Texto na íntegra da mensagem da CNBB sobre a Copa do
Mundo
BRASíLIA, 13 de Março de 2014 (Zenit.org) –
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), que reúne a presidência e os presidentes dos regionais e
das comissões da instituição, aprovou hoje, 13, mensagem sobre a Copa do
Mundo, que terá início em junho, no Brasil.
No texto, intitulado “Jogando pela vida“, os bispos
afirmam que “a Igreja no Brasil acompanha, com presença amorosa, materna e
solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a
oportunidade de um congraçamento universal”.
Ao mesmo tempo, manifestam solidariedade “com os que, por causa das obras
da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes
queridos”.
Os bispos convidam a sociedade brasileira a aderir ao projeto “Copa da
Paz” e à Campanha “Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico humano”, que têm
a finalidade de colaborar para que o evento seja “lembrado como tempo de
fortalecimento da cidadania”.
leia mais:
Leia o texto na
íntegra:
Jogando pela vida
Mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo
Direito humano de especial valor, o esporte é necessário a uma vida saudável
e não deve ser negligenciado por nenhum povo. De todos os esportes, o brasileiro
nutre reconhecida paixão pelo futebol. Explicam-se, assim, a expectativa e a
alegria com que a maioria dos brasileiros aguarda a Copa do Mundo que será
realizada em nosso país, pela segunda vez.
Fiel à sua missão evangelizadora, a Igreja no Brasil acompanha, com presença
amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários países e
protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal, “na alegria
que o esporte pode trazer ao espírito humano, bem como os valores mais profundos
que é capaz de nutrir”, como nos lembra o Papa
Francisco.
Os brasileiros, identificados por sua hospitalidade e alegria, saberão
acolher aqueles que, de todas as partes do mundo, virão ao nosso país por
ocasião da Copa. Nossos visitantes terão a oportunidade de conhecer a riqueza
cultural que marca nossa terra, sua gente, sua arte, sua religiosidade, seu
patrimônio histórico e sua extraordinária diversidade ambiental.
A Copa se torna, portanto, ocasião para refletir com a sociedade
sobre as relações pacíficas e culturais entre todos os povos, bem como
sobre os aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte que é
harmonia, desde que o dinheiro e o sucesso não prevaleçam como objeto
final, conforme alerta o Papa Francisco.
Lamentamos que, na preparação para a Copa, esse último aspecto tenha
prevalecido sobre os demais, motivando manifestações populares
que acertadamente
- reivindicam a soberania do país,
- o respeito aos direitos dos mais vulneráveis
- e efetivas políticas públicas que eliminem a miséria,
- estanquem a violência
- e garantam vida com dignidade para todos.
Solidarizamo-nos com os que, por causa das obras da Copa, foram
feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de entes
queridos.
Não é possível aceitar que, por causa da Copa, famílias e comunidades
inteiras tenham sido removidas para a construção de estádios e de outras obras
estruturantes, numa clara violação do direito à moradia.
Tampouco se pode admitir que a Copa aprofunde as desigualdades
urbanas e a degradação ambiental e justifique a instauração progressiva de uma
institucionalidade de exceção, mediante decretos, medidas provisórias, portarias
e resoluções.
O sucesso da Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na
economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores.
Seu êxito estará
- na garantia de segurança para todos sem o uso da violência,
- no respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua,
- na criação de mecanismos que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual, sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis e combatam eficazmente o racismo e a violência.
A sociedade brasileira é convidada a aderir ao projeto
“Copa da Paz” e à Campanha “Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico
humano”. Seu objetivo é contribuir para que a Copa do Mundo em nosso
país seja lembrada como tempo de fortalecimento da
cidadania.
Por meio destas iniciativas, a Igreja se faz presente na vida
política e social do país, cumprindo sua missão evangelizadora. Ao
mesmo tempo, conclamamos as Dioceses em cujo território estão localizadas as
cidades-sede da Copa a oferecerem especial atenção religiosa aos seus diocesanos
e aos visitantes.
O jogo vai começar e o Brasil se torna, nesse momento, um imenso campo, sem
arquibancadas ou camarotes. Somos convocados para formar um único time, no qual
todos seremos titulares para o jogo da vida que não admite
espectadores.
Avançando na mesma direção, marcaremos o gol da vitória sobre tudo
que se opõe ao bem maior que Deus nos deu: a vida. Essa é a “coroa
incorruptível” (1Cor 9,25) que buscamos e que queremos receber ao final da Copa.
Então, seremos todos vencedores!
Que a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, nos agracie com sua
bênção e proteção neste tempo de fraternidade e congraçamento entre os
povos.Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
(Fonte: CNBB)

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