Durante o ângelus do domingo, 9 de dezembro, papa Bento XVI centrou-se
nas virtudes de São João Batista. O Santo Padre apareceu ao meio dia na janela
do seu escritório no Palácio Apostólico e cumprimentou os peregrinos e os fieis
reunidos na Praça de São Pedro.
O texto foi publicado pela agência ZENIT:
Queridos irmãos e irmãs!
No tempo do Advento a liturgia enfatiza, de modo
particular, duas figuras que preparam a vinda do Messias: a Virgem Maria e João
Batista. Hoje São Lucas nos apresenta este último, e o faz com características
diferentes dos outros Evangelistas. “Todos os quatro Evangelhos colocam no
início do ministério de Jesus a figura de João Batista e apresentam-no como o
seu precursor. São Lucas colocou antes a conexão entre as duas figuras e as suas
respectivas missões [...] Já na concepção e no nascimento, Jesus e João
colocaram-se em relação entre si” (A infância de Jesus, 23).
Essa configuração ajuda a entender que João,
enquanto filho de Zacarias e Isabel, ambos de famílias sacerdotais, não é apenas
o último dos profetas, mas representa também todo o sacerdócio da Antiga Aliança
e por isso prepara os homens ao culto espiritual da Nova Aliança, inaugurado por
Jesus (cf. ibid. 27-28). Lucas também afasta qualquer leitura mítica que às
vezes é feita dos Evangelhos e coloca historicamente a vida do Batista: “No
décimo quinto ano do império de Tibério César, quando Pôncio Pilatos era
governador [...] enquanto eram sumos sacerdotes Anás e Caifás” (Lc 3, 1-2).
Dentro deste quadro histórico reside o verdadeiro grande evento, o nascimento de
Cristo, que seus contemporâneos não vão perceber. Para Deus os grandes homens da
história formam o pano de fundo para os pequenos!
João Batista se define como a “voz que clama no
deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas” (Lc 3, 4). A
voz proclama a palavra, mas, neste caso, a Palavra de Deus precede, enquanto que
é ela mesma que desce sobre João, Filho de Zacarias, no deserto (cf. Lc 3, 2).
Ele, então, desempenha um grande papel, mas sempre em relação a Cristo. Santo
Agostinho comenta: “João é a voz. Do Senhor ao contrário se diz: “No princípio
era o Verbo” (João 1, 1).
João é a voz que passa, Cristo é o Verbo eterno,
que existia no princípio. Se tiras a voz da palavra, o que é que resta? Um som
fraco. A voz sem palavra atinge o ouvido, mas não edifica o coração” (Sermão
293, 3).
Nosso objetivo é dar hoje ouvido à essa voz para
conceder espaço e acolhida no coração à Jesus, Palavra que nos salva. Neste
Tempo de Advento, preparemo-nos para ver, com os olhos da fé, na humilde Gruta
de Belém, a salvação de Deus (cf. Lc 3, 6). Na sociedade dos consumos, em que se
busca a alegria nas coisas, o Batista nos ensina a viver de uma forma essencial,
para que o Natal seja vivido não só como uma festa exterior, mas como a festa do
Filho de Deus que veio para trazer aos homens a paz, a vida e a alegria
verdadeira.
À materna intercessão de Maria, Virgem do
Advento, confiamos o nosso caminho de encontro com o Senhor que vem, para
estarmos prontos para acolher, no coração e em toda a vida, o Emanuel, o
Deus-conosco.
POR: CNBB/ZENIT
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