundamental para a pessoa, a família, a sociedade. A um tal bem corresponde um dever e um direito, que exigem novas e ousadas políticas de trabalho para todos.

Construir o bem da paz através de um novo modelo de desenvolvimento e de economia

5. De vários lados se reconhece que, hoje, é necessário um novo modelo de desenvolvimento e também uma nova visão da economia. Quer um desenvolvimento integral, solidário e sustentável, quer o bem comum exigem uma justa escala de bens-valores, que é possível estruturar tendo Deus como referência suprema. Não basta ter à nossa disposição muitos meios e muitas oportunidades de escolha, mesmo apreciáveis; é que tanto os inúmeros bens em função do desenvolvimento como as oportunidades de escolha devem ser empregues de acordo com a perspectiva duma vida boa, duma conduta recta, que reconheça o primado da dimensão espiritual e o apelo à realização do bem comum. Caso contrário, perdem a sua justa valência, acabando por erguer novos ídolos.

Para sair da crise financeira e econômica atual, que provoca um aumento das desigualdades, são necessárias pessoas, grupos, instituições que promovam a vida, favorecendo a criatividade humana para fazer da própria crise uma ocasião de discernimento e de um novo modelo econômico O modelo que prevaleceu nas últimas décadas apostava na busca da maximização do lucro e do consumo, numa óptica individualista e egoísta que pretendia avaliar as pessoas apenas pela sua capacidade de dar resposta às exigências da competitividade. Olhando de outra perspectiva, porém, o sucesso verdadeiro e duradouro pode ser obtido com a dádiva de si mesmo, dos seus dotes intelectuais, da própria capacidade de iniciativa, já que o desenvolvimento econômico suportável, isto é, autenticamente humano tem necessidade do princípio da gratuidade como expressão de fraternidade e da lógica do dom. Concretamente na atividade econômica o obreiro da paz aparece como aquele que cria relações de lealdade e reciprocidade com os colaboradores e os colegas, com os clientes e os usuários. Ele exerce a atividade econômica para o bem comum, vive o seu compromisso como algo que ultrapassa o interesse próprio, beneficiando as gerações presentes e futuras. Deste modo sente-se a trabalhar não só para si mesmo, mas também para dar aos outros um futuro e um trabalho dignos.

No âmbito econômico, são necessárias – especialmente por parte dos Estados – políticas de desenvolvimento industrial e agrícola que tenham a peito o progresso social e a universalização de um Estado de direito e democrático. Fundamental e imprescindível é também a estruturação ética dos mercados monetário, financeiro e comercial; devem ser estabilizados e melhor coordenados e controlados, de modo que não causem dano aos mais pobres. A solicitude dos diversos obreiros da paz deve ainda concentrar-se – com mais determinação do que tem sido feito até agora – na consideração da crise alimentar, muito mais grave do que a financeira. O tema da segurança das provisões alimentares voltou a ser central na agenda política internacional, por causa de crises relacionadas, para além do mais, com as bruscas oscilações do preço das matérias–primas agrícolas, com comportamentos irresponsáveis por parte de certos agentes econômicos e com um controle insuficiente por parte dos Governos e da comunidade internacional. Para enfrentar semelhante crise, os obreiros da paz são chamados a trabalhar juntos em espírito de solidariedade, desde o nível local até ao internacional, com o objectivo de colocar os agricultores, especialmente nas pequenas realidades rurais, em condições de poderem realizar a sua atividade de modo digno e sustentável dos pontos de vista social, ambiental e econômico.

Educação para uma cultura da paz:o papel da família e das instituições

6. Desejo veementemente reafirmar que os diversos obreiros da paz são chamados a cultivar a paixão pelo bem comum da família e pela justiça social, bem como o empenho por uma válida educação social.

Ninguém pode ignorar ou subestimar o papel decisivo da família, célula básica da sociedade, dos pontos de vista demográfico, ético, pedagógico, económico e político. Ela possui uma vocação natural para promover a vida: acompanha as pessoas no seu crescimento e estimula-as a enriquecerem-se entre si através do cuidado recíproco. De modo especial, a família cristã guarda em si o primordial projecto da educação das pessoas segundo a medida do amor divino. A família é um dos sujeitos sociais indispensáveis para a realização duma cultura da paz. É preciso tutelar o direito dos pais e o seu papel primário na educação dos filhos, nomeadamente nos âmbitos moral e religioso. Na família, nascem e crescem os obreiros da paz, os futuros promotores duma cultura da vida e do amor.

Nesta tarefa imensa de educar para a paz, estão envolvidas de modo particular as comunidades dos crentes. A Igreja toma parte nesta grande responsabilidade através da nova evangelização, que tem como pontos de apoio a conversão à verdade e ao amor de Cristo e, consequentemente, o renascimento espiritual e moral das pessoas e das sociedades. O encontro com Jesus Cristo plasma os obreiros da paz, comprometendo-os na comunhão e na superação da injustiça.

Uma missão especial em prol da paz é desempenhada pelas instituições culturais, escolásticas e universitárias. Delas se requer uma notável contribuição não só para a formação de novas gerações de líderes, mas também para a renovação das instituições públicas, nacionais e internacionais. Podem também contribuir para uma reflexão científica que radique as atividades econômicas e financeiras numa sólida base antropológica e ética. O mundo atual, particularmente o mundo da política, necessita do apoio dum novo pensamento, duma nova síntese cultural, para superar tecnicismos e harmonizar as várias tendências políticas em ordem ao bem comum. Este, visto como conjunto de relações interpessoais e instituições positivas ao serviço do crescimento integral dos indivíduos e dos grupos, está na base de toda a verdadeira educação para a paz.

Uma pedagogia do obreiro da paz

7. Concluindo, há necessidade de propor e promover uma pedagogia da paz. Esta requer uma vida interior rica, referências morais claras e válidas, atitudes e estilos de vida adequados. Com efeito, as obras de paz concorrem para realizar o bem comum e criam o interesse pela paz, educando para ela. Pensamentos, palavras e gestos de paz criam uma mentalidade e uma cultura da paz, uma atmosfera de respeito, honestidade e cordialidade. Por isso, é necessário ensinar os homens a amarem-se e educarem-se para a paz, a viverem mais de benevolência que de mera tolerância. Incentivo fundamental será « dizer não à vingança, reconhecer os próprios erros, aceitar as desculpas sem as buscar e, finalmente, perdoar »,7 de modo que os erros e as ofensas possam ser verdadeiramente reconhecidos a fim de caminhar juntos para a reconciliação. Isto requer a difusão duma pedagogia do perdão. Na realidade, o mal vence-se com o bem, e a justiça deve ser procurada imitando a Deus Pai que ama todos os seus filhos (cf. Mt 5, 21-48). É um trabalho lento, porque supõe uma evolução espiritual, uma educação para os valores mais altos, uma visão nova da história humana. É preciso renunciar à paz falsa, que prometem os ídolos deste mundo, e aos perigos que a acompanham; refiro-me à paz que torna as consciências cada vez mais insensíveis, que leva a fechar-se em si mesmo, a uma existência atrofiada vivida na indiferença. Ao contrário, a pedagogia da paz implica serviço, compaixão, solidariedade, coragem e perseverança.

