São João Batista é lembrado como uma
pessoa que viveu com muita seriedade e com muito rigor, na austeridade e
na penitência, anunciador da verdade e da justiça, prometendo tempos
bons e o futuro tão esperado pela humanidade. Foi consagrado de tal
modo, que ainda no seio materno, ele exultou com a chegada do Salvador
da humanidade e seu nascimento trouxe grande alegria ao mundo, na
realização de sua promessa, com tempos novos, tempos messiânicos. É a
esterilidade de seu Pai, Zacarias, que se transformou em fecundidade e o
homem mudo, passou a ser um profeta corajoso e exuberante (cf. Lc 1,
57s).
João Batista nos ajuda a perceber a
insatisfação vivida pelo povo brasileiro diante do dinheiro público em
obras faraônicas, de pouca utilidade, que satisfaz sim, a vontade das
empreiteiras e dos políticos, mas léguas e léguas distantes das reais
necessidades da população. Por isso mesmo, a juventude não concorda com
os elevados gastos nos estádios da Copa, num país que geme as dores do
parto no transporte público, bem como o desvio dos recursos nas grandes
obras, nas estradas sem conservação, no mísero salário professores
públicos, sem falar na realidade precária da saúde e no avanço do
agronegócio.
Um homem foi enviado por Deus, e o seu
nome se chamava João. O Evangelho de São João, logo no início, depois do
prólogo, trata do batismo realizado por João no Rio Jordão, batizando o
autor do batismo nas águas santificadas, tendo como ponto alto o seu
encontro com Jesus, que ao ver passar, reconhece-o e assim se expressou:
“Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29).
Para vivermos bem e realizados, é
necessário que se faça o seguimento de Jesus de Nazaré, a partir da
exigência, que tem origem no seu projeto de amor para conosco, através
da experiência central e decisiva, na obediência ao projeto do Pai em
favor da humanidade, a exemplo de João Batista, que recebeu a
imprescindível missão de testemunhá-lo como luz e desse modo preparar um
povo bem disposto a acolhê-lo.
Foi ele que preparou o povo para o
início da missão pública de Jesus, dizendo com todas as letras que ele
mesmo caminharia à frente do Cristo Jesus, anunciando que os sinais dos
tempos chegaram e as promessas anunciadas por Zacarias estavam para se
realizar. O seu vibrante convite foi o de acordar o povo do sono, muitas
vezes profundo, para reconhecer o Salvador, como o sol que veio nos
visitar.
No mundo em vivemos, diante das
prioridades nos projetos megalômanos, muitas vezes em detrimento da
pessoa humana, sem esquecer o meio ambiente, com todo seu ecossistema,
guardemos como ensinamento e inspiração as palavras sábias e proféticas
do glorioso São João Batista: “É necessário que ele cresça e eu diminua”
(Jo 3, 29).
A afirmação de Jesus, “Eis-me aqui, ó
Pai, para fazer a tua vontade” (Hb 10, 9), nos indica o caminho da
verdade e da vida, através próprio Filho Deus, que ao se encarnar e
entrar no mundo realiza a vontade daquele que o enviou. Daí a
importância de olhar para a grandeza do precursor, do homem que se
alimentava de gafanhotos e mel da selva, figura humana e divina, que
recebeu o maior do todos os elogios do seu Mestre e Senhor, ao afirmar:
“Dos nascidos de mulher, ninguém é maior que João Batista” (MT, 11, 11).
Deus nos dê a graça da esperança, de
sempre sonhar com tempos novos, quando nos assegura que podemos ser
maior que João Batista, transformando-nos em artífices do reino de Deus,
na busca da justiça e da verdade, da solidariedade e da paz, no caminho
do bem.
Por Padre Geovane Saraiva, padre da
Arquidiocese de Fortaleza, escritor, membro da Academia Metropolitana de
Letras de Fortaleza, da Academia de Letras dos Municípios do Estado
Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência Sacerdotal – Pároco de
Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com.
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