Este
ano de 2013 o tempo do Advento começa no domingo, o primeiro dia de dezembro. Na
Igreja Católica a palavra advento se refere ao período de quatro semanas
preparatórias para o Natal. O termo é cristão, mas de origem profana, pois
significa visita oficial de um personagem importante no tempo da sua posse. Nos
escritos cristãos dos primeiros séculos torna-se termo clássico para designar a
vinda de Cristo. Trata-se de preparar bem a Festa do Natal, fazendo-a superar a
mera comercialização ou as insuficientes emoções humanas, para chegar à
profundidade do mistério de um Deus que nasceu entre os homens, a fim de
orientar o mundo e a humanidade segundo um novo plano. O Menino Jesus que nasceu
em Belém, pobre e rejeitado, é realmente o Rei do Universo. Ele não impõe a sua
vontade e o seu reinado, mas convida a todos a acolher sua lei e construir assim
uma sociedade de paz e universal fraternidade.
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O Natal será festa de verdadeira alegria, de
profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida em que houver uma
autêntica e profunda preparação espiritual. O Advento deve ser um tempo de
conversão. Estudando a Sagrada Bíblia descobre-se que os grandes mestres do
tempo do Advento são o profeta Isaías e o precursor João Batista, cujas leituras
nos são propostas na liturgia das quatro semanas de preparação para o Natal. O
profeta Isaías estimula a expectativa e o desejo da vinda de Cristo, descrevendo
a beleza dos tempos messiânicos: “Então o deserto se converterá em jardim e o
jardim tomará o aspecto de um bosque. No deserto reinará o direito e a justiça
habitará no jardim. A justiça produzirá a paz e o direito assegurará a
tranqüilidade. Meu povo habitará em mansões serenas, em moradas seguras e
abrigos tranqüilos” (Isaías 32, 15-18). São João Batista, o austero pregador do
deserto, exorta à penitência e conversão bradando: “Preparai o caminho do
Senhor, endireitai as suas veredas” Lc 3, 4-5).
As quatro semanas do Advento que termina na Festa
do Natal são para nós cristãos, uma fonte de espiritualidade, uma bússola capaz
de dar rumo e sentido a nossas vidas. “O tempo do Advento possui dupla
característica: sendo um tempo de preparação para as solenidades do Natal, em
que se comemora a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, é também um
tempo em que, por meio desta lembrança, voltam-se os corações para a expectativa
da segunda vinda do Cristo no fim dos tempos” (cf. Diretório da Liturgia, 2013,
Ano C, p.189).
Cada celebração do nascimento do Cristo é uma
reafirmação da força invencível da Verdade e do Bem. Mostra o valor de uma luz
que se acende nas trevas. Neste tempo que antecede o Natal a “Coroa do Advento”
aparece ao lado do altar nas Igrejas Católicas. A Coroa do Advento, feita com
ramos verdes, enfeitada com fitas coloridas e cinco velas de cores diferentes
que progressivamente vão sendo acesas, retoma o costume judaico de celebrar a
vida da luz na humanidade dispersa pelos quatro pontos cardeais. Em cada domingo
do Advento se acende uma vela. No primeiro domingo se acende uma vela amarela
(Isaías anuncia a salvação ainda distante, cerca do ano 500 a.C; luz pálida). No
segundo domingo se acende uma vela vermelha (João Batista testemunha o Salvador
já próximo com martírio). No terceiro domingo se coloca na “Coroa do Advento”
uma vela roxa (Maria traz o salvador, roxo da penitência). No quarto domingo uma
vela verde é acesa (Jesus traz a salvação, verde da árvore da vida, broto da
raiz de Jessé). Na véspera do Natal uma vela branca é colocada na coroa, símbolo
de Cristo a luz do mundo.
Os preparativos e a expectativa para o Natal
marcam o mês de dezembro de cada ano. Há, entretanto, profunda diversidade de
motivos que alteram os hábitos e sentimentos de pessoas nesta época. Crença
genuína ou mera caricatura do nascimento de Cristo; narração fiel ou distorção
do fato histórico e de sua dimensão sobrenatural; simples promoção comercial; um
simples desejo de aparentar bondade; cumprimento de obrigações sociais: tudo
isso significa falsificação de uma mensagem profunda e transformadora. É o Natal
num mundo secularizado e descristianizado. Porém, há outra festividade natalina
que consiste na autêntica e verdadeira celebração do nascimento de Cristo. Esta
nos leva a uma expectativa de um novo nascimento de Cristo na alma de cada
cristão. Durante o período do Advento e especialmente no Natal, proclamamos
nossa fé no Filho de Deus que se fez homem para nos salvar. O Advento e o Natal
são riquezas de Deus oferecidas aos homens. Vamos recolher esse tesouro,
reparti-lo com nossos irmãos e irmãs e com todo o Povo de Deus. Que os leitores
do jornal O POVO tenham um feliz e santo Advento e Natal e muita paz, saúde e
prosperidade em 2013.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e
Assessor da CNBB, Reg. NE1
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