“Tu desces das estrelas ó Rei do céu! Vens morar
numa gruta, ao frio, ao gelo!“ No advento, grande é a expectativa, na chegada do
Salvador da humanidade, trazendo esperança e ânimo para o povo abatido e
desanimado. Como é preciosa e imprescindível a mensagem daquele homem
extraordinário, que estava preso e ouvindo falar das obras e prodígios do Filho
de Deus, enviou-lhe alguns dos seus discípulos, com a seguinte pergunta: “És tu
aquele há de vir ou devemos esperar outro?” Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a
João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a vista, os paralíticos
andam, os leprosos são curados (…)!” (Mt 11, 3-6).
Jesus nos indica o caminho da verdade e da vida,
através dele mesmo, na manjedoura, ao se encarnar e entrar no mundo, realizando
a vontade do Pai. Daí a importância de olhar para a grandeza do homem que se
alimentava de gafanhotos e mel da selva, figura humana e divina, que recebeu o
maior do todos os elogios do seu Mestre e Senhor, ao afirmar: “Dos nascidos de
mulher, ninguém é maior que João Batista” (Mt 11, 11). É por isso mesmo que
somos convidados a falar bem alto, com palavras e com a própria vida, de
renúncia, doação e generosidade, tendo diante dos olhos e na mente, o maior de
todos os profetas, que mostrou ao mundo a salvação que chegou para todos.
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João, filho do sacerdote Zacarias e de Isabel,
conhecido como o Precursor de Cristo pela palavra e pela vida (cf. Mc 17, 29),
tendo nascido seis meses antes do Messias de Deus, não exerceu função
sacerdotal, a exemplo do seu pai Zacarias, mas foi mostrado ao mundo como
pregador; como um homem que desempenhou bem sua função, anunciando um batismo de
penitência para o perdão dos pecados. Seu grande trunfo encontrava-se na vinda
do Salvador da humanidade. Sua vocação profética desde o ventre materno
reveste-se de algo extraordinário, repleto de júbilo messiânico ao preparar o
nascimento do Salvador da humanidade.
Um homem foi enviado por Deus, e o seu nome se
chamava João. O Evangelho de São João, logo no início, depois do prólogo, trata
do batismo realizado por João no Rio Jordão, batizando o autor do batismo, tendo
como ponto alto o seu encontro com Jesus, que ao vê-lo passar, reconhece-o e
expressa deste modo: “Eis o Cordeiro de Deus, aquele que tira o pecado do mundo”
(Jo 1, 29).
Para vivermos bem e realizados, é necessário que
se faça o seguimento de Jesus de Nazaré, a partir da exigência, que tem origem
no seu projeto de seu amor para conosco, realizado através da experiência
central e decisiva, na obediência ao projeto do Pai em favor da humanidade, a
exemplo de João Batista, que recebeu a indispensável missão de testemunhá-lo
como luz e assim preparar um povo bem disposto a acolhê-lo.
É neste sentido que olhamos com amor e carinho
para a figura de João Batista, o maior de todos os profetas, que foi imolado sem
alarde e sem julgamento, vítima de maldades e intrigas na Corte Real. Sua morte
brutal e violenta nos faz pensar na nossa missão de batizados, anunciadores de
novos tempos, numa mística que deveria ser profundamente marcada de coragem e
esperança, personificada nos seres humanos, na aspiração e no compromisso com um
mundo verdadeiramente de irmãos, numa Igreja com rosto pascal. O batismo de
penitência que o acompanhou no anúncio, prefigura o batismo segundo Espírito, no
sentido de que as pessoas abracem a fé, transformando-se em criaturas novas.
Foi ele que preparou o povo para o início da
missão pública de Jesus, dizendo com todas as letras que ele mesmo caminharia à
frente do Cristo Jesus, anunciando que os sinais dos tempos chegaram e as
promessas anunciadas por Zacarias estavam para se realizar. O seu vibrante
convite foi de acordar o povo do sono, muitas vezes profundo, para reconhecer o
Salvador, como o Sol que veio nos visitar.
Quando festejamos o nascimento de João Batista
para a glória, significa para nós acolher e aceitar a luz revelada por ele, voz
que clama no deserto: O Cristo Senhor! É ao mesmo tempo, proclamar bem alto, com
palavras e com a própria vida, que a salvação chegou e que é uma realidade
concreta para todos. É Deus mesmo a confortar, encorajar e alegrar a humanidade
através desta pessoa querida. O nascimento deste menino alegrou o mundo,
trazendo tempos novos e messiânicos. É a esterilidade de seu pai, Zacarias, que
se transformou em fecundidade e o homem mudo se tornou um profeta corajoso e
exuberante (cf. Lc 1, 57s).
Ele é lembrado como uma pessoa que viveu com
muita seriedade e com muito rigor, na austeridade e na penitência, anunciador da
verdade e da justiça, prometendo tempos bons e o futuro tão esperado pela
humanidade. “Consagrado de tal modo, que ainda no seio materno, ele exultou com
a chegada do Salvador da humanidade e seu nascimento trouxe grande alegria”
(Missal Romano, p. 601).
É o futuro esperado diante de nós no Natal do
Senhor! Que Sua chegada encontre morada no interior das pessoas, além de
causar-lhes uma alegria transbordante, como tão bem diz a belíssima canção de
natal, composição de 1744, do nosso querido padroeiro, Santo Afonso Maria de
Ligório: “Tu Scendi Dalle Stelle” – Tu desces das estrelas ó Rei do céu! Veja no
link:
http://fgsaraiva.blogspot.com.br/2013/12/santo-afonso-maria-de-ligorio-e-o-autor.html
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor,
articulista, blogueiro, membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza,
da Academia de Letras dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente
da Previdência Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com
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