A Assembleia da 5ª Semana Social Brasileira
reuniu movimentos sociais, pastorais sociais e comunidades, nos dias 2 a 7 de
setembro de 2013, em Brasília-DF, Brasil, assumiu solicitar ao Papa Francisco
que ele convoque uma Assembleia Global para a Defesa da Vida na Terra. Os
cristãos e membros de outras religiões, como também pessoas de boa vontade,
através de um abaixo-assinado farão essa solicitação ao Papa. Trata-se de uma
convocação global para que urgentemente toda a humanidade possa debater e
realizar ações em defesa das pessoas e da Terra.
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A 5ª Semana Social é promovida pela Conferencia
Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB– através da Comissão Episcopal para o
Serviço da Caridade Justiça e Paz. O evento, que é um processo em curso desde
2011, analisou a realidade brasileira e global, escutou os clamores populares e
celebrou a caminhada dos movimentos sociais e das igrejas, na defesa e na
promoção da vida. A Semana Social Brasileira acontece há vinte anos e tem
contribuído no debate com a sociedade para proposições de iniciativas para a
superação das desigualdades sociais e regionais. É um esforço conjunto das
organizações sociais na defesa dos direitos humanos e da natureza como expressão
da solidariedade e da profecia cristã.
Informações e adesões: Irmã Claudina Scapini –
CNBB – SES q 801 CB Cep 70200014 – Brasília- DF – Brasil. E-mail:
mobilidadehumana@cnbb.org.br.
Íntegra do abaixo-assinado:
Carta Pública ao Papa
Francisco
Caríssimo Irmão Papa Francisco,
Nós, abaixo-assinados, cristãos e membros de
outras religiões, apoiamos a proposta da 5ª Semana Social Brasileira, promovida
pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), enviando-lhe essa carta
pública com um pedido muito especial: que o senhor convoque uma Assembleia
Global para a defesa da vida na Terra.
Hoje a vida está ferida de morte pela fome (900
milhões de pessoas no mundo), pela sede (1,2 bilhões não tem água potável e 2,4
bilhões não têm saneamento básico), pelas guerras, pela destruição do meio
ambiente (solos, água, biodiversidade, ar) e, sobretudo, paira sobre a
humanidade e todas as formas de vida a ameaça assombrosa das mudanças
climáticas, motivadas também pela ação inescrupulosa dos grandes grupos
econômicos.
O Documento de Aparecida afirma que vivemos não
apenas uma época de mudanças, mas uma mudança de época (cf DAp 44). Um sistema
consumista e predador como o atual compromete o presente e o futuro para o
conjunto da humanidade e toda a comunidade de vida que compõe o planeta.
Quando Deus criou a Terra, a confiou aos homens e
mulheres para que “a cultivassem e a guardassem” (cf Gen. 2,15). Após o dilúvio,
quando Noé saiu da Arca com seus familiares e todos os animais que nela estavam,
Deus fez com eles uma aliança primordial, dizendo-lhes que “de minha parte, vou
estabelecer minha aliança convosco e com vossa descendência, com todos os seres
vivos que estão convosco, aves, animais domésticos e selvagens, enfim, com todos
os animais da Terra que convosco saíram da arca” (cf Gen. 9, 9-10). O apóstolo
Paulo afirma que “também a própria criação espera ser libertada da escravidão da
corrupção, em vista da liberdade que é a glória dos filhos de Deus” (cf Rom. 8,
21). Deus ama tudo que criou e ordenou-nos que cuidássemos da integridade da
criação.
Os povos tradicionais e originários e,
ultimamente, os cientistas têm denunciado que todas as formas de vida correm
risco na face da Terra. Porém, não existe uma resposta à altura a este desafio
no momento da história da parte do mundo político e econômico. Como o senhor tem
afirmado, não podemos aceitar passivamente essa globalização da indiferença.
Fazemos-lhe este pedido como uma forma de
contribuir com a efetivação de seus gestos, os quais nos interpelam a uma
postura de cuidado e proteção da vida ameaçada. Gestos estes expressos em sua
ida a Lampedusa, na Jornada Mundial da Juventude no Brasil, na visita aos
imigrantes na Itália, no jejum contra as guerras. Reconhecemos que o senhor tem
autoridade moral e espiritual para tal convocação.
Esta iniciativa, partindo do senhor, para ouvir
os especialistas de todo o mundo, assim como os povos originários impactados
pela destruição de seu ambiente, os afetados e refugiados pelas mudanças
climáticas, as vítimas da fome e da sede, seguramente será acolhida em todo o
Planeta, abrindo caminhos novos para a superação desta situação que aflige a
humanidade.
Com profundo respeito e um abraço fraterno, no
espírito de São Francisco de Assis, em comunhão com todas as formas de vida e
toda a humanidade, apoiamos as iniciativas nas quais o senhor tem se empenhado
na defesa e promoção da vida, confirmando nosso pedido nesse
abaixo-assinado.
Brasília-DF, 16 de setembro de 2013
Dom Guilherme Antônio Werlang, Ipameri, Brasil –
Bispo Presidente da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade Justiça e Paz,
CNBB.
Padre Inácio Neutzing, Porto Alegre, Brasil –
Coordenador do Instituto Humanitas Unisinos – IHU.
Padre Nelito Dornelas, Brasília, Brasil –
Assessor da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade Justiça e Paz,
CNBB.
Padre Ari Antonio dos Reis – Brasília, Brasil –
Assessor da Comissão Episcopal para o Serviço da Caridade Justiça e Paz,
CNBB.
João Pedro Stédile, São Paulo, Brasil –
Coordenação Nacional do MST.
Roberto Malvezzi, Juazeiro da Bahia, Brasil –
Membro da Comissão Pastoral da Terra.
Cesar Sanson, Recife, Brasil – Professor da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Ivo Poletto, Goiania, Brasil – Fórum Mudanças
Climáticas e Justiça Social
Francisco Vladimir, Fortaleza, Brasil –
Jornalista
Irene Léon, socióloga, Quito (Equador) – ALAI
Beverly Keene, socióloga, Buenos Aires
(Argentina) – Jubileu Sul
Padre Marco Passerini, Fortaleza, Brasil,
Pastoral Carcerária
Francisco Nobre da Silva, Fortaleza, Brasil,
Pastoral do Menor da Arquidiocese de Fortaleza
Benimar Oliveira, Fortaleza, Brasil, Pastoral do
Menor da Arquidiocese de Fortaleza
Sandra Quintela, Rio de Janeiro, Brasil,
socioeconomista – Instituto de Políticas Alternativas para o Cone Sul/PACS
Organizações
Rede Jubileu Sul Brasil
Rede Jubileu Sul Américas
Pastoral Carcerária/Regional Nordeste I
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