29 de Janeiro, 2014
O Papa Francisco é a capa da revista Rolling
Stone que será publicada na sexta-feira e titula “The Times They Are A-Changin”
(“Os tempos estão a mudar”), numa referência a uma canção de Bob
Dylan.
A reportagem do jornalista Mark Binelli
atesta que o papa, de 77 anos, está “a fazer um notável corte com a tradição,
enfrentando as questões políticas com frontalidade e é mais inclusivo em matéria
de Direitos Humanos; uma atitude que os católicos apreciam”.
Segundo a conhecida revista de música e espectáculos, “em menos de um ano
desde que começou o seu pontificado, Francisco tem-se preocupado em demarcar-se
dos anteriores pontífices, tendo escolhido residir na casa de hóspedes do
Vaticano, de Santa Marta, e não no palácio papal, libertando-se do isolamento
eclesiástico do Vaticano”.
A revista salienta as opções do papa por uma vida mais humilde, tendo
“escolhido um automóvel de tipo familiar, em vez de uma limusina, paga as suas
próprias contas de hotel e mantém a sua agenda”.
Segundo o jornalista, o papa contou a uma congregação que o visitou que, se
houvesse uma tempestade que afectasse as pessoas na Praça de S. Pedro, estaria
junto delas, e “assim parece que é”, conclui.
leia mais:
Uma fonte do Vaticano, comentando à revista sobre a opção do papa
pela privacidade e independência, que os antecessores não tiveram,
afirmou: “João Paulo II e Bento XVI tinham um círculo interno, de modo que esta
atitude é muito desconcertante para as pessoas do lado de dentro”.
“Será que Francisco tem uma sala de guerra? Não, provavelmente não. Mas quem
ele está escolhendo para dela fazer parte, realmente ninguém sabe”, disse a
mesma fonte.
Segundo a revista, além de oferecer uma alternativa mais amigável a Bento
XVI, o seu antecessor, que foi o primeiro papa a renunciar ao cargo em 700 anos
e que tinha uma visão muito mais draconiana sobre a homossexualidade,
Francisco deu início a investigações sobre a possibilidade de corrupção
dentro da Igreja e tem explorado maneiras de lidar com o problema da pedofilia,
procurando tomar medidas e aconselhar as vítimas.
“Francisco já está a mudar a Igreja de forma real através de suas palavras e
gestos simbólicos”, disse à edição norte-americana da revista o padre Thomas J.
Reece, analista sénior do esquerdista National Catholic Reporter.
“Ele pode sentar-se no seu gabinete, ir através do Direito Canónico e começar
a mudar as regras e os regulamentos. Mas isso não é o que as pessoas querem que
ele faça”, afirmou o sacerdote à Stone.
Desde a eleição papal, em Março do ano passado, a participação em eventos
papais no Vaticano triplicou para 6,6 milhões de pessoas, afirma Binelli.
A Rolling Stone apresenta o pontífice como um homem vinculado à tradição
religiosa, por um lado, e por outro, esforçado em trazer a Igreja para
uma nova era.
“Os tempos estão mudando”, como sugere o título da capa.
Mark Binelli afirma que Francisco, o 266.º vigário de Cristo na Terra, “é de
uma humildade evidente, empatia e, acima de tudo, tem uma devoção aos
economicamente desprivilegiados e parece mais robusto do que quando se vê na
televisão”.
“Dispensou os acessórios pontificais mais extravagantes, é surpreendentemente
elegante, vestindo um sobretudo branco traçado, lenço branco e uma batina num
branco pérola, tudo impecavelmente costurado”, escreve o jornalista.
Anteriormente, Francisco tinha sido escolhido como a personalidade do ano de
2013 pela revista norte-americana Time e foi também homenageado
pela revista gay The Advocate, pela “mudança de retórica” em
relação à homossexualidade. Quatro meses após a sua eleição, a edição italiana
da revista Vanity Fair elegeu-o “o homem do ano”.
Lusa/SOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário