A
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunidos em Aparecida (SP), na sua
51ª. Assembleia Geral, de 10 a 19 de abril, próximo passado, expressaram sua
solidariedade aos irmãos e irmãs castigados pela maior seca que atinge a região
do semiárido nos últimos 40 anos. Neste brevíssimo artigo tentarei fazer um
resumo do documento dos Bispos publicado sob o título “Sede de Solidariedade”.
Segundo a Secretaria da Defesa Civil, do Ministério da Integração Nacional
(SEDEC/MI), a seca no semiárido atinge mais de 10 milhões de pessoas, em 1.326
municípios. Os Bispos, mais uma vez, apresentaram as consequências da seca: a)
migração forçada com desintegração da família que fica na penúria; b) tráfego
humano terminando em trabalho escravo; c) instrumentalização de pessoas
vulneráveis para fins eleitoreiros; d) agravamento da situação econômica levando
milhares de famílias à miséria; e) dizimação da produção agrícola e agropastoril
com a morte de rebanhos inteiros; e) colapso no abastecimento de água nas áreas
urbanas; e g) risco de se perderem conquistas econômicas acumulados nos últimos
anos.
O documento dos Bispos (34/51ª. AG, Sub) nos
lembra de que na área do semiárido vivem 46% da população nordestina e 13% da
população brasileira, representando 11% do território nacional. Os 25 milhões de
pessoas que habitam nesta área, há décadas estão aguardando medidas estruturais
que irão facilitar a sua convivência com esse ecossistema. Os Bispos reconhecem
os importantes esforços dos Governos Federal, Estadual e Municipal, mas insistem
que mais ações são necessárias urgentemente para resolver os problemas. Os
Bispos estão reivindicando junto com muitos outros organismos e movimentos os
seguintes quatro itens, que devido a sua importância vou apresentar “ipsis
litteris”: “a) A definição e a aceleração de políticas públicas e institucionais
permanentes que garantam segurança hídrica e alimentar, incentivando o uso de
tecnologias adaptadas à realidade climática da região para captação,
armazenamento e distribuição das águas das chuvas; b) Democratização do acesso à
água com a construção de sistemas simplificados de abastecimento de água; c)
Ações estruturantes como a revitalização e preservação dos rios, lagoas,
ribeiras, riachos e da floresta nativa; construção de cisternas de placas e de
cisternas “calçadão”; perfuração e equipamentos de novos poços tubulares;
construções de diversos tipos de armazenamento de água, bem como de adutores e
canais, para o consumo humano, animal e a produção de alimentos: d) Ampliação e
universalização da aplicação de recursos financeiros e técnicos a partir do
protagonismo das populações locais e de suas organizações, no campo e na
cidade”.
Pe. Dr. Brendan Coleman Mc Donald, Redentorista e
Assessor da CNBB Reg. NE1
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