Jesus encarna o conjunto destas atitudes na sua vida até ao dom total de Si mesmo, até «perder a vida» (cf. Mt 10, 39; Lc 17, 33; Jo 12, 25). E promete aos seus discípulos que chegarão, mais cedo ou mais tarde, a fazer a descoberta extraordinária de que falamos no início: no mundo, está presente Deus, o Deus de Jesus Cristo, plenamente solidário com os homens. Neste contexto, apraz-me lembrar a oração com que se pede a Deus para fazer de nós instrumentos da sua paz, a fim de levar o seu amor onde há ódio, o seu perdão onde há ofensa, a verdadeira fé onde há dúvida. Por nossa vez pedimos a Deus, juntamente com o Beato João XXIII, que ilumine os responsáveis dos povos para que, junto com a solicitude pelo justo bem-estar dos próprios concidadãos, garantam e defendam o dom precioso da paz; inflame a vontade de todos para superarem as barreiras que dividem, reforçarem os vínculos da caridade mútua, compreenderem os outros e perdoarem aos que lhes tiverem feito injúrias, de tal modo que, em virtude da sua ação, todos os povos da terra se tornem irmãos e floresça neles e reine para sempre a tão suspirada paz.

Com esta invocação, faço votos de que todos possam ser autênticos obreiros e construtores da paz, para que a cidade do homem cresça em concórdia fraterna, na prosperidade e na paz.

Vaticano, 8 de Dezembro de 2012.

Fonte: http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/messages/peace/documents/hf_ben-xvi_mes_20121208_xlvi-world-day-peace_po.html

ANIVERSÁRIO MONSENHOR OSCAR PEIXOTO - 2012

No dia 29 de dezembro de 2012 o nosso querido Monsenhor Oscar Peixoto comemorou seus 83 anos de vida dedicada a Jesus e ao irmão.

  1. “Ensinai-nos Senhor a bem contar os nossos dias para alcançarmos o saber do coração”. Sl 89, 12

Todos nos alegramos pela vida preciosa do Padre Oscar, pois o próprio Deus o sonhou, o criou para ser inteiro D’Ele. É um exemplo de uma pessoa que luta para agradar Jesus em tudo levando esse amor misericordioso. Peçamos ao Coração Fiel de Jesus que seja sempre o abrigo do Padre Oscar, e que nossa Senhora, nossa Mãe fiel, sempre passe a frente de sua vida e missão.
Ordenação Diaconal: 20/12/1952
Ordenação Sacerdotal: 28/02/1953
Provisão e outras atividades:- Reitor da Capela São Judas Tadeu e Juiz do Tribunal Eclesiástico.
- Vice-Presidente da Providência Sacerdotal  / Histórico Pastoral:- 01/07/1956 – Trabalho com Dom Lustosa – até 1963;
- 1960 Diretor da Cáritas;
- 29/06/1969 – Paróquia do Mondubim – até 1974;
- 11/03/1975 a 05/03/1981 - Paróquia de Fátima;
- Coordenação da Pastoral Arquidiocesana;
- 10/03/1981 a 03/04/1989 - Paróquia do Pio X;
- Ecônomo da Arquidiocese;
- Vigário Episcopal da Região Metropolitana II;
- 04/04/1989 Paróquia de Maracanaú até 01/11/1993;
- Vigário Judicial do Tribunal Eclesiástico;
- 01/11/1993 a 21/02/2005 - Paróquia de São Geraldo;
- Vice-Presidente da Providência Sacerdotal;

- 22/07/2006 – Reitor da Capela São Judas Tadeu.


CLIQUE AQUI PARA VER MAIS FOTOS

sábado, 29 de dezembro de 2012

“Que as realizações alcançadas este ano, sejam apenas sementes plantadas, que serão colhidas com maior sucesso no ano vindouro. Feliz Ano Novo! Feliz 2013!”
 

Celebrações de Ano Novo na Reitoria São Judas Tadeu

Dia 31 de Dezembro de 2012 – Celebração da Santa Missa às 19 horas (ação de graças – ano novo) presidida pelo Monsenhor Oscar Peixoto.

Dia 01 de Janeiro de 2013 – Celebração da Santa Missa nos seguintes horários: às 17h e 19 horas - Monsenhor Oscar Peixoto.

Celebrações de Ano Novo na Catedral Metropolitana de Fortaleza


Dia 31 de Dezembro de 2012 – Celebração da Santa Missa às 20 horas (ação de graças – ano novo) presidida por Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques – Arcebispo de Fortaleza;

Dia 01 de Janeiro de 2013 – Celebração da Santa Missa nos seguintes horários: às 12h, presidida por Padre Clairton Alexandrino; às 18h30min, presidida por Padre Luis Alberto e 20h, presidida por Padre Clairton Alexandrino (Solenidade da Santa Mãe de Deus e Dia Mundial da Paz e Fraternidade Universal);

Informações (85) 3231. 4196, na Secretária da Catedral.

O ano novo

Estamos iniciando o ano 2013. Como será este ano novo? Deixamos de lado a futurologia e a astrologia. Deixamos de lado também o fatalismo do simples “como Deus quiser”. Nós cristãos procuremos compreender, à luz dos mandamentos e dos planos do criador, que, sem em nada diminuir a fé em Deus e o abandono em sua santa vontade e imperscrutáveis desígnios, o futuro deve ser por nós construídos. Não há dúvida que o futuro não se adivinhe, mas se edifica. O amanhã depende do acerto das nossas opções de hoje. O ano 2013 será aquilo que nós faremos. Acreditamos em Deus e na sua soberania, mas não nos deixamos ficar num passivo providencialismo ou num fatalismo acomodado. Se tudo depende de Deus, tudo depende também de nós.
O 1º. de janeiro é a Festa da Solenidade da Santa Mãe de Deus, Maria, e um dos títulos de Maria é Nossa Senhora da Paz. O primeiro de janeiro também é o Dia Mundial da Paz e da Fraternidade. No início de cada ano a Igreja Católica procura trazer à consciência de cada pessoa cristã a importância da paz e o dever de preservá-la. A melhor maneira de assegurar a paz é trabalhar pela justiça. A paz é o vértice de todos os bens terrenos. Sem ela perdem substância todas as conquistas do homem em seus mais variáveis setores. Hoje há uma enorme falta de paz no mundo e no Brasil. Basta ver o crescimento vertiginoso de todo tipo de violência: assassinatos, estupros, seqüestros, prostituição infantil, drogas, abortos, pedofilia, furtos e divórcios etc. para confirmar essa afirmação. Inicialmente ligados à paz estão os direitos humanos. Manter a paz à custa dos direitos humanos é uma contradição em termos. Onde hoje há a insana repressão dos direitos humanos, amanhã haverá toda forma de violência e, finalmente, a convulsão social. Obviamente não podemos contar com todos para preservar a paz, mas com as pessoas de boa vontade que realmente formam a maior parte das comunidades. Pessoas firmemente dispostas a preservá-la, constituem uma grande defesa e estímulo para a paz. A tranqüilidade no lar, a harmonia entre as gerações e a concórdia dos povos entre si, serão alcançadas pelos esforços dos homens, mas necessitam do Espírito vivificador de Deus. No Sermão da Montanha Cristo disse: “Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5, 9).
A existência de milhões de empobrecidos em nosso país nos envergonha no início de mais um ano. A Igreja Católica no Brasil olha o conjunto do país a partir das massas sobrantes da modernização, e aponta a solidariedade, a união e a organização do povo como o caminho para uma sociedade mais democrática e não excludente em 2013. Que este ano novo então seja um ano de paz, alegria e abundância para todos, digo isso dedicando lhes as palavras de uma antiga benção irlandesa, minha terra natal: “Que o caminho seja brando a teus pés; que o vento sopre leve em teus ombros; que o sol brilhe cálido sobre tua face; que as chuvas caiam serenas nos campos; e até que, de novo, eu te veja, que Deus te guarde na palma de sua mão”.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista, professor titular aposentado da UFC e assessor da CNBB Reg. NE1

