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Igreja encerra o Anto Litúrgico com a Festa de Cristo Rei do Universo. Esta
festa foi criada pelo papa Pio Xl em 1925 na época em que o mundo passava pelo
pós-guerra de 1917, marcado pelo fascismo na Itália, pelo Nazismo na Alemanha,
pelo comunismo na Rússia. Uma época que viu o crescimento do marxismo-ateu,
governos ditatoriais que solapavam toda a Europa e muita perseguição religiosa.
A festa foi estabelecida na época para enfatizar que o único poder absoluto é de
Deus.
Nos dias de hoje, em que milhões padecem as
consequências de um novo tipo de totalitarismo disfarçado, o do poder econômico
inescrupuloso, torna-se atual a inspiração da festa que Deus é o único absoluto.
Em um mundo que presta culto ao lucro, esta festa nos desafia para que revejamos
as nossas atitudes e ações concretas, para descobrir o que é para nós, na
verdade, o valor absoluto das nossas vidas. O texto do evangelho desta festa é
tirado do evangelho de São João, e mais especificamente do diálogo entre Jesus e
Pilatos sobre a verdadeira identidade de Jesus. “Tu és rei?” pergunta Pilatos
diante do tribunal. Jesus respondeu: “Tu o dizes, eu sou rei. Para isso nasci e
vim ao mundo, para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade
escuta minha voz” (Jo 18, 37). Jesus é rei, mas não na maneira que Pilatos possa
entender. O Reino de Jesus é o oposto do Reino do Império Romano – não é
opressor, nem injusto, nem idolátrico, mas o Reino da verdade e da vida, da
santidade e da graça, da justiça e da fraternidade, da solidariedade e da
partilha – o Reino do Deus da Vida.
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Os reis deste mundo têm poder, exércitos, armas,
meios param se defender e de se firmar no poder etc. A realeza de Jesus, ao
contrário se baseia na justiça, na solidariedade, na compaixão, na misericórdia
e no amor. A Festa de Cristo Rei do Universo é momento privilegiado para que a
comunidade cristã descubra seu lugar e seu papel na sociedade. Todo o povo de
Deus tem como Cristo esta realeza. Ser cristão é construir o Reino de Cristo no
mundo. Por isso a Festa de Cristo rei do Universo, longe de ser algo
triunfalista, nos desafia para que façamos um exame de consciência individual e
comunitário, para verificar se o nosso Rei é realmente Jesus, ou se, mesmo de
uma maneira disfarçada continua sendo César.
O ano litúrgico termina com esta festa que
salienta a importância de Cristo como centro da história universal. Ele é a alfa
e o ômega, o princípio e o fim. Cristo reina nas pessoas com a mensagem de amor,
justiça e serviço. O Reino de Cristo é eterno e universal, isto é, para sempre e
para todos os homens. Na festa de Cristo Rei do Universo celebramos que Cristo
pode começar a reinar em nossos corações no momento em que nós permitimos. O
Reino de Cristo, pode, deste modo, fazer-se presente em nossa vida, em nosso
lar, em nossa profissão e assim na sociedade.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e
Assessor na CNBB Reg. NE1
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