sábado, 25 de maio de 2013

Bastaram poucos minutos de improviso para o Papa Francisco esclarecer de uma vez por todas quem, na Igreja italiana, é chamada a conduzir as relações com a política: não mais a Secretaria de Estado vaticana do cardeal Tarcisio Bertone – que, em 2007, assim que Angelo Bagnasco foi eleito presidente da Conferência Episcopal Italiana (CEI) depois Ruini, escreveu uma carta que permanece como um unicum, reivindicando para si o exercício dessas relações –, mas sim à própria CEI, em nome do seu presidente.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada no jornal La Repubblica, 24-05-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Com uma ruptura com o texto oficial, o papa, na noite dessa quinta-feira, iniciando a meditação proferida na basílica vaticana, juntamente com os bispos italianos reunidos em Roma para a assembleia geral (tecnicamente, tratou-se de uma profissão de fé), de surpresa, embaralhou as cartas sobre a mesa e reiterou a Bagnasco o que, antes da carta de Bertone, não lhe pertencia mais: "O diálogo com as instituições sociais, culturais e também políticas é tarefa de vocês, e não é fácil. É uma coisa de vocês, sigam em frente", disse Francisco significativamente, olhando nos olhos os bispos ali reunidos.
Bagnasco, antes da assembleia geral, encontrou-se com o papa. Foi talvez nesse encontro que ele quis lembrar a Bergoglio a ineficácia de uma linha política levada adiante pela Secretaria de Estado, muito submissa aos poderosos da vez (antes Berlusconi, depois Monti)?
É difícil responder. Certamente, o fato é que hoje as palavras do papa oferecem aos bispos e a Bagnasco a possibilidade de uma reviravolta que até hoje não podiam fazer.
Quanto ao resto, as palavras do papa foram um lembrete aos próprios bispos para que não se deixem levar pela "perspectiva da carreira", pela "tentação do dinheiro", que não "sejam preguiçosos" e não se tornam "funcionários, clérigos de Estado mais preocupados consigo mesmos, com a organização e com as estruturas do que com o verdadeiro bem do povo de Deus".
Um apelo que diz muito: Francisco vive o seu próprio ministério papal como serviço e encontro com as pessoas. Prova disso é a escolha de se chamar como São Francisco, em cuja festa (4 de outubro), conforme anunciou nessa quinta-feira, ele vai viajar para Assis.

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