Bento XVI convida cristãos a serem testemunhas convictas e corajosas


Ao meio-dia da última quarta-feira, 26 de dezembro, Bento XVI assomou à janela de seus aposentos – que dá para a Praça São Pedro – para a oração do Angelus.
A exemplo de Santo Estevão, “dar um testemunho convicto e corajoso”: foi o convite do Pontífice, na oração mariana, a todos os cristãos.
“Primeiro mártir”, “homem cheio de graça”, o diácono Santo Estevão “operou, falou e morreu animado pelo Espírito Santo, testemunhando o amor de Cristo até o extremo sacrifício”, realizando plenamente – recordou Bento XVI – a promessa de Jesus àqueles “fiéis chamados a dar testemunho em circunstâncias difíceis e perigosas, não serão abandonados e indefesos”. Toda a vida de Santo Estevão “é inteiramente plasmada por Deus, conformada a Cristo”, e, como Ele, soube perdoar os seus inimigos: “Senhor – pediu no momento da morte –, não lhe impute este pecado”.
“Deixar-se atrair por Cristo, como fez Santo Estevão, significa abrir a própria vida à luz que a evoca, a orienta e a faz percorrer o caminho do bem, o caminho de uma humanidade segundo o desígnio de amor de Deus.”
Santo Estevão “modelo para todos aqueles que querem colocar-se a serviço da nova evangelização”.
“Ele demonstra que a novidade do anúncio não consiste primariamente no uso de métodos ou técnicas originais, que certamente têm a sua utilidade, mas no ser repleto do Espírito Santo e deixar-se conduzir por Ele.”
E, portanto, “a novidade do anúncio está na profundidade da imersão no mistério de Cristo, na assimilação da sua Palavra…”
“Substancialmente, o evangelizador torna-se capaz de levar Cristo aos outros de modo eficaz quando vive de Cristo, quando a novidade do Evangelho se manifesta em sua própria vida.”
Em seguida, o Papa fez uma invocação a Nossa Senhora:
“Rezemos à Virgem Maria, a fim de que a Igreja, neste Ano da Fé, veja multiplicarem-se os homens e as mulheres que, como Santo Estevão, sabem dar um testemunho convicto e corajoso do Senhor Jesus.”
Após a oração mariana, o Pontífice saudou, em várias línguas, os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro e a todos desejou “uma boa festa, na luz e na paz do Natal do Senhor”.
Eis o que disse na saudação aos fiéis e peregrinos de língua portuguesa:
“Com afeto, saúdo também os peregrinos de língua portuguesa, desejando que esta vinda a Roma encha de paz e alegria natalícia os vossos corações, com uma viva adesão a Cristo como fez Santo Estêvão: Confiai no seu poder, deixai agir a sua graça! De coração vos agradeço e abençoo.”
O Santo Padre concedeu a todos a sua Bênção apostólica.
Por Rádio Vaticano

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

VÍDEO - MENSAGEM DE NATAL Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza


O NATAL NA HISTÓRIA

O dia 25 de dembro não é, necessariamente, a data histórica do nascimento de Jesus em Belém, na Judeia, no ano 748 da fundação de Roma. O ‘Dies Natalis’ ou ‘Natalis Domini’ foi marcado no dia 25 de dezembro pela Igreja, com o Papa Libério, desde o século IV, a fim de suplantar a festa pagã do deus Sol, celebrada no solstício de inverno. O nascimento de Jesus terá mesmo ocorrido no ano 6 ou 7 a.C.
Para afastar os fiéis da prática dessas festas pagãs, a Igreja quis ressaltar que a verdadeira luz que ilumina todo homem é Cristo e a celebração de seu nascimento é a solenidade própria para afirmar a autêntica fé no mistério da Encarnação do “Verbo”, contra as grandes heresias cristológicas dos séculos IV e V, solenemente afirmada nos quatro concílios ecuménicos de Niceia, Éfeso, Calcedónia e Constantinopla.
Liturgicamente, a solenidade é caracterizada por três missas: a da Meia-Noite ou do Galo (‘ad noctem’ ou ‘ad galli cantum’), que remontará ao Papa Sisto III, por ocasião da reconstrução da basílica liberiana no Esquilino (Santa Maria Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a da Aurora (‘in aurora’), originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um culto celebrado com solenidade em Roma no século VI e, na liturgia atual, conserva ainda uma oração de comemoração; a do Dia (‘in die’), a que primeiro foi instituída, no séc. IV.
O tempo litúrgico do Natal compreende ainda as festas da Sagrada Família (Domingo após o Natal, ou, se este não ocorrer, a 30 de dezembro); a de Santa Maria, Mãe de Deus, a 1 de janeiro; a Solenidade da Epifania do Senhor, a 6 de janeiro ou no Domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de janeiro.
O tempo de Natal termina com a festa do batismo do Senhor, no Domingo após a Epifania, ou, se esta coincide com o dia 7 ou 8 de janeiro, na segunda-feira seguinte.
Têm também lugar a celebração das festas de S. Estêvão, S. João evangelista e dos Santos Inocentes respetivamente a 26, 27 e 28 de dezembro, dentro da oitava do Natal, que vai do dia 26 até 1 de janeiro, Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, Dia Mundial da Paz.
Em dezembro de 2009, Bento XVI dedicou uma catequese à origem histórica do Natal, frisando que “o primeiro que afirmou com clareza que Jesus nasceu a 25 de dezembro foi Hipólito de Roma, no seu comentário ao Livro do profeta Daniel, escrito por volta de 204”. Depois, alguns exegetas observam que naquele dia se celebrava a festa da Dedicação do Templo de Jerusalém, instituída por Judas Macabeu em 164 a.C. A coincidência de datas “significaria então que com Jesus, que apareceu como luz de Deus na noite, se realiza deveras a consagração do templo, o Advento de Deus nesta terra”.
Na cristandade, explicava o Papa, a festa do Natal assumiu uma forma definitiva no século IV, quando substituiu a festa romana do “Sol invictus”, o sol invencível, como foi referido, mas “a particular e intensa atmosfera espiritual que rodeia o Natal desenvolveu-se na Idade Média, graças a São Francisco de Assis, que estava profundamente apaixonado pelo homem Jesus, pelo Deus-connosco”.
O seu primeiro biógrafo, Tomás de Celano, na Vida segunda narra que São Francisco “acima de todas as outras solenidades celebrava com inefável solicitude o Natal do Menino Jesus, e chamava festa das festas ao dia no qual Deus, feito pequeno infante, se tinha amamentado num seio humano” (Fontes Franciscanas, n. 199, p. 492).
Tomás de Celano fala da noite do presépio de Greccio de modo vivo e comovedor, oferecendo uma contribuição decisiva para a difusão da tradição natalícia mais bonita, a do presépio. “De facto, a noite de Greccio voltou a dar à cristandade a intensidade e a beleza da festa do Natal, e educou o Povo de Deus para compreender a sua mensagem mais autêntica.”

