sábado, 16 de março de 2013

EVILÁZIO TEIXEIRA*
Habemus papam, e agora? Mais que falar sobre Jorge Mario Bergoglio, importante é falar da Igreja. O que se espera dessa instituição milenar que marcou significativamente a história do Ocidente ao longo destes 2 mil anos? A Igreja é mais que uma organização social, não é simplesmente uma organização para atuar num programa religioso. A Igreja é também uma questão de fé.
Primeiramente espera-se que a Igreja seja uma "perita em humanidade"; que realmente envolva-se com os problemas reais dos humanos, peregrinos neste mundo, que ajude a construir no planeta um novo paradigma civilizatório: baseado no diálogo, na solidariedade, na justiça, no respeito às diferenças. Uma Igreja menos "dona da verdade". Uma Igreja simples, que mostre e testemunhe o rosto de um Deus amor, e que na centralidade do seguimento de Jesus de Nazaré, revele sua paixão pela vida e por tudo que é humano. Nesse contexto de Igreja, existem algumas aplicações bem concretas que expressam o verdadeiro sentido da mesma: a Igreja, para chegar à plenitude, precisa apresentar ao homem contemporâneo fragmentado e carente a figura da mãe acolhedora e cuidadora, e que espelhe Cristo; deve ter um cuidado para não ser um fim em si mesma. Uma Igreja menos "clerical" e mais "eclesial". Igreja, povo de Deus a caminho. Por meio de sua instituição e organização, sendo humana e divina, santa e pecadora, que realmente dialogue com os "leigos".
Entre os leigos mora uma porção do Reino de Deus que somente eles irão construir e viver. O Reino não acontece nas sacristias antigas ou modernas, mas na vida e nas relações concretas que estabelecemos.
Isso implica que aceitemos os leigos como parceiros e companheiros de marcha, não mais como objetos da evangelização, mas como sujeitos dela. Implica, sobretudo, que ajudemos os leigos a serem agentes do sagrado no mundo. Bem-vindo Santidade!
* Vice-reitor da PUCRS

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