Santa Teresinha do Menino Jesus foi chamada para
o seio do Pai há 116 anos, aos 30 de setembro de 1897. Como poderia se tornar
padroeira das Missões uma monja de vida contemplativa, sem jamais deixar a
clausura, de uma vida tão curta? Quais as realizações de Teresinha para merecer
tão honroso título? Veja o que ela disse: “Quereria percorrer a terra, pregar o
teu nome, implantar no solo infiel a tua cruz gloriosa, mas, ó meu Bem Amado,
uma missão só não me bastaria: Quereria, ao mesmo tempo, anunciar o Evangelho
nas cinco partes do mundo e até nas ilhas mais longínquas”.1
Foi no dia 14 de dezembro de 1927, que o Papa Pio
XI proclamou Santa Teresinha do Menino Jesus padroeira principal de todos os
missionários, homens e mulheres e de todas as missões existentes sobre a terra,
juntamente com São Francisco Xavier, com todos os direitos e privilégios deste
título, aquela que sempre alimentou o maior de todos os sonhos: “Quereria ser
missionário, não apenas durante alguns anos, mas quereria tê-lo sido desde a
criação do mundo até à consumação dos séculos. Mas quereria, sobretudo, ó meu
Bem Amado Salvador, derramar o meu sangue por Ti, até à última gota”.2
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Tenho a profunda convicção de que Santa Teresinha
fundamentou a sua vocação contemplativa e missionária na Palavra de Deus, no
imperativo de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ide pelo mundo inteiro e pregai e
Evangelho a toda criatura” (Mc 16, 15), oferecendo-lhe a sua curta existência,
ao colocar no coração da Igreja sua silenciosa, alegre e generosa doação, como
uma perfeita oferenda.
Sua extraordinária atividade consistiu em
realizar a vontade de Deus, começando nas pequenas coisas, como afirma o
Evangelho: “Quem é fiel nas coisas pequenas também será nas grandes” (Lc 16,
10). Ela que não implantou obras, as quais merecessem aplausos das pessoas e do
mundo. Também não fundou mosteiros como fez Santa Teresa de Jesus (Teresa
D’Ávila) e também não abraçou o anúncio do Evangelho, através da profecia, do
ardor, do entusiasmo e do despojamento, na renúncia e doação generosa, a exemplo
do apóstolo do Oriente, São Francisco de Xavier. Santa Teresinha quis mostrar ao
mundo o quanto é importante e salutar a aceitação das nossas próprias limitações
e da nossa pequenez. Que não devemos nos envergonhar da nossa humanidade. Não há
nada de especial e extraordinário na vida dessa monja, a não ser a sua
simplicidade, humildade e confiança inabalável no amor misericordioso de Deus e
Pai.
Seu jeito de viver consistiu na grandiosa e
inigualável busca da vontade de Deus, de tal modo foi, que nos dias de hoje é
considerada a maior Santa dos tempos modernos. Santa Teresinha nos ensina que a
oração é o sustento da nossa ação missionária e que o sucesso no nosso trabalho
depende da nossa íntima e estreita união com Deus, nos quais a contemplação da
face de Deus é a arma imprescindível e poderosíssima, no sentido de sensibilizar
as pessoas na realização de seus sonhos e projetos.
Santa Teresinha morreu consumida pelo amor,
prometendo que faria descer sobre a terra uma contínua chuva de rosas. Ela a
realizou e continua a realizar essa promessa, vivendo na presença de Deus,
realidade inexprimível e indizível, nos incontáveis milagres, compreendido a
partir da Palavra da verdade e no Espírito santificador. Para a nossa reflexão,
eis o seguinte pensamento da padroeira das missões: “Ó Jesus, meu Amor!
Encontrei finalmente a minha vocação: a minha vocação é o Amor… Sim, encontrei o
meu lugar na Igreja, e esse lugar, ó meu Deus, fostes Vós que mo destes… No
coração da Igreja, minha Mãe, eu serei o Amor… Assim serei tudo! Assim o meu
sonho será realizado!”. 3
_______
1 História de uma Alma, B, 3r.
2 Idem.
3 Ibidem. B, 3v.
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor,
membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras
dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência
Sacerdotal – Pároco de Santo Afonso – geovanesaraiva@gmail.com
Autor dos livros:
“O peregrino da Paz” e “Nascido Para as Coisas
Maiores” (centenário de Dom Helder Câmara);
“A Ternura de um Pastor” – 2ª Edição (homenagem
ao Cardeal Lorscheider);
“A Esperança Tem Nome” (espiritualidade e
compromisso);
“Dom Helder: sonhos e utopias” (o pastor dos
empobrecidos);
“25 Anos sobre Águas Sagradas (coletânea de
artigos e fotos).
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