FONTE: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=93752

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Cinco anos sem Dom Aloísio Lorscheider

“[...] para aprofundar e anunciar os mistérios

da nossa fé é preciso entrar no mistério de Deus”

Dom Aloísio Lorscheider



por Padre Geovane Saraiva*

Há cinco anos partiu para o seio do Pai o grande homem de Deus, que se fez discípulo de São Francisco de Assis, Dom Aloísio Cardeal Lorscheider. De São Francisco ele afirmou: “Um homem livre, amarrado a ninguém, levando-o a redescobrir a pureza original das criaturas. Indubitavelmente, o Cântico das Criaturas expressa esta liberdade interior e exterior conseguida pelo Santo de Assis. Só uma vida inteiramente aberta a Deus e ao Irmão é capaz de dar à criatura humana o gozo da libertação, que conduz à liberdade pura e santa com que Deus nos criou”.

Um Deus que amou tanto o mundo que nos deu o seu Filho único (cf. Jo 3,16), deu-nos também um bispo, um pastor, um teólogo e um Cardeal, que sabia compreender a realidade na sua conjuntura e, com suas posições bem claras e definidas, nas análises e nas conclusões teológicas pastorais, ao passar para as pessoas de boa vontade, um clima que favorecia e gerava uma confiança generalizada.

E foi exatamente a virtude da simplicidade e da humildade que o transformou no Cardeal que mais se destacou em todos os Conclaves e Sínodos de que participou, gerando para o mundo inteiro e, especialmente para a imprensa, uma grande expectativa. Sua palavra corajosa e profética era acolhida por todos como uma boa notícia. Eis o que disse Senador Pedro Simon a respeito de Dom Aloísio: “[...] sua voz, naturalmente doce, alternava-se quando era preciso confrontar os vendilhões da justiça, quando todos os jardins da democracia corriam o risco de ser alvo de bombas atiradas pelos olhares fixos da repressão. Sua voz ecoou pelos corredores das prisões [...]”.

A espiritualidade franciscana foi imprescindível na sua ação e caridade pastoral, chegando a se pronunciar, num artigo em 1882, na Revista Grande Sinal: “À medida que passam os anos, São Francisco merece maior atenção. Em nossos dias, sobretudo, com a redescoberta do lugar social do pobre na Igreja e no mundo, o interesse pelos ideais de São Francisco faz-se mais vivo” [...].

Em Francisco de Assis Dom Aloísio descobriu a verdadeira face de Deus, traçando seus passos a partir dessa realidade misteriosa: “Sempre fiquei muito impressionado e atraído pelo amor quente e apaixonado que São Francisco dedica a Deus. Parece que no beijo do leproso ele entendeu, como Saulo no caminho de Damasco, a doação total de Deus a nós em seu Filho Jesus Cristo. Custou a Francisco não só descer do cavalo fogoso que no momento montava, mas muito mais do cavalo do orgulho e da vaidade com que ele queria conquistar o título de grande e nobre”.

Dom Aloísio, ao se tornar Arcebispo de Fortaleza (1973-1995), logo de início afirmou: “A comunidade eclesial não é feudo do bispo, mas ele é o servidor de uma Igreja que se entende a si mesma como sacramento do Reino, isto é, da presença da verdade e do amor infinito de Deus para com cada criatura humana”. Daí ele não compreender como algo natural e normal se conviver com a miséria e o acentuado empobrecimento do povo, que tinha como consequência o êxodo, o flagelo e a morte de muitos irmãos, levantando sua voz de profeta para dizer que não era vontade de Deus a realidade aqui encontrada e, ao mesmo tempo, usou de todos os meios, com uma enorme vontade de transformar essa mesma realidade, marcando profundamente a história do nosso querido Ceará. No dizer do Desembargador Fernado Ximenes, “Em pleno regime de exceção, a sociedade cearense logo sentiu os efeitos dessa guinada. As camadas desfavorecidas ou marginalizadas, os sem-terra, os sem-teto, os presos políticos, os presidiários comuns, os trabalhadores em greve – ganharam aliado de peso”.

Quando ele se tornou bispo emérito de Aparecida, veio a seguinte pergunta: O que o senhor vai fazer? Respondeu: “Sou um simples frade menor e vou fazer o que o meu provincial mandar, porque a obediência me torna livre”. Jamais podemos esquecer a chama luminosa de um coração amável e cheio de bondade, de uma pessoa humana, dotada de grandes virtudes e qualidades, de um “bispo completo”, segundo o grande teólogo Alberto Antoniazzi e nas palavras do então Senador Tasso Jereissati, “do homem mais ilustre da nossa geração, no Ceará, com a sua vida de dedicação à causa dos excluídos”, do maior benfeitor e patrimônio do povo cearense, que partiu há cinco anos, no dia 23/12/2007, deixando-nos enorme saudade.

Que a mística franciscana tão presente na vida de Dom Aloísio, ao mergulhar no Mistério da Encarnação, sobretudo, neste tempo forte do advento, que precede o Natal. Também na Paixão do Senhor, ofertando ao Ceará (Arquidiocese de Fortaleza) um rosto de um igreja verdadeiramente pascal, no sentido mais profundo da liberdade e da perfeita alegria, nos proporcione gestos concretos, no sentido de desmanchar a montanha do orgulho e de egoísmo, amparados pela simbologia do manto da paz, da justiça e da solidariedade.

*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, Escritor, Membro da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE), e da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza. Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com.

ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA - Decretos e Provisões – novembro 2012

 •
Arcebispo-assinando-3001. Uso de Ordem na Arquidiocese de Fortaleza para o Pe. Fr. Alberto Fuente Martínez, OAR. 22 11 12

2. Provisão para os membros do Conselho Econômico da Paróquia N S das Graças – Parque Santa Maria, Fortaleza. 23 11 12

3. DECRETO N 016-2012 – segunda aprovação Estatutos Associados Leigos Filhos N Sra Purificação. 23 11 12

4. Provisão para os membros do Conselho Econômico da Área Pastoral Santa Paula Frassinetti – Granja Lisboa, Fortaleza. 27 11 12

5. Retomada de Uso de Ordem na Arquidiocese de Fortaleza para o Pe. Luiz Gilderlane Nogueira. 27 11 12

6. Provisão de Vigário Paroquial de São José de Ribamar em Aquiraz para o Pe. Luiz Gilderlane Nogueira. 27 11 12

7. Autorização para a Santa Reserva do Santíssimo Sacramento na Capela da Comunidade Católica Shalom – Projeto Mundo Novo, na Paróquia de Cristo Rei, Aldeota, Fortaleza. 27 11 12

8. Santa Reserva – Capela da Casa Apostólica do Centro de Evangelização Shalom na Paróquia Nossa Senhora da Glória – Cidade dos Funcionários, Fortaleza. 27 11 12.

Bento XVI: “Que o natal não seja só uma festa exterior”

Durante o ângelus do domingo, 9 de dezembro, papa Bento XVI centrou-se nas virtudes de São João Batista. O Santo Padre apareceu ao meio dia na janela do seu escritório no Palácio Apostólico e cumprimentou os peregrinos e os fieis reunidos na Praça de São Pedro.
O texto foi publicado pela agência ZENIT:

Queridos irmãos e irmãs!

No tempo do Advento a liturgia enfatiza, de modo particular, duas figuras que preparam a vinda do Messias: a Virgem Maria e João Batista. Hoje São Lucas nos apresenta este último, e o faz com características diferentes dos outros Evangelistas. “Todos os quatro Evangelhos colocam no início do ministério de Jesus a figura de João Batista e apresentam-no como o seu precursor. São Lucas colocou antes a conexão entre as duas figuras e as suas respectivas missões [...] Já na concepção e no nascimento, Jesus e João colocaram-se em relação entre si” (A infância de Jesus, 23).

Essa configuração ajuda a entender que João, enquanto filho de Zacarias e Isabel, ambos de famílias sacerdotais, não é apenas o último dos profetas, mas representa também todo o sacerdócio da Antiga Aliança e por isso prepara os homens ao culto espiritual da Nova Aliança, inaugurado por Jesus (cf. ibid. 27-28). Lucas também afasta qualquer leitura mítica que às vezes é feita dos Evangelhos e coloca historicamente a vida do Batista: “No décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era governador [...] enquanto eram sumos sacerdotes Anás e Caifás” (Lc 3, 1-2). Dentro deste quadro histórico reside o verdadeiro grande evento, o nascimento de Cristo, que seus contemporâneos não vão perceber. Para Deus os grandes homens da história formam o pano de fundo para os pequenos!

João Batista se define como a “voz que clama no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lc 3, 4). A voz proclama a palavra, mas, neste caso, a Palavra de Deus precede, enquanto que é ela mesma que desce sobre João, Filho de Zacarias, no deserto (cf. Lc 3, 2). Ele, então, desempenha um grande papel, mas sempre em relação a Cristo. Santo Agostinho comenta: “João é a voz. Do Senhor ao contrário se diz: “No princípio era o Verbo” (João 1, 1).

João é a voz que passa, Cristo é o Verbo eterno, que existia no princípio. Se tiras a voz da palavra, o que é que resta? Um som fraco. A voz sem palavra atinge o ouvido, mas não edifica o coração” (Sermão 293, 3).

Nosso objetivo é dar hoje ouvido à essa voz para conceder espaço e acolhida no coração à Jesus, Palavra que nos salva. Neste Tempo de Advento, preparemo-nos para ver, com os olhos da fé, na humilde Gruta de Belém, a salvação de Deus (cf. Lc 3, 6). Na sociedade dos consumos, em que se busca a alegria nas coisas, o Batista nos ensina a viver de uma forma essencial, para que o Natal seja vivido não só como uma festa exterior, mas como a festa do Filho de Deus que veio para trazer aos homens a paz, a vida e a alegria verdadeira.

À materna intercessão de Maria, Virgem do Advento, confiamos o nosso caminho de encontro com o Senhor que vem, para estarmos prontos para acolher, no coração e em toda a vida, o Emanuel, o Deus-conosco.

POR: CNBB/ZENIT

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012





Mundo não acabará no dia 21, diz o Vaticano



O reverendo José Funes, astrônomo mais graduado do Vaticano, disse nesta terça-feira que o mundo não acabará no dia 21, apesar das supostas previsões feitas pelos maias. Funes escreveu um artigo ao jornal L'Osservatore Romano, do Vaticano, no qual disse que "não vale nem a pena discutir os fundamentos científicos dessas afirmações (obviamente falsas)", que estão sendo divulgadas na internet. O título do artigo é "O Apocalipse que não virá (pelo menos, por enquanto)".

Funes disse que o universo está em expansão e que, se os modelos são corretos, em um ponto o universo sofrerá uma ruptura, mas isso poderá acontecer bilhões de anos no futuro. Segundo ele, mesmo assim os verdadeiros cristãos acreditam que "a morte nunca é a última palavra". O calendário feito pelos maias, cuja contagem começou em 3.114 a.C., marca períodos de 394 anos, chamados de baktun. Os maias escreveram que o "significativo" 13º baktun acaba em 21 de dezembro.

As informações são da Associated Press.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

OBRIGADO E ADEUS AMIGO - PROF. GUSTAVO BRAGA FILHO

    Durante 20 anos, o biólogo Gustavo de Braga Filho esteve à frente da direção da Escola, agregando educação à qualidade. Sua principal característica pautou-se na humildade e na maneira sempre gentil e agradável de tratar seus funcionários, professores, pais e alunos. Suas paixões resumiam-se à mãe, à escola e ao Partido PSDB.
    Mais do que um homem à frente da sua geração, Gustavo de Braga Filho mostrou-se sempre fiel a Deus e aos princípios da educação.
    O Colégio Gustavo Braga, situado à Avenida João Pessoa, 4680, no bairro Damas, tem como patrono o Jurista e professor Dr. Gustavo Braga, que tem além de publicar diversos livros jurídicos foi professor catedrático da Faculdade de Direito da UFC – Universidade Federal do Ceará.

PROF. CARLOS ANDRADE

sábado, 8 de dezembro de 2012




MENSAGEM DO PAPA - ADVENTO, TEMPO DE ESPERANÇA

Queridos irmãos e irmãs!
"Vamos com alegria para a casa do Senhor". Estas palavras, que repetimos no refrão do Salmo responsorial, interpretam bem os sentimentos que ocupam o nosso coração hoje, primeiro domingo do Advento. A razão pela qual podemos ir em frente com alegria, como nos exortou a fazer o apóstolo Paulo, consiste no facto de que a nossa salvação já está próxima. O Senhor vem! Com esta consciência empreendemos o itinerário do Advento, preparando-nos para celebrar com fé o extraordinário acontecimento do Natal do Senhor. Durante as próximas semanas, dia após dia, a liturgia oferecerá à nossa reflexão textos do Antigo Testamento, que recordam aquele desejo vivo e constante que manteve desperta no povo judaico a expectativa da vinda do Messias. Vigilantes na oração, procuremos também nós preparar o nosso coração para acolher o Salvador que virá para nos mostrar a sua misericórdia e para nos doar a salvação.

