O dia 25 de dembro não é, necessariamente, a data histórica do nascimento de
Jesus em Belém, na Judeia, no ano 748 da fundação de Roma. O ‘Dies Natalis’ ou ‘Natalis Domini’ foi marcado no dia 25
de dezembro pela Igreja, com o Papa Libério, desde o século IV, a fim de
suplantar a festa pagã do deus Sol, celebrada no solstício de inverno. O
nascimento de Jesus terá mesmo ocorrido no ano 6 ou 7 a.C.
Para afastar os fiéis da prática dessas festas pagãs, a Igreja quis ressaltar
que a verdadeira luz que ilumina todo homem é Cristo e a celebração de seu
nascimento é a solenidade própria para afirmar a autêntica fé no mistério da
Encarnação do “Verbo”, contra as grandes heresias cristológicas dos séculos IV e
V, solenemente afirmada nos quatro concílios ecuménicos de Niceia, Éfeso,
Calcedónia e Constantinopla.
Liturgicamente, a solenidade é caracterizada por três missas: a da Meia-Noite
ou do Galo (‘ad noctem’ ou ‘ad galli cantum’), que remontará ao Papa Sisto III,
por ocasião da reconstrução da basílica liberiana no Esquilino (Santa Maria
Maior), depois do concílio de Éfeso, em 431; a da Aurora (‘in aurora’),
originariamente em honra de Santa Anastácia, que tinha um culto celebrado com
solenidade em Roma no século VI e, na liturgia atual, conserva ainda uma oração
de comemoração; a do Dia (‘in die’), a que primeiro foi instituída, no séc.
IV.
O tempo litúrgico do Natal compreende ainda as festas da Sagrada Família
(Domingo após o Natal, ou, se este não ocorrer, a 30 de dezembro); a de Santa
Maria, Mãe de Deus, a 1 de janeiro; a Solenidade da Epifania do Senhor, a 6 de
janeiro ou no Domingo que ocorre entre os dias 2 e 8 de janeiro.
O tempo de Natal termina com a festa do batismo do Senhor, no Domingo após a
Epifania, ou, se esta coincide com o dia 7 ou 8 de janeiro, na segunda-feira
seguinte.
Têm também lugar a celebração das festas de S. Estêvão, S. João evangelista e
dos Santos Inocentes respetivamente a 26, 27 e 28 de dezembro, dentro da oitava
do Natal, que vai do dia 26 até 1 de janeiro, Solenidade de Santa Maria, Mãe de
Deus, Dia Mundial da Paz.
Em dezembro de 2009, Bento XVI dedicou uma catequese à origem histórica do
Natal, frisando que “o primeiro que afirmou com clareza que Jesus nasceu a 25 de
dezembro foi Hipólito de Roma, no seu comentário ao Livro do profeta Daniel,
escrito por volta de 204”. Depois, alguns exegetas observam que naquele dia se
celebrava a festa da Dedicação do Templo de Jerusalém, instituída por Judas
Macabeu em 164 a.C. A coincidência de datas “significaria então que com Jesus,
que apareceu como luz de Deus na noite, se realiza deveras a consagração do
templo, o Advento de Deus nesta terra”.
Na cristandade, explicava o Papa, a festa do Natal assumiu uma forma
definitiva no século IV, quando substituiu a festa romana do “Sol invictus”, o
sol invencível, como foi referido, mas “a particular e intensa atmosfera
espiritual que rodeia o Natal desenvolveu-se na Idade Média, graças a São
Francisco de Assis, que estava profundamente apaixonado pelo homem Jesus, pelo
Deus-connosco”.
O seu primeiro biógrafo, Tomás de Celano, na Vida
segunda narra que São Francisco “acima de todas as outras solenidades celebrava
com inefável solicitude o Natal do Menino Jesus, e chamava festa das festas ao
dia no qual Deus, feito pequeno infante, se tinha amamentado num seio humano”
(Fontes Franciscanas, n. 199, p. 492).
Tomás de Celano fala da noite do presépio de Greccio de modo vivo e
comovedor, oferecendo uma contribuição decisiva para a difusão da tradição
natalícia mais bonita, a do presépio. “De facto, a noite de Greccio voltou a dar
à cristandade a intensidade e a beleza da festa do Natal, e educou o Povo de
Deus para compreender a sua mensagem mais autêntica.”
FONTE: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=93752
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