O dia 11 de outubro, data comemorativa da abertura do
Concílio, foi também escolhido como data de abertura do Ano da Fé. Assim, o Ano
da Fé se apresenta como vinculado ao Concílio Vaticano II.
Existe uma insistência proposital em torno desta
data de onze de outubro. Tudo para enfatizar a importância eclesial do
Concílio.
A Carta Apostólica de convocação do Ano da Fé é
datada no dia 11 de outubro de 2011. A publicação do Catecismo da Igreja
Católica, também ocorreu num dia 11 de outubro, em 1992. E agora, o Ano da Fé
tem o seu início oficial neste dia 11 de outubro de 2012, jubileu do
Concílio.
Tanta insistência não deixa de ter um significado
especial. É o próprio Papa Bento XVI que a vincula com os objetivos do Ano da
Fé, dizendo em sua Carla Apostólica “Porta Fídei”:
“Pareceu-me que fazer coincidir o início do Ano
da Fé com o cinquentenário da abertura do Concílio Vaticano II poderia ser uma
ocasião propícia para compreender que os textos deixados em herança pelos Padres
Conciliares, não perdem o seu valor nem a sua beleza”.
Portanto, o Ano da Fé foi colocado em conexão
direta com o Concílio. Foi a maneira de vincular a fé da Igreja com a proposta
de renovação eclesial apresentada pelo Concílio.
É também um convite a valorizar mais os
documentos do Concílio, que permanecem como bússola segura a iluminar os passos
da Igreja no início deste novo milênio, como afirmou João Paulo II na Exortação
Apostólica Tertio Millenio Ineunte.
Se recordamos que o Concílio levou quatro anos
para se concluir, e que, portanto faltam ainda quatro anos para celebrarmos o
seu encerramento, nos damos conta que este Ano da Fé se insere no contexto mais
amplo, de uma sequência que poderá continuar. Nada obsta que tenhamos um “Ano da
Esperança”, e se acontecer este, todo mundo vai ficar aguardando o “Ano da
Caridade”.
Em todo o caso, o fato consistente é a
insistência de evocar o Concílio como referência para a Igreja discernir os
passos que precisa dar em nosso tempo, marcado por tantas transformações, que
afetaram inclusive a própria vida da Igreja. Retomar sua identidade, e assumir
sua missão, permanece como o desafio maior da Igreja em nosso tempo.
Esta vinculação profunda entre Concílio e Fé foi
simbolizada na imponente cerimônia da abertura oficial do Concílio, em 11 de
outubro de 1962. Um dos primeiros atos da celebração foi a solene profissão de
fé, feita pelo Papa João XXIII, ajoelhado diante de todos os bispos, expressando
a fé da Igreja, de forma solene, de acordo com o “Credo niceno
constantinopolitano”, como para dizer que o Concílio não iria contradizer o
“tesouro da fé”, recebido dos apóstolos.
A primeira tranquilidade que brota de dentro de
nós, quando empreendemos qualquer iniciativa, é a certeza de contar com a bênção
de Deus. Foi o que procurou fazer João XXIII, ao professar solenemente sua fé
católica no momento de abrir o Concílio Ecumênico.
Tendo assumido o complexo tema referente à Igreja
de Cristo, a partir do Concílio é possível recuperar todos os grandes artigos de
nossa fé. A começar pela constatação de que a Igreja é chamada a ser o reflexo
da comunhão trinitária, da qual passamos a fazer parte pelo dom da fé, que nos
envolve em comunhão fraterna.
Com este Ano da Fé fica fortalecido o significado
do Concílio, incentivando-nos a acolher os seus autênticos ensinamentos, e
sobretudo, deixando-nos imbuir do seu espírito de renovação eclesial.
Por Dom Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP).
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