Precisamente porque é tempo de expectativa, o Advento é tempo de esperança e à esperança cristã quis dedicar a minha segunda Encíclica apresentada anteontem oficialmente: ela começa com as palavras dirigidas por São Paulo aos cristãos de Roma: "Spe salvi facti sumus na esperança é que fomos salvos" (8, 24). Na Encíclica escrevo entre outras coisas que "precisamos das esperanças menores ou maiores que, dia após dia, nos mantêm a caminho. Mas sem a grande esperança, que deve superar tudo o resto, aquelas não bastam. Esta grande esperança só pode ser Deus, que abraça o universo e nos pode propor e dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir" (n. 31). A certeza de que só Deus pode ser a nossa firme esperança anime todos nós, reunidos esta manhã nesta casa na qual se luta contra a doença, amparados pela solidariedade. E gostaria de aproveitar a minha visita ao vosso hospital, dirigido pela Associação dos Cavaleiros Italianos da Soberana Ordem Militar de Malta, para entregar idealmente a Encíclica à comunidade cristã de Roma e, em particular, a todos os que, como vós, estão em contacto directo com o sofrimento e com a doença. Porque precisamente sofrendo como doentes precisamos da esperança, da certeza de que há um Deus que não nos abandona, que nos leva pela mão e nos acompanha com amor. É um texto que vos convido a aprofundar, para nele encontrar as razões daquela "esperança fidedigna, graças à qual podemos enfrentar o nosso tempo presente:... o presente, ainda que custoso" (n.1).

Queridos irmãos e irmãs, "o Deus da esperança que nos enche de toda a alegria e paz na fé pelo poder do Espírito Santo, esteja convosco!". Com estes votos que o sacerdote dirige à assembleia no início da Santa Missa, saúdo-vos cordialmente. Saúdo, em primeiro lugar, o Cardeal Vigário Camillo Ruini e o Cardeal Pio Laghi, Patrono da Soberana Ordem Militar de Malta, os Prelados e os sacerdotes presentes, os capelães e as irmãs que prestam aqui o seu serviço. Saúdo com deferência Sua Alteza Eminentíssima Fra Andrew Bertie, Príncipe e Grão-Mestre da Soberana Ordem Militar de Malta, ao qual agradeço os sentimentos expressos em nome da Direcção, do pessoal administrativo, dos médicos e dos enfermeiros e de quantos prestam de diversos modos a sua obra no hospital. Faço a minha saudação extensiva às distintas Autoridades, com um particular pensamento para o Director, assim como para o Representante dos doentes, aos quais transmito o meu agradecimento pelas palavras que me dirigiram no início da Celebração.

Mas a saudação mais afectuosa dirige-se a vós, queridos doentes e aos vossos familiares, que convosco partilham ansiedades e esperanças. O Papa está espiritualmente próximo de vós e garante-vos a sua oração quotidiana; convida-vos a encontrar em Jesus apoio e conforto e a nunca perder a confiança. A liturgia do Advento repetir-nos-á ao longo das próximas semanas que não nos cansemos de o invocar; exortar-nos-á a ir ao seu encontro, sabendo que ele próprio nos visita constantemente. Na prova e na doença Deus visita-nos misteriosamente e, se nos abandonarmos à sua vontade, podemos experimentar o poder do seu amor. Os hospitais e as casas de cura, precisamente porque habitados por pessoas provadas pelo sofrimento, podem tornar-se lugares privilegiados onde testemunhar o amor cristão que alimenta a esperança e suscita propósitos de solidariedade fraterna. Na Colecta rezámos assim: "Ó Deus, suscita em nós a vontade de ir ao encontro do teu Cristo que há-de vir com as boas acções". Sim! Abramos o coração a cada pessoa, especialmente se está em dificuldade, porque fazendo o bem a quantos estão em necessidade dispomo-nos para acolher Jesus que neles nos vem visitar.

É o que vós, queridos irmãos e irmãs, procurais fazer neste hospital onde no centro das preocupações de todos está o acolhimento amoroso e qualificado dos doentes, a tutela da sua dignidade e o compromisso de melhorar a sua qualidade de vida. A Igreja, através dos séculos, tornou-se particularmente "próxima" de quantos sofrem. Deste espírito se fez partícipe a vossa benemérita Soberana Ordem Militar de Malta, que desde o início se dedicou à assistência dos peregrinos na Terra Santa mediante um Hospício-Enfermaria. Enquanto perseguia a finalidade da defesa cristã, a Soberana Ordem de Malta prodigalizava-se para curar os doentes, especialmente os pobres e marginalizados. Testemunho deste amor fraterno é também este hospital que, tendo surgido nos anos 70 do século passado, se tornou hoje um presídio de alto nível tecnológico e uma casa de solidariedade, onde ao lado do pessoal médico trabalham com generosa dedicação numerosos voluntários.

Queridos Cavaleiros da Soberana Ordem Militar de Malta, queridos médicos, enfermeiros e todos vós que aqui trabalhais, sois chamados a prestar um importante serviço aos doentes e à sociedade, um serviço que exige abnegação e espírito de sacrifício. Em cada doente, quem quer que ele seja, sabei reconhecer e servir o próprio Cristo; fazei-lhe sentir, com os vossos gestos e palavras, os sinais do seu amor misericordioso. Para compreender bem esta "missão", procurai, como nos recorda São Paulo na segunda Leitura, "revestir as armas da luz" (Rm 13, 12), que são a Palavra de Deus, os dons do Espírito, a graça dos Sacramentos, as virtudes teologais e cardeais; lutai contra o mal e abandonai o pecado que torna tenebrosa a nossa existência. No início de um novo ano litúrgico, renovemos os nossos bons propósitos de vida evangélica. "Já é hora de despertardes do sono" (Rm 13, 11), exorta o Apóstolo; ou seja, é tempo de converter-se, de despertar do sono do pecado, para se predispor confiantes a acolher "o Senhor que há-de vir". Por isso, o Advento é tempo de oração e de expectativa vigilante.

À "vigilância", que aliás é a palavra-chave de todo este período litúrgico, exorta-nos a página evangélica há pouco proclamada: "Vigiai, pois, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor" (Mt 24, 42). Jesus, que no Natal veio entre nós e voltará glorioso no fim dos tempos, não se cansa de nos visitar no fim dos tempos, não se cansa de nos visitar continuamente, nos acontecimentos de cada dia. Pede-nos e admoesta-nos que o esperemos vigilantes, porque a sua vinda não pode ser programada ou prognosticada, mas será improvisa e imprevisível. Só quem vigia não é colhido de surpresa. Que não vos aconteça, adverte Ele, o que aconteceu no tempo de Noé, quando os homens comiam e bebiam despreocupados, e foram colhidos impreparados pelo dilúvio (cf. Mt 24, 37-38). O que nos quer fazer compreender o Senhor com esta admoestação, a não ser que não nos devemos deixar absorver pelas realidades e preocupações materiais até ao ponto de ser por elas seduzidos? Devemos viver sob o olhar do Senhor, na convicção de que Ele se pode tornar presente todos os dias.

"Vigiai, pois... ". Escutemos o convite de Jesus no Evangelho e preparemo-nos para reviver com fé o mistério do nascimento do Redentor, que encheu o universo de alegria; preparemo-nos para acolher o Senhor no seu incessante vir ao nosso encontro nos acontecimentos da vida, na alegria e no sofrimento, na saúde e na doença; preparemo-nos para o encontrar na sua vinda última e definitiva. A sua passagem é sempre fonte de paz e, se o sofrimento, herança da natureza humana, se torna por vezes quase insuportável, com o advento do Salvador "o sofrimento sem deixar de o ser torna-se apesar de tudo canto de louvor" (Enc. Spe salvi, 37). Confortados por esta palavra, prossigamos a Celebração eucarística, invocando sobre os doentes, seus familiares e sobre quantos trabalham neste hospital e sobre toda a Ordem dos Cavaleiros de Malta a protecção materna de Maria, Virgem da expectativa e da esperança, como também da alegria, que já está neste mundo, porque quando sentimos a proximidade de Cristo vivo há remédio para o sofrimento, já está presente a sua alegria. Amém


Papa Bento XVI

NATAL COM CRISTO

Mais uma vez estamos vivendo o clima... o ambiente...
os sentimentos...e as emoções de uma grande festa.
Faltam apenas alguns dias para o Natal. As luzes já estão acesas decorando
a cidade, na natureza se veste de gala ostentando as luzes e cores diversas.
É o Menino Jesus que vem ao nosso encontro procurando
outra vez um lugar para nascer...
Vamos abrir espaços em nossos corações e deixemos que o Menino Deus
faça dele a sua morada e realize em nossas vidas seu plano de amor,
para que assim, o verdadeiro sentido de Natal não se perca nas trocas
de presentes e algumas palavras frias e sem sentido.
Aproveito este clima de festa para desejar a você um Natal
cheio de AMOR....e de PERDÃO...
AMOR porque é no amor que encontramos o verdadeiro sentido da VIDA.
PERDÃO porque é através do perdão que damos ao amor o sentido mais pleno.
Mas, sobretudo, desejo que, quando todos se reunirem para celebrar
o nascimento de Cristo, você receba dos céus todas as bênçãos,
e que estas bênçãos se estendam por toda sua família,
pois só a família é o símbolo de um Natal feliz!
 

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

ANO DA FÉ

Sua Santidade, o Papa Bento XVI, decidiu proclamar um “Ano da Fé”. Começará no dia 11 de outubro de 2012, no cinquentenário da abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, e aniversário de vinte anos da publicação do Catecismo da Igreja Católica, e terminará na Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, no dia 24 de novembro de 2013. Nesse mesmo mês estaremos vivendo mais um Sínodo dos Bispos, cujo tema será sobre a Nova Evangelização.

Todos nós, os católicos, devemos participar desse ano com “todo seu coração, com toda sua alma e com todo seu entendimento” (Mt 22,37). Mas qual é o sentido do Ano da Fé? A fé ainda tem espaço em nossa cultura secularizada? Em um mundo cheio de misérias, fome, guerras, onde Deus parece não ter lugar e nem vez, não seria uma alienação proclamar um Ano da Fé? Para que serve a fé?

Esses e outros interrogantes são propostos aos cristãos. Respondê-los se faz necessário para todos os que desejam viver sua fé com consciência, e não apenas como uma herança de seus pais e avós esquecida e guardada em um canto perdido da própria vida, e que não possui nenhuma incidência concreta no modo de viver, pensar, ser e relacionar-se.

O cristão diante dessa problemática não se cala e nem deve se calar. Devemos descobrir na oração os desígnios de Deus e dar respostas adequadas. Gostaria de convidá-los a percorrer comigo um itinerário que nos leve a descobrir o significado, importância e necessidade do Ano da Fé.
a. O Ano da Fé significa agradecer
O ser humano, em seu estado natural, possui inteligência e vontade com potencialidades infinitas. A beleza que surge das mãos dos homens é um reflexo da beleza que surge das mãos do Criador. No entanto, não quis Deus que o homem permanecesse apenas em seu estado natural e nos deu o dom da fé.

O dom da fé e da graça eleva o homem ao estado sobrenatural, somos filhos de Deus (1Jo 3,1). Neste estado podemos dizer com São Paulo “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim” (Gal 2,20). O estado sobrenatural não está em conflito com o estado natural. A graça não destrói a natureza, a supõe, eleva e aperfeiçoa.

A fé nos eleva a uma condição superior, mas não de superioridade. É na vivência profunda da fé que o homem se encontra completamente consigo mesmo e com o outro, e realiza plenamente a vocação a que foi chamado.

Cristo é nosso Senhor e nos convida a contemplar o mundo e seus irmãos com novos olhos. A fé, bem acolhida e cultivada, nos oferece uma lente que permite perceber a realidade com o coração de Deus. Por isto, o cristão não é indiferente aos assuntos do mundo. O sofrimento e a dor que assolam a humanidade devem ser sentidos, sofridos e compadecidos com maior intensidade por aqueles que se declaram apóstolos de Cristo. É com o amor de Deus que amamos o mundo.

A fé não é alienação, ao contrário, é trazer ao mundo um pouco do divino, é lapidar a beleza da criação muitas vezes escondida pela nuvem do pecado. A verdadeira alienação é não acolher, cultivar e promover o dom da fé. A busca de infinito que permeia o coração humano encontra nela seu porto seguro, pois somente através desse magnífico dom descobrimos quem realmente somos. Como dizia Santo Agostinho: “Fizeste-me para Ti, Senhor, e o meu coração inquieto está enquanto não descansa em Ti” (Confissões, l.1, n.1). Elevemos todos uma oração de agradecimento a Deus pelo dom da Fé que nos enriquece, fazendo-nos mais humanos e filhos de Deus.
b. No Ano da Fé é necessário dar razões
São Pedro, em sua epístola, nos convida a dar razões de nossa esperança. “Estai sempre prontos a responder para vossa defesa a todo aquele que vos pedir a razão de vossa esperança, mas fazei-o com suavidade e respeito.” (1Pe. 3,15)

Não basta celebrar. A verdadeira ação de graças ao Senhor exige que desenvolvamos o dom recebido. A fé é a resposta que o coração humano naturalmente anseia encontrar. No entanto, o dom da fé não exclui a necessidade de utilizar o dom da razão para compreender melhor os mistérios revelados por Deus, de fazê-los compreensíveis e acessíveis ao homem em cada momento histórico. Existe a inteligência da Fé que deve ser, unida à luz da graça, desenvolvida a fim de que cada cristão possa aderir com maior liberdade às verdades reveladas.

Só a partir de uma livre, consciente e renovada adesão à própria fé haverá plena responsabilidade na vivência e testemunho desse dom. É aqui onde dom e resposta, graça divina e liberdade humana devem se dar as mãos para que a fé possa cair em terra fértil, semear e dar frutos em abundância.

Esforcemo-nos por conhecer profundamente a fé que professamos. Criemos grupos de estudos e reflexão, estudemos nossa história.

Possuímos um instrumento maravilhosamente privilegiado para esta finalidade: o Catecismo da Igreja Católica, que se apresenta também no formato de compêndio e no formato para jovens, o YouCat, lançado na Jornada Mundial da Juventude em Madri. Todos são fontes riquíssimas para alimentar nossa alma e nossa inteligência. Temos também o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, os documentos do Concilio Vaticano II, as encíclicas papais e, acima de tudo, a Sagrada Escritura.
Utilizemos as ferramentas que a sociedade moderna nos oferece para nos atualizarmos, conhecermo-nos e encontrarmo-nos. É louvável a iniciativa de diversos grupos de jovens que, na impossibilidade de encontrar-se fisicamente com frequência, utilizam os bate-papos, os grupos que as diversas mídias sociais oferecem. Desejo, vivamente, que estes grupos se multipliquem. É importante que estejam guiados por uma pessoa ou que tenham um moderador ou consultor com conhecimentos filosóficos e teológicos, que iluminem e ajudem a entender melhor a própria fé.

Pelo batismo, somos, desde já, cidadãos do Céu, mas devemos ser conscientes dessa tão alta dignidade. Não devemos nos acanhar diante dos desafios que o mundo apresenta. A Igreja não possui apenas dois mil anos de história, mas ela e, consequentemente cada um de nós que estamos em comunhão com a Igreja, possuímos a assistência do Logos Divino, da sabedoria eterna, que nos é dada através dos dons do Espírito Santo. Não devemos ter medo de dialogar com o mundo contemporâneo. É nossa missão evangelizar a cultura. Como afirma Bento XVI, "a Igreja nunca teve medo de mostrar que não é possível haver qualquer conflito entre fé e ciência autêntica, porque ambas, embora por caminhos diferentes, tendem para a verdade."(Porta Fidei, n. 12). Sejamos os promotores da Verdade na caridade, e da caridade na Verdade.

c. No Ano da Fé é importante proclamar
Bento XVI, com muita sabedoria, alerta que muitos cristãos sentem "maior preocupação com as consequências sociais, culturais e políticas da fé do que com a própria fé, considerando esta como um pressuposto óbvio da sua vida diária." (Porta Fidei,2) Diante dos desafios que nos apresentam a sociedade secularizada, nossa primeira reação é lançar-nos a fazer algo. Desejamos, justificadamente, e nos esforçamos, com boas intenções, por unir pessoas, grupos e entidades para combater aquilo que consideramos como nocivo ao cristianismo e à humanidade.

Considero importantes todas as iniciativas que visam promover nossa fé e incidir positivamente na sociedade e que contenham o avanço do mal que se alastra em nossa cultura. Mas, o que seriam dessas iniciativas de luta e de força, de combate e embate sem a fé? Não vejo os primeiros cristãos se conjurando para dominar as instituições através da força e do poder. A ação mais importante e fecunda de nossos primeiros irmãos foi, a partir de experiência que nasce do encontro pessoal com Cristo, testemunhar com a própria vida que Deus existe. Os pagãos se sentiam atraídos pela beleza da fé católica e pela caridade com que viviam os primeiros cristãos, e chegavam a exclamar: “Vede como se amam” (Tertuliano, Apol.,39).

É na caridade, na alegria, no entusiasmo e na felicidade da vivência de nossa fé que iremos permear o mundo da esperança e do amor cristão. É no respeito, no diálogo aberto, sincero e inteligente que construiremos pontes entre a Fé e o mundo contemporâneo. Já existem muitos muros!

Aprendamos a difícil arte de escutar, entender, compreender e defender sem medo nossa fé, com serenidade e respeito.

A evangelização e nossas ações sociais só produzirão efeito a partir do momento em que cada cristão tiver um encontro pessoal com Cristo.

Nossa fé não é fruto de uma decisão, mas de um encontro, e só a partir desse encontro nossa evangelização será uma luz que atrai por sua beleza divina.

Onde se realiza esse encontro? Não se é cristão sozinho. O ser humano é um ser social por natureza. É na comunidade de fé e na Igreja, como custódia dos sacramentos de Cristo, que encontraremos, renovaremos e promoveremos nossa fé. Só podemos nos dizer plenamente cristãos se encontrarmos nossos irmãos na oração, na eucaristia e na reconciliação.

Sem comunidade não há família cristã. É através do mistério do Corpo Místico de Cristo onde toda a Igreja se encontra. É na liturgia e nos sacramentos que toda ação tem sentido. "Sem a liturgia e os sacramentos, a profissão de fé não seria eficaz, porque faltaria a graça que sustenta o testemunho dos cristãos." (Porta Fidei, n.11)

É na vivência comunitária de nossa Fé que encontramos o amor de Cristo. «Caritas Christi urget nos – o amor de Cristo nos impele» (2 Cor 5, 14). Sua Santidade afirma que “é o amor de Cristo que enche os nossos corações e nos impele a evangelizar. Hoje, como outrora, Ele envia-nos pelas estradas do mundo para proclamar o seu Evangelho a todos os povos da terra (cf. Mt 28, 19).” (Porta Fidei, n.7)

O amor de Deus cria! A palavra criação possui a mesma raiz grega da palavra poesia “poietés”. Assim, Deus é o verdadeiro poeta e nós somos um poema de Deus. Por isso, é impossível não ficar admirando, contemplando o sol que nasce no horizonte, ou a lua cheia que cresce por trás dos montes. A natureza são versos divinos que nos remetem a Deus. Aqui, em nossa cidade maravilhosa, temos o momento e local para aplaudir o pôr do sol. No entanto, afirmo que não há maior milagre e poesia mais bela do que o olhar e o sorriso de um cristão que vive no mundo com coerência, simplicidade e entusiasmo a sua fé.

O católico tocado pela fé é uma das provas e evidências mais fortes da existência de Deus. Quando conheço um cristão coerente, vejo um milagre da criação. Vejo Deus na Terra e percebo que não há trevas que possam invadir um mundo dominado pela luz da fé, pelo sal do testemunho e pelo bálsamo da caridade. Em cada um de nós, de certo modo, se realizam de maneira plena as palavras de Cristo: “Eu estarei convosco todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28,20).

Peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo a graça de viver nossa fé com toda nossa alma, com todo nosso coração e com todo nosso entendimento. Só assim seremos o que temos de ser e transformaremos o mundo. Só em Cristo, por Cristo e com Cristo conseguiremos transmitir os tesouros de nossa fé e incidir positiva e efetivamente na sociedade. Não tenhamos medo de falar daquilo que preenche nosso coração; não tenhamos medo de falar d'Aquele que dá um sentido último às nossas vidas. Subamos nos telhados e nos preparemos para anunciar com amor que o Amor existe, se fez carne e habita em nós e está entre nós.

Preparemo-nos, através da oração, da adoração, da eucaristia, da reconciliação e da missão pessoal e comunitária para o Ano da Fé, que coincidirá, para o nosso júbilo, com a preparação e a realização da JMJ Rio 2